A falta que Paulo Nunes faz

Ainda irreverente, campeão da Libertadores por Grêmio e Palmeiras fala de comemorações, polêmicas e chatice

Luiza Oliveira Do UOL, em Goiânia (GO)
UOL

Futebol de hoje precisa de um cara como Paulo Nunes...

Quem viu Paulo Nunes jogar certamente sente saudades. O atacante que virou símbolo da irreverência nos anos 90 fazia o que dava vontade. Em campo e fora dele. Dançou, usou máscara de porco, de gueixa, da Feiticeira e da Tiazinha. Fez gols, partiu para cima do adversário e provocou.

Do tipo que não levava desaforo para casa, era daqueles que você gosta ou não gosta. Com seus cabelos loiros esvoaçantes, virou prato cheio para quem adorava tirar sarro do rival na segunda-feira depois de uma vitória no domingão.

O atacante que fez das comemorações de gol um espetáculo próprio conquistou títulos, foi ídolo no Grêmio e no Palmeiras e, até hoje, faz falta. Todas as histórias a seguir mostram o quanto isso é verdadeiro.

Jayme de Carvalho Jr/Folhapress Jayme de Carvalho Jr/Folhapress

Futebol era muito mais divertido

Paulo Nunes não titubeia em cravar: futebol está chato. Em tempos da patrulha nas redes sociais e em que comemoração de gol vale cartão amarelo, ele defende que o futebol era muito mais divertido na sua época. “Daqui a pouco vai ser igual a cinema. Você fica comendo pipoca, olhando o campo. O celular não pode tocar, não pode gritar, não pode nada."

“Gostava muito mais da minha época, da alegria. Minhas provocações eram mais alegres. Saía de carro no outro dia e estava o porteiro zoando o outro porteiro, o cara da banca, o do boteco em que às vezes ia tomar um pingadinho”.

Paulo sabe da ditadura do politicamente correto, mas diz que falta personalidade aos atletas de hoje. “Eles têm medo de tudo. E não é da torcida. É de alguém falar mal. Falar que não são ‘good boys’. Todo mundo quer ser bonzinho. Até em entrevista você vê: ‘Vocês vão ganhar o jogo?’ ‘Ah, não sei, o outro time é bom’. Pô... se ele não sabe, quem vai saber?”

Se colocassem eu, Edilson, Marcelinho, Viola e Renato Gaúcho hoje, ia ser igual antes. Até melhor, porque tem muito mais mídia e a gente ia usar isso muito mais. E trabalhar melhor. Falta personalidade, falta coragem. Conheço vários jogadores que gostam disso, mas eles não têm coragem de fazer na hora

Sobre jogadores de hoje e de ontem

Sobre jogadores de hoje e de ontem

Eduardo Knapp/Folhapress Eduardo Knapp/Folhapress

Felipão deu força para 1ª máscara

Quando Paulo Nunes balançava as redes, todo mundo já sabia que alguma ele iria aprontar. Nos anos em que vestiu a camisa do Palmeiras, usou máscaras de porco, se vestiu de gueixa, imitou a Tiazinha, usou o véu da Feiticeira, se fantasiou de Mr. M... Virar um personagem comemorando gol virou sua marca registrada.

A ideia surgiu no Paulistão de 99, quando o Palmeiras enfrentou a Portuguesa, na época treinada por Zagallo. Um menininho apareceu com a emblemática máscara de porco e perguntou: “Tio Paulo, você não pode usar essa máscara?”. O atacante curtiu a ideia, mas achou melhor consultar seu técnico, Luiz Felipe Scolari.

“Eles vão adorar, isso aí é a marca do Palmeiras”, disse Felipão. Era o que Paulo Nunes esperava: “Aí guardei aqui do lado (no calção). Nunca deixei de usar. Parecia sorte: nunca voltei para o vestiário com a máscara sem ser usada. Nesse dia, ninguém sabia que eu estava com a máscara do porco. Quando o Euller vê, ele começa a rir e meio que me larga: ‘Não vou ficar junto com esse cara, não’. Foi a maior e a melhor maneira de retribuir tudo que o Palmeiras fez para mim”.

