Foi pra galera

Hamilton chegou criticado a Silverstone, mas fez seu quinto GP perfeito, colou em Vettel e fez até mosh

Julianne Cerasoli Do UOL, em Silverstone (Inglaterra)
Clive Mason/Getty Images

Hamilton deixa Senna para trás. De novo

Fazer a pole position, a volta mais rápida e vencer depois de liderar todas as voltas de uma corrida. O nome disso é grand chelem. Nunca ouviu falar? É porque trata-se de um feito relativamente raro no mundo da F-1. Neste domingo, no GP da Inglaterra, foi o que Lewis Hamilton conquistou - e pela quinta vez na carreira.

Assim, ele superou Ayrton Senna, igualou Michael Schumacher e Alberto Ascari e está a três do recordista Jim Clark. O escocês, bicampeão mundial nos anos 60 que teve uma morte prematura, era, junto com Alain Prost, o maior vencedor do GP da Inglaterra até Hamilton também igualá-lo no quesito.

Para completar, os problemas de pneus sofridos por Sebastian Vettel nos momentos finais da prova ajudaram o inglês a dizimar a vantagem do rival no campeonato: a diferença, que era de 20 pontos antes da décima etapa do mundial, caiu para apenas um ponto com o sétimo lugar de Vettel.

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Essa é para vocês!

A vitória, o recorde de grand chelem, o sétimo lugar de Vettel... São motivos de sobra para Hamilton comemorar. Porém, o próprio piloto reconheceu que a celebração efusiva, com direito a mosh no meio da torcida, teve também outro ingrediente.

Até pelas coisas que foram ditas antes desta prova, o sabor desta vitória é ainda mais especial. Estou me sentindo muito bem!”, exclamou.

De fato, a imprensa inglesa pegou pesado com o inglês devido à ausência em evento realizado em Londres ainda na quarta-feira, questionando seu foco e preparação. E, como já aconteceu em algumas ocasiões em sua carreira, o tricampeão provou que até mesmo ter uns dias de folga com os amigos em uma praia na Grécia serve para ele dar suas respostas na pista.

Eu tinha que ir lá no meio da galera. Estar no meio deles e dividir essa paixão e felicidade é incrível. Foi uma loucura. Surfar no meio da multidão é a melhor sensação de todas. Quero fazer isso mais vezes!

Lewis Hamilton, sobre a comemoração

Lewis Hamilton, sobre a comemoração

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Pneus, um problema

No final, tivemos sorte de poder voltar à pista e ainda ver a bandeira quadriculada. Depois que Valtteri me ultrapassou, eu diminuí o ritmo e todas as configurações do carro para chegar até o final, então fiquei surpreso quando o pneu decidiu que não ia me levar até o final da prova

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel, Sobre o pneu furado da imagem acima

Não sei o que aconteceu. O pneu teve uma falha, mas não perdeu o ar. A parte de cima da borracha saiu. É algo que acontece, mas honestamente não faço ideia do que ocorreu

Kimi Raikkonen

Kimi Raikkonen, que terminou em 3º lugar mesmo com o pneu furado

Não esperava ver pneus estourando no final. Mas assim que me falaram que isso tinha acontecido, eu tirei o pé, porque tinha bolhas no meu pneu e não queria arriscar

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton, que temeu também sofrer com problemas no pneu

Quem foi bem

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14 posições para Ricciardo

Foi a primeira corrida desde o início de maio em que Daniel Ricciardo não terminou no pódio. Mesmo assim, acabou sendo a melhor delas: o australiano teve problemas na classificação, largou em penúltimo e perdeu as contas de quantas ultrapassagens fez para chegar na quinta colocação. "Acho que foram umas 20". É verdade que o piloto quase se complicou ao sair da pista e perder posições que já tinha conquistado no começo da prova, mas a recuperação, mesmo com o assoalho danificado, rendeu o prêmio de piloto do dia.

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Finalmente Hulkenberg

O piloto alemão tem tido um grande desempenho em classificações nesta temporada e é o único que ainda não sabe o que é largar atrás do companheiro. Porém, nas corridas, a tendência era de piora de ritmo da Renault. Em Silverstone, Hulkenberg usou seu habitual talento para situações em que a pista está mais escorregadia e ficou com a quinta colocação no grid. Na corrida, fez uma largada agressiva e conseguiu se manter à frente de carros teoricamente com ritmo melhor, como os Force India, para terminar em sexto.

