Sem riscos

Estilo "blasé" e trapalhada de Hamilton fazem Rosberg vencer de ponta a ponta em Baku, no Azerbaijão

AFP PHOTO / ANDREJ ISAKOVIC
AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

Estilo faz a diferença em pista nova

Nico Rosberg não é dos pilotos mais agressivos do grid. Longe disso. Líder do campeonato desde a primeira prova, o alemão não consegue empolgar nem em suas declarações. Dentro da pista, tem uma tocada limpa e não parece correr muitos riscos. Mas foi justamente esta abordagem mais "blasé" que o levou a uma vitória que não poderia vir em um momento melhor.

A conquista também veio graças a postura mais intempestiva de Lewis Hamilton, companheiro de equipe e principal rival de Rosberg. Sem entender a evolução do acerto do carro e das condições da pista, Hamilton cometeu uma série de erros e acabou o treino classificatório no muro, enquanto Rosberg foi perfeito e fez a pole. Com um ritmo muito superior e sem o único que poderia incomodá-lo, venceu de ponta a ponta em Baku.

Assim, Rosberg desconta o prejuízo pelo desempenho pífio que teve no Canadá e freia a "ofensiva" de Hamilton. Agora, é o inglês que admite que não está tão confiante quanto deveria devido aos altos e baixos.

Falta de colisões surpreende

Acho que muita gente perdeu dinheiro hoje porque apostou em um Safety Car. Mas isso mostra a qualidade dos pilotos

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel

É incrível que não tenhamos tido nenhum Safety Car porque é muito fácil cometer um erro neste circuito (em Baku)

Sergio Perez

Sergio Perez

Eles foram bem

  • Perez vai do inferno ao céu

    Um erro na última volta antes da classificação parecia ter acabado com as chances de Sergio Perez na corrida, depois do mexicano bater e ter de trocar o câmbio, perdendo cinco posições no grid. O prejuízo foi minimizado com a ótima segunda colocação na classificação. Largando em 7º e com uma velocidade de reta muito alta, o piloto da Force India foi abrindo caminho no meio do pelotão para chegar ao pódio.

    Imagem: AFP PHOTO / ANDREJ ISAKOVIC
  • Nasr dá volta por cima

    As últimas corridas não fizeram nenhum bem para a imagem de Felipe Nasr, que busca uma vaga para seguir na Fórmula 1 na temporada 2017. Porém, na etapa do Azerbaijão, o brasileiro tirou o máximo que o carro da Sauber tinha para dar, classificando-se à frente do companheiro com quase 0s7 de vantagem e tendo um ritmo muito superior na corrida, comparável ao dos carros da McLaren.

    Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov
  • Quem é a nanica?

    O motor Mercedes empurrou e a Manor foi bastante competitiva neste final de semana em Baku. Especialmente o badalado Pascal Werhlein. O piloto alemão chegou perto do Q2: disse que não teve DRS à disposição em sua volta rápida, e ainda assim foi o 17º no grid. Na corrida, o piloto, apadrinhado por Toto Wolff, vinha brigando com as Renault e Haas, até que problemas de freio acabaram com a sua corrida.

    Imagem: Sergio Perez/Reuters

Ficaram devendo

  • Hamilton se perde nas ruas de Baku

    O inglês chegou embalado com as vitórias seguidas em Mônaco e em Montreal, mas não conseguiu repetir as performances irretocáveis em Baku. Surpreendido pela mudança do comportamento do carro da sexta para o sábado, cometeu vários erros na classificação. Na corrida, teve sua recuperação ceifada por um problema de motor que não conseguia entender. E já admite: está perdendo confiança.

    Imagem: AP Photo/Ivan Sekretarev
  • Ficou faltando emoção

    Era possível prever a vitória de Nico Rosberg ou uma boa performance da Force India antes da largada do GP da Europa. Mas ninguém esperava uma corrida tão morna, especialmente depois das duas provas acidentadas da GP2. Porém, um misto de melhora da pista e um comportamento mais conservador dos pilotos acabou limitando a emoção. Até parecia que estávamos em outro GP da Europa, em Valência.

    Imagem: Dan Istitene/Getty Images
  • Oportunidade perdida para a Williams

    A pista de Baku seria a primeira de uma série positiva de pistas para a Williams, mas o time inglês viu a Force India ocupar o lugar que acreditava que seria seu no pódio. Primeiro pela classificação ruim de Valtteri Bottas, que andara entre os primeiros nos treinos livres, mas não esteve na pista nos momentos certos no sábado. E depois pela falta de ritmo de Felipe Massa, que não se encontrou com os pneus neste final de semana. O resultado foram menos de 10 pontos para o time.