Emplacou carreira de Tiazinha e causou ciúmes em Feiticeira

Orlando Oliveira/AgNews Orlando Oliveira/AgNews

Jogador-celebridade

Paulo Nunes virou celebridade com as máscaras e passou a frequentar programas de TV. Foi ao Programa Silvio Santos, entrou na Banheira do Gugu e virou convidado do H, de Luciano Huck. “Ia nessas coisas e os caras me zoavam. Chegava lá e todos riam da minha cara. Treinadores falavam: ‘Você é louco da cabeça? O torcedor tá te vendo’. Eu não estava nem aí. Não ia falar mal de outro clube, mas me divertir, brincar. Ia em todos”.

“Chegou um tempo em que virou marketing mesmo. Fiz várias coisas na época, como propaganda e trabalhos, por causa dessa irreverência, dessa marca. Sempre gostei. Eu fazia pose quando ia sair matéria minha. Eu já tinha, naquela época, esse dom de aparecer. Exatamente, a palavra é essa: aparecer. O Zinho falava: ‘Ó, tão tirando foto’. E eu fazia pose de mau. De brincadeira”.

Até os cabelos loiros, uma escolha estética polêmica, faziam sucesso. “O cabelo era diferenciado. A maioria dos jogadores era careca raspado ou moreninho. Por isso, lá no Sul, as meninas, as senhoras, as mulheres, falavam sempre que eu era diferenciado: me viam em campo com aquele cabelinho mexendo e ficavam doidas. Perto daqueles armários, aqueles negão tudo grande, eu era diferenciado. Usava para chamar atenção mesmo”.

Briga das embaixadinhas levou Ronaldinho para seleção no lugar de Edilson

Reprodução/Sportv Reprodução/Sportv

Caiu na noite no Fla e assinou com o Grêmio

Aos 19 anos, Paulo Nunes já era titular do Flamengo. Fazia muitos gols e foi considerado um “jogador inegociável” pelo clube. Mas, aos 21 anos, a primeira lesão da carreira o fez perder o rumo. O ano era 1993. “Eu era menino. Aí saí muito na noite. Não tinha horário, concentração, nada. E conheci o Gaúcho [atacante do Fla na época], que conhecia todas as mulheres do Rio. Sempre tinha umas a mais. E eram as famosas. Então, perdi um pouco o foco. Um pouco não: muito. Entrei na manguaça mesmo. Saindo à noite, indo às festas. Realmente fiz loucuras naquele Rio de Janeiro”.

Era só o início de uma relação conturbada com o Flamengo. “Me desprezaram. Eu estava vindo de uma contusão no joelho muito séria e estava me recuperando para o ano de 1995. Foi quando me chamaram dizendo que não queriam que eu continuasse. ‘Você não vai jogar, você não vai ter vaga’. Não me deixaram nem lutar pela posição. E isso me magoou muito”, conta.

A promessa rapidamente acertou com o Grêmio e deu o troco no Fla. “Meu passe foi fixado num valor baixo porque eles nunca imaginaram que o Grêmio ia me comprar. E o Grêmio quis me comprar com um mês de clube. E aí Deus é muito forte: aqueles que me criticaram tanto, que me menosprezaram na mesa de negociação, pediram pelo amor de Deus para eu não aceitar a oferta do Grêmio. Eles tinham uma proposta da Espanha para me contratar pagando o dobro. Assinei o papel, nem olhei. E a cara deles foi absurda, me vendo sair pela porta sem olhar para trás. Nada paga isso”. 

Felipão o proibiu de ser atleta de Cristo: "preciso de vagabundo no time"

Otavio Dias de Oliveira/Folhapress Otavio Dias de Oliveira/Folhapress

Quando Mustafá tentou intimidar o Diabo Loiro

A vida no Palmeiras é cheia de belas lembranças para Paulo Nunes. Mas, quando foi contratado, admite que temeu pelo pior: “O presidente Mustafá [Contursi], que nunca ia na apresentação de jogador, quis ir na minha. Ele me deu a camisa e disse: ‘Você me maltratou muito. Quero ver aqui’. Imagina a cobrança... Nossa, se o presidente está assim comigo, imagina a torcida? Foi uma loucura”.

A desconfiança foi embora logo na estreia, com dois gols contra o Vasco pelo Rio-São Paulo de 98. Foi no Palmeiras, também, que colecionou causos engraçados com um de seus maiores parceiros. Ele se lembra de quando dividia quarto com Oséas, o atacante das trancinhas.