Quem foi mal

Reuters/Andrew Boyers Reuters/Andrew Boyers

Honda, de novo

Os japoneses e a McLaren tinham motivos para estarem confiantes para o GP da Inglaterra. Os pilotos andaram a maior parte do tempo nos treinos livres dentro do top 10, graças a atualizações estreadas nas últimas etapas e que, em Silverstone, ganharam um reforço de confiabilidade na parte híbrida do motor. Mas Fernando Alonso abandonou com problemas de falta de potência e Stoffel Vandoorne sequer conseguiu seu primeiro ponto do ano.

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Kvyat, de novo

Mais uma batida na primeira volta, mais uma punição, mais uma mensagem raivosa via rádio reclamando dos comissários. A história do GP da Áustria se repetiu na Inglaterra. Na semana passada, o russo tirou da prova Fernando Alonso e Max Verstappen. Desta vez, a vítima foi o próprio companheiro Carlos Sainz (na foto). E as reações do piloto levam a crer que, sentindo-se injustiçado, ele não vai deixar sua agressividade de lado tão cedo.

Frank Augstein/AP Frank Augstein/AP

Mais pontos desperdiçados para Massa

As pistas de Spielberg, palco do GP da Áustria na semana passada, e de Silverstone estiveram entre as melhores para a Williams nos últimos anos. Mas Felipe Massa não conseguiu transformar essa vantagem teórica em pontos. Na Áustria, o time esteve perdido na configuração para classificação, e na Inglaterra a pista fria e úmida e o tráfego foram apontados como os vilões do rendimento do piloto, que largou em 14º. Assim como na Áustria, contudo, Massa fez uma boa largada para conseguir se colocar nos pontos, mas não teve ritmo para passar da décima colocação.

Jack Taylor/Getty Images Jack Taylor/Getty Images

Bastidores

AFP PHOTO / ANDREJ ISAKOVIC AFP PHOTO / ANDREJ ISAKOVIC

Nasr de volta?

O brasileiro Felipe Nasr fez uma aparição surpresa no paddock em Silverstone, a primeira desde seu último GP na F-1, em Abu Dhabi, ano passado. Nasr já estivera “por perto” da F-1 em outras etapas, como no GP da Espanha, mas na Inglaterra circulou pelo paddock e disse que a categoria continua em seus planos para a próxima temporada, apesar de não descartar a o Mundial de Endurance e, inclusive, a F-Indy. A visita ocorre em momento oportuno, uma vez que as equipes fecham suas escalações para o teste que acontece em Budapeste, após o GP da Hungria.

AFP/Andrej Isakovic AFP/Andrej Isakovic

Segurança reforçada

Depois dos recentes atentados terroristas sofridos pelos britânicos, a segurança do GP da Inglaterra esteve reforçada. O UOL Esporte flagrou pela primeira vez no paddock a polícia local usando cães farejadores e inclusive o Exército ajudou durante o evento.

REUTERS/Andrew Boyers REUTERS/Andrew Boyers

Guerra ao escudo

Se dizem que a primeira impressão é a que fica, a nova proteção de cockpit testada por Sebastian Vettel nos treinos livres na Inglaterra não deve ser usada na próxima temporada. O alemão criticou duramente o chamado escudo durante a reunião dos pilotos realizada após os testes e alguns pilotos chegaram a dizer que duvidam que o escudo sequer chegue a ser testado novamente.

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Um olho na tabela, outro na pista

Problemas como o furo de pneu sofrido por Sebastian Vettel nos momentos finais do GP da Inglaterra acontecem em corridas de carros. Seu rival Lewis Hamilton sentiu isso recentemente, quando seu descanso de capacete se soltou no Azerbaijão ou quando seu câmbio teve de ser trocado antes da hora, causando uma punição na Áustria.

Mas o que deveria preocupar o piloto alemão não é o fato de o inglês ter encostado no campeonato, mas sim o ritmo demonstrado pela Mercedes desde que o time passou a lidar melhor com os pneus, há quatro provas, no GP do Canadá. Pensando que, de lá para cá, Hamilton não conseguiu somar todos os pontos que deveria e mesmo assim conseguiu praticamente eliminar a vantagem de Vettel, está claro que a Ferrari precisa reagir rapidamente.

Por conta disso, o GP da Hungria, próxima etapa, ganha importância: disputado em uma pista semelhante à de Mônaco, onde a Ferrari dominou, a corrida será fundamental para a Mercedes comprovar que virou o jogo, em um campeonato que ainda está em sua metade e já ficou marcado por várias reviravoltas.

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