O esporte é ferramenta que auxilia as pessoas a encontrar a melhor versão de si mesmas. Ao ser questionado sobre o maior momento que viveu no esporte, aquele instante que mudou tudo, Guga não hesita e começa a filosofar sobre um segundo que aconteceu em Roland Garros e continua vivo em sua mente.
Ao iniciar o 4º set das quartas de final, em 1997, o desconhecido Guga já estava mentalmente nas cordas diante do gigante russo Kafelnikov. O rival era mais experiente (foi campeão em Paris um ano antes) e tinha plena capacidade para controlar psicologicamente o embate.
Guga continuava tentando acertar as bolas. Mas para ganhar de um atleta que ele considerava muito acima do seu nível, era preciso mais do que bater bem na bola. Era preciso mudar, ou encontrar um tenista que estava lá dentro de Guga, mas nem ele próprio, com apenas 20 anos, sabia que existia.
Foi aí que o brasileiro viu um "suspiro" de Kafelnikov, um sinal de cansaço, de "humanidade". E era Guga quem tinha provocado aquele suspiro. O que aconteceu depois? "Tudo e nada". No entanto, naquele sinal de fraqueza do rival surgiu o maior tenista da história do Brasil. Não por mágica, porque ele já estava ali, tinha se preparado por anos para encontrar a si mesmo naquele segundo, naquela quadra.
Para quem duvida que o esporte tem um pouco de arte, um pouco de loucura, um pouco de filosofia, o próprio Gustavo Kuerten conta os detalhes no vídeo abaixo. Ele diz que naquele dia viu o "efeito Matrix".