“Dividi por dois jogos. No segundo, quando vi que era aquilo mesmo, falei com o Felipão: ‘Pô, você chega do treino, toma um banho, põe pijama, tá deitado e vem o Oséas pelado. PELADO. Fazendo cachinhos no cabelo, andando pra lá e pra cá e passando na tua frente toda hora’. E ainda falando: ‘E aí, pai? Que nós vamos assistir, pai?’ No segundo jogo, falei para o Felipão: o senhor me tira do quarto do Oséas ou não venho mais para a concentração”. Depois da conversa, Paulo Nunes passou a dividir quarto com o meia Zinho.

Evelson de Freitas/Folha Imagem Evelson de Freitas/Folha Imagem

Mais tempo no bronzeamento artificial do que treinando no Grêmio

Quando deixou o Palmeiras em 2000, Paulo Nunes voltou ao Grêmio sem querer. Ele foi informado que a Parmalat estava deixando o Palmeiras e precisava se desfazer dos jogadores. Paulo havia jogado a final da Copa Mercosul no fim de dezembro pelo clube paulista e, no início de janeiro, já teria de se apresentar no sul do país.

“Eu não tive férias. Quando cheguei lá, me deram roupa de treino. Eu falei que tinha ido só para assinar o contrato, mas não me deixaram sair. Tive a primeira briga com meu treinador, que era o meu grande amigo Leão. Queria folga de, no mínimo, três dias pra voltar pra casa e arrumar as coisas. Ele me deu um dia. Não descansei, fiquei chateado. Começou ali”.

O clima no clube também não era bom: Leão estava se desentendendo com um jovem chamado Ronaldinho Gaúcho e os salários começaram a atrasar. Quando o presidente gremista chamou Paulo Nunes para explicar o caso, ouviu que, sem os pagamentos em dia, o atacante não jogaria. “Para dizer a verdade, eu passava a maior parte dos meus horários fazendo bronzeamento artificial. Eu fiquei preto. Um dia o Celso Roth olhou para mim e falou: ‘Cadê o Paulo Nunes? Não está mais aqui não?’ Eu simplesmente abandonei aquele ano porque achei muita falta de respeito comigo. Eu treinava, ia aos jogos, mas totalmente fora de foco”.

Cismei que tinha que ficar moreno. E do moreno estava ficando negão. Uma coisa absurda. Quando entrava no carro, o Amarildo, que trabalhava pra mim, falava: 'Chefe, você vai fazer bronzeamento de novo?'. Eu respondia: '15 minutos só'. Acho que foi uma terapia para esquecer os problemas

Sobre a segunda passagem pelo Grêmio

Sobre a segunda passagem pelo Grêmio

Paulo foi para o Corinthians: "Assumo que foi o maior erro da minha vida"

Eduardo Knapp/Folhapress Eduardo Knapp/Folhapress

No fogo cruzado de Marcelinho Carioca x Ricardinho

Paulo Nunes não precisava de muito para ser execrado pela torcida do Corinthians. Mas sua situação ficou pior porque a Fiel cismou que ele tomou partido de Ricardinho na famosa briga com Marcelinho Carioca. No jogo, eram comum ouvir os gritos “Paulo Nunes viado” ou “Paulo Nunes, fica quietinho. Quem é você para falar do Marcelinho?”. O atacante jura que nunca se meteu na confusão, apesar de estar na coletiva em que Ricardinho reúne jogadores para pedir a saída do desafeto.

“Eu estava lá atrás, nem abri a boca. Todos os jogadores foram e, se eu não fosse, aí que a torcida ia me matar mesmo. Fui quietinho, sossegado, não abri a boca. E olha que eu era um dos jogadores que mais gostava de falar”, diz. “Nessa hora, não tinha o que comentar: só de estar lá atrás a torcida me odiou de novo. Eu já tinha muito problema. Vou me preocupar com Marcelinho e Ricardinho? Tá doido...”

Paulo diz que até hoje tem dúvidas sobre o que aconteceu no episódio: “Sendo bem honesto contigo. Não sei quem disse certo e quem disse errado. Nos reunimos e aí teve quase um quebra pau: ‘Ah você falou’. ‘Não falei’. ‘Mas o cara falou que você falou’. 'Ele tá mentindo’. Quando está num negócio desse, o cara levanta e vai pro pau. Só dava para entrar no meio e separar. Foi feio o negócio, muito feio. Só que não teve o resultado que tinha que ter tido, que era descobrir se tinha existido ou não o problema”.