    Imagem: Dan Istitene/Getty Images
Mark Thompson/Getty Images Mark Thompson/Getty Images

Acima da expectativa

Nasr e Massa começaram mal o final de semana - o piloto da Sauber por ter de usar um motor velho e o da Williams não se encontrando com os pneus. Os dois, porém, acabaram tendo uma boa classificação, superando suas expectativas. “Saí no lucro porque estava na lista sempre na hora certa”, avaliou Massa.

O piloto da Williams, contudo, sabia que iria sofrer na corrida porque havia adotado um acerto de maior carga aerodinâmica para ajudá-lo no trato dos pneus e sofreria nas retas. Não por acaso, o décimo lugar foi o resultado de uma “corrida para esquecer.

Já Nasr ganhou duas posições na largada e manteve um ritmo muito forte durante toda a prova, conquistando o 12º lugar, melhor resultado desde o GP dos EUA do ano passado. “Tirei tudo o que podia do carro”, comemorou o piloto, que precisava de um resultado positivo.

Bastidores do GP da Europa

  • Corrida atrai locais, mas de graça

    Quem viu as (poucas) arquibancadas do circuito de Baku longe de estarem lotadas pode ter a impressão de que os locais pouco se interessaram pela passagem da categoria na cidade. Mas não foi bem assim. As pessoas se amontoavam em qualquer canto em que podiam ver mesmo um pequeno trecho da pista. Porém, os ingressos, a partir de 90 dólares, são altos demais para a população de um país cujo salário mínimo é de 85 dólares. A maioria dos lugares das arquibancadas foi comprada por estrangeiros e empresas locais.

    Imagem: Mark Thompson/Getty Images
  • Turistas chegam, mas não podem comprar

    O circuito de Baku foi montado perto das ruas em que estão instaladas as lojas mais caras da cidade, com várias marcas internacionais. Porém, a maioria das lojas teve de permanecer fechada justamente para a realização da prova. Um dos maiores shoppings da capital do Azerbaijão, às margens do Mar Cáspio, ficou com acesso restrito apenas a quem possuía credencial a partir da sexta-feira.

    Imagem: Getty Images
  • Cultura de carros, mas não de corridas

    O petróleo é o principal produto de exportação do Azerbaijão e existe uma extensa cultura automobilística no país. Tanto, que o departamento de marketing da Ferrari compareceu em peso ao país para aproveitar a oportunidade. Mas o mesmo não se pode dizer da cultura do esporte em si: a maioria dos comissários de pista locais, que estavam trabalhando ao lado de membros mais experientes do exterior, jamais havia visto um carro de corrida na vida.

    Imagem: Mark Thompson/Getty Images
Getty Images Getty Images

Celebridades

A presença da modelo húngara Barbara Palvin só aumentou os rumores de que Lewis Hamilton está de namorada nova. O inglês está oficialmente solteiro desde o término do longo namoro com a cantora norte-americana Nicole Scherzinger, em 2015. Barbara marcou presença no sábado e no domingo no hospitality da Mercedes.

Quem também apareceu no domingo no paddock foi o cantor Enrique Iglesias, que fez uma apresentação em Baku no sábado. O espanhol visitou Sergio Perez na Force India e Fernando Alonso na McLaren e marcou presença no grid. Chris Brown e Pharrell Williams também fizeram shows em um palco montado próximo ao circuito.

Tecnologia

Uma polêmica que vai e volta há anos na Fórmula 1 ficou quente novamente nas últimas semanas. Uma câmera apontada para a traseira da Ferrari de Sebastian Vettel no GP da Espanha mostrou uma flexibilidade acima do normal e o mesmo estaria acontecendo com o a asa dianteira da Red Bull. A busca das equipes é permitir que as asa se flexionem para que a pressão do ar nas retas as abaixem, ao mesmo tempo em que os carros continuam com uma configuração que dá alta pressão aerodinâmica nas curvas, nas quais a força do ar é menor devido às velocidades mais baixas. Como o regulamento não permite que os carros tenham partes aerodinâmicas móveis, a FIA decidiu aumentar a carga colocada nas asas para seus testes em 50% a partir do GP do Canadá. E todos os carros passaram.

HÁ 39 ANOS?

A Fórmula 1 via um piloto e uma equipe vencerem pela primeira vez. Foi o francês Jacques Laffite, da Ligier. A vitória aconteceu no GP da Suécia, logo no segundo ano do time na categoria. Fundada por um ex-jogador de rúgbi, a Ligier permaneceria por anos no pelotão intermediário e até hoje é a equipe que contou com o maior número de pilotos de uma mesma nacionalidade, com 15 franceses em 20 anos de existência. A última vitória do país, inclusive, foi conquistada por Olivier Panis em Mônaco-1996, ano em que a Ligier seria comprada por Alain Prost.

Curtiu? Compartilhe.

Topo