Evelson de Freitas/Folhapress Evelson de Freitas/Folhapress

A carreira que durou pouco

A carreira de Paulo Nunes foi intensa, mas durou pouco. Ele mesmo admite que poderia ter ido mais longe no futebol. Depois dos 30 anos, ele não conseguiu mais jogar em alto nível. “Eu joguei de 1990 a 2003. Isso dá 13 anos. O normal é jogar 16 anos. No mínimo, perdi três anos. Mas acho que perdi uns cinco”. As culpadas pelo fim precoce foram as lesões: foram cinco cirurgias em um joelho, a última quando estava no Corinthians, em 2001.

O fim ideal seria no Flamengo e ele chegou a negociar com o clube em 2002. Mas o então técnico rubro-negro Lula Pereira vetou a contratação. O atacante assinou com o Gama e, por ironia do destino, marcou o gol que selou a queda do treinador rubro-negro. Ele ainda passou pela Arábia Saudita e aceitou o convite de um amigo para tirar o Mogi Mirim da zona de rebaixamento do Paulistão, em 2003. “No terceiro jogo já tinha tirado Mogi da zona de cair. Fiquei mais um mês, só curtindo mesmo. Bebendo com o filho do presidente e curtindo a cidade. Tinha feito meu papel”.

Seu último desejo, não realizado, era defender o Vila Nova-GO, time do coração de seu pai. Hoje, ele lida bem com isso. “Preparei muito minha cabeça. Não tenho nenhum sofrimento. Ao contrário. Tudo que podia ter dado no futebol eu dei”.

Eu já sabia que não tinha mais forças para jogar futebol. Depois disso, como a gente fala na gíria, é roubar. Eu já sabia que era meu fim de carreira. Eu já sentia dores demais, não me movimentava como antes. Foi tirando visão, raciocínio, mexendo com tudo. Meu giro, arranque, velocidade. E depois do jogo, então... Era absurdo. As dores eram tristes. Na escada em casa, se não tivesse corrimão não conseguia subir

Sobre o fim de sua passagem pelo Corinthians, em 2001

Sobre o fim de sua passagem pelo Corinthians, em 2001

AFP PHOTO/Antonio SCORZA AFP PHOTO/Antonio SCORZA

Jogar em Portugal custou uma Copa. E Zagallo avisou...

A maior decepção de Paulo Nunes com o futebol foi a passagem pelo Benfica, de Portugal. Ele saiu do Grêmio em 1997 com a certeza de que brilharia na Europa. A aposta foi alta: para ir para Portugal, abriu mão da Copa do Mundo de 1998. “Tive uma conversa com o Zagallo na Copa América de 1997. Ele disse que 99% da seleção estaria na Copa de 1998. Ele avisou: ‘não vai pra Portugal, Paulo, porque lá o futebol ainda não é muito visto’. Não tinha jogo televisionado, não tinha matérias sobre o futebol português, eu iria me esconder”.

Ainda assim, Paulo foi confiante. “Tinha certeza absoluta de que ia dar certo. Eu estava com 25, 26 anos, na flor da idade, muito bem e muito feliz. Foi a maior contratação daquela década de 90. Mas o presidente que me contratou tinha que apresentar contas e foi a única vez que o conselho não aprovou. Teve um impeachment. Entrou outro presidente, que foi muito honesto comigo. ‘Nós queremos muito você aqui, mas não podemos te pagar isso. Quem te contratou fez uma loucura e a gente quer baixar seu salário pela metade’. Não aceitei.”

Foram três meses de angústia, analisando propostas de La Coruña-ESP, Parma-ITA, Flamengo e Palmeiras. No fim, fechou com o Palmeiras para trabalhar com Felipão. “O que mais mexeu na minha cabeça foi isso: ‘Tem seleção, a Copa, faço cinco meses bem’. E eu fiz. Fiz gol na final, levei o Palmeiras ao título da Copa do Brasil, estava bem no Brasileiro. Mas não foi tão bom assim para o Zagallo me levar de novo. Ele teve convicção em outro jogador. O Bebeto apareceu de novo e entrou na minha vaga. Fiquei triste porque era a única Copa que realmente mereci. Era essa minha Copa”.

Arquivo Folha Arquivo Folha

"Vocês vão ter que me engolir"

Falando em Copa América, aquela de 1997 foi inesquecível para Paulo Nunes. Fez parte do grupo que conquistou o título na altitude da Bolívia, ao lado de Romário, Ronaldo, Edmundo, Djalminha, Rivaldo e Denílson. “O Zagallo foi mais do que corajoso ao convocar todos aqueles caras numa mesma seleção. O Dunga brincava: ‘Zagallo, não sei se essa seleção vai ser fera, mas que vai aprontar, vai’. Imagina, cara. Era muito legal, a alegria que a gente tinha era absurda. Ficamos quase dois meses viajando porque teve o Torneio da França e depois a viagem para a Bolívia. Uma seleção maravilhosa. Um espetáculo”.

Paulo não teve muitas oportunidades em campo. Ele atuou nos amistosos na França e na final da Copa América ao substituir Romário. Mas para ele já era uma honra. “Foi a melhor época do Romário e do Ronaldo. Via os dois treinando e era absurdo o que esses caras tinham de genialidade. Brigavam entre eles para ver quem fazia mais gols. Nenhum queria sair. E quem tinha coragem de tirar um deles do time? Jogar era muito difícil. Só de estar lá era uma coisa absurda”.

Ele também presenciou o emblemático episódio em que Zagallo grita para as câmeras ‘Vocês vão ter que me engolir’. “A imprensa pegou muito no pé dele, bateu muito forte. O Zagallo sentia muito isso porque ele vive a seleção na pele. Ele encarna aquilo e não sai de dentro dele. Naquele ano batia-se muito nele. Naquela hora ele não tinha nem fôlego de tão nervoso que estava. Depois, no ônibus, todo mundo brincava, gritava: ‘você tem que me engolir hoje’. Saindo para festa ele disse: ‘pode engolir todo mundo que quiser’”, brinca. 

Edu Moraes/Record Edu Moraes/Record

A Fazenda: ganhou bolada e escondeu da namorada

A fama dos tempos de jogador fez Paulo Nunes parar no reality ‘A Fazenda’, da TV Record. As negociações não foram fáceis: Paulo recusou dois convites antes de aceitar. Ele sabia que sua namorada não gostaria nada da história. “Na terceira vez, eu tinha terminado com a minha namorada e estava puto pra caramba. Peguei uma viagem de 15 dias, para Miami e Cancún, para curtir com meus amigos. Aí do nada liga o cara da Record dizendo que aceitaram a minha proposta. Falei: ‘Não, agora quero X’. Achava que eles não iam aceitar. Mas a Record aceitou. Aí ferrou tudo”.

Ele assinou com a emissora, mas acabou reatando o namoro. Foram meses tomando coragem para contar a novidade para a amada. “Fiquei de março até junho pensando em como falar pra minha mulher. E quando apareciam os prováveis participantes, meu nome estava lá. Ela falava: ‘Que porra é essa? Seu nome tá em todas’. Aí teve um dia que não teve como: estava na casa da minha mãe, bebendo cervejinha. Fui minando ela aos poucos até contar. Ela queria terminar de novo. Falei: ‘Problema é seu. O meu contrato tá pronto. Vou ter que ir lá fazer figurino. Volto e a gente se apresenta em julho’”.

No fim, Paulo Nunes entrou no confinamento comprometido, mas lembrando da ameaça da namorada. “Ela falou: ‘Vamos ver o que você vai fazer lá. A gente conversa depois’. Então ferrou, porque eu falei que estava solteiro, que eu ia pra cima, e cheguei lá pianinho”, brinca. 

A loucura do reality: "Parece que é uma droga que te leva"

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Balada sem fiscal

"Nunca fui fã de pagode, mas tinha que ir porque 99% dos jogadores são fãs de pagode e não ia sair sozinho. A torcida do Palmeiras começou a ir atrás da gente. Mas um cara falou: 'Você mora no Alto da Lapa e vai pra Santana. Tanta balada boa no Itaim Bibi, na Faria Lima... Baladinha de música eletrônica. Só DJ bom'. Comecei a ir e o torcedor pensou que eu não saia mais. Encontravam todos os outros no pagode. E o Paulo Nunes?"

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O dente da namorada

"Eu estava com uma menina. Tinha saído de um churrasco com meu carro zeradinho. Tinha acabado de comprar um GTI vermelho, que era fera na época. Zeradinho, sem placa. Coloco a menina no carro. A gente ia para outra festa, mas começou a namorar no carro. Perdi o controle e parei dentro canal. A menina meteu o dente na frente do carro. Machucou, quebrou o dente, que ficou preso no painel do carro. Caí em uma vala. E para tirar o carro?"

A única coisa que amo é cerveja. Sou viciado numa cervejinha gelada. Ainda mais em Goiânia. Se vocês forem tomar uma, vão ver. Ela é branquinha, véu de noiva a gente chama. E nesse calor aqui é absurdo. Nunca precisei usar droga, mas a cerveja... Cerveja e noite. Festas, balada...

Sobre seu

Sobre seu "amor"

Rogério Assis/Folha Imagem Rogério Assis/Folha Imagem

A turma do copo

Também tinha a turma que não era da balada, mas compensava no copo. Paulo entrega os amigos Júnior Baiano, Djalminha, Luizão, Dinho e Vampeta. "Esses aí ninguém bate. Ninguém. Eles não têm fundo. Não são de balada, de noite. São de sentar num lugar legal e ficar bebendo sem ninguém encher o saco. Tipo em casa, bebendo uma cervejinha, churrasco... E ali, meu amigo, quando você vê já é outro dia. E outra coisa: eles não mudam fisionomia. Eu fico doidão e todo mundo vê que eu tô louco. Você tá caindo e eles estão lá em pezão. Parece que nem beberam. Esses cinco aí são hors concours. Não dá pra acompanhar".

Folha Imagem/Arquivo Folha Imagem/Arquivo

Amaral e a furadeira

"O Amaral [ex-volante do Palmeiras] não bebe, né? Normalmente, a gente curte depois dos eventos. No outro dia, tem outro evento. Se pudesse, eu acordaria todo dia ao meio-dia, mas os caras querem acordar cedo. Nesse dia em BH, eu estava numa ressaca desgramada. Tinha aproveitado muito. O Amaral foi dormir às 10 da noite. Eu tranquei a porta por dentro, passei a chave, joguei a cadeira e ninguém conseguia abrir. Os caras arrumaram uma furadeira. Acordei com a furadeira passando: 'Não é possível, Amaral'. Me pegaram, levaram para o campo. Chegamos às 14h. O jogo era às 16h. Fiquei sentado no vestiário, dormindo".

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Construtor, empresário, comentarista...

Paulo Nunes soube multiplicar o que conquistou no futebol. Hoje, investe em construção civil, é dono de uma fazenda e tem um centro esportivo. Está, também, começando a carreira na televisão na TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás. “Isso faz você voltar ao futebol sem aquela preocupação de estar lá dentro. É uma coisa que sei fazer porque eu leio o jogo, as estratégias, consigo visualizar. O Felipão me falava isso: dentro de campo eu conseguia mudar às vezes a maneira de jogar para tirar proveito”.

Paulo também viaja muito: seus fins de semana são dedicados a jogos beneficentes, eventos e palestras motivacionais. Nesses eventos, atende aos fãs em sessões de fotos, autógrafos, pocket shows, sessão de perguntas. “Achei que seria mais hobby, mas está ficando sério. Gosto de falar sobre a minha vida, sobre vencer, perder e se levantar”.

Mesmo com a correria, o ex-atacante leva uma vida tranquila. Até tentou ser empresário de futebol, mas logo viu que não era a sua praia. “Comecei com o Ranielli. Mas a nossa primeira negociação não foi muito bem feita e eu já sabia que não daria certo. Porque conheço o meu estilo. Cuidar de gente... Não sou bom para isso. Não cuido nem de mim, quanto mais de outras pessoas. E no futebol tem que controlar os jogadores, colocar uma responsabilidade grande em cima deles. Eu não era assim”, conta.

Reprodução Reprodução

Paulo Nunes muso (quase) fitness

Paulo Nunes pode ser confundido com um ‘muso fitness’. Aos 46 anos, o ex-jogador cultiva músculos bem torneados com 3h diárias de academia. Em sua conta no Instagram, compartilha a rotina de treinos e exibe o corpo sarado em fotos de sunga.

“Meus amigos dizem que sou muito... Como fala quando quer aparecer muito e gosta? Narcisista! Academia para mim é tudo. Adoro mostrar meu corpo, tirar a camisa. O Edmundo brinca que quando a gente vai fazer jogos beneficentes todo mundo tira a camisa e já bota outra. Eu fico andando sem camisa. Eu gosto. Sou vaidoso”.

A preocupação é não só com a aparência estética: quando parou de jogar, viveu uma fase sedentária e se assustou quando, após correr um quilômetro, foi parar na UTI. “Era aquela época em que jogadores estavam morrendo do coração. Teve o jogador do São Caetano, o Washington também teve problema. Aquilo me assustou muito. Depois daquele dia, não saí mais da academia”.

Ele também tem uma rotina de cuidados com a beleza. Pelo menos uma vez por semana, passa um dia inteiro no mesmo salão que cuida do cantor Gusttavo Lima. “É o meu dia de príncipe. Eu marco salão às 15h e saio às 19h. Vou cuidar dos pés, das mãos, da sobrancelha, do cabelo. Faço luzes. Faço massagem na cabeça, durmo no salão. Quando tiro o dia para ir ao salão, tiro mesmo para me cuidar. Acho importante. Quando vou fazer esses eventos, tenho que estar bem”.

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Vovô coruja

Quem vê essa aparência jovem 'bombadão' de Paulo Nunes não imagina que ele já é avô. A netinha tem 3 anos e se chama Isis. Paulo teve três filhos homens e a pequena chegou para suprir seu desejo de ser pai de uma menina. “É uma das melhores coisas. Ser avô é absurdo. Ser avô é só pegar coisa boa, sabe? Vai tomar banho? Entrega pro pai e pra mãe. Fez cocô? Entrega pro pai e pra mãe. Chorou? Entrega pro pai e pra mãe. Tomou banho? Vem cheirosinha, vem para o vovô”.

Paulo Nunes pensa até em rever a sua rotina e diminuir o ritmo de trabalho para ter mais tempo para ela. “As pessoas perguntam: ‘você não tem vergonha de dizer que é avô?’. Pelo contrário. Onde eu vou a primeira coisa é levar algo para a minha netinha. Orgulho imenso e um amor absurdo. Por isso digo que tenho que rever algumas coisas. A mãe dela me manda mensagens dela perguntando 'cadê o vovô?'. Não tem preço. O cargo de avô é um dos melhores que existe. Faço tudo por ela”.

Paulo ainda tem dúvidas se ela será gremista ou palmeirense. Ainda não decidi qual camisa dou para a minha netinha, se do Palmeiras ou do Grêmio. Já tive conselhos, inclusive do Velloso, do Neto, de dar as duas. É um conselho bom porque ela vai examinar, vai ver as cores e escolher”. 

Segue ou bloqueia?

  • Edilson

    Um doido muito bom. Um doido legal, um doido que realmente aproveitou também a sua vida como jogador. E admiro como atleta porque foi um grande atleta.

    Imagem: Antônio Gaudério/Folhapress
  • Marcelinho Carioca

    O pé de anjo, meu irmão. A gente chama ele de sacão (risos). Conheço os pais, a família inteira, os filhos, um cara do bem. O Marcelinho, quando a gente for velhinho, vamos nos encontrar ainda pelo Brasil.

    Imagem: Ormuzd Alves/Folhapress
  • Jardel

    Esse é meu irmão. Tenho certeza absoluta de que ele vai sair dessa. Quero dizer pra ele e pra quem estiver lendo que estou à disposição, às ordens pro que ele precisar. Um cara extremamente do bem, que só está fazendo mal a ele, a mais ninguém.

    Imagem: Marinho Saldanha/UOL Esporte
  • Felipão

    Meu paizão. Respeito muito. Um orgulho como ser humano, como pessoa do bem e principalmente como treinador. Foi o melhor treinador que me treinou na minha vida.

    Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
  • Renato Gaúcho

    Sou discípulo dele. O meu cabelo era igual ao dele, a meia baixa, o jeito de jogar... Me espelhei muito nele. E é igual a mim: do bem, alegre, extrovertido, pra cima, fala o que tem que falar, gosta de noite, de festa, gosta de tudo. Vou dizer assim: sou um Renatinho Gaúcho mirim.

    Imagem: REUTERS/Diego Vara
  • Craque Neto

    Nossa, meu irmão. Adoro. O Neto foi o primeiro cara que me convidou para ser comentarista, na Band do Rio. Só assim para falar do carinho que tenho por ele. Um cara extrovertido, muito alegre, fala o que quer, pensa o que quer. Se gostar, bem. Se não gostar, amém. Gosto de pessoas assim.

    Imagem: Band/Divulgação
  • Galvão Bueno

    Adoro o Galvão. Formidável. Pela potência que tem na televisão, é um cara muito humilde, bacana, legal. Adoro os filhos dele. O Cacá é meu amigo, parceiro, irmão, sempre foi. Até hoje a gente se encontra às vezes, conversa, brinca, ri. Um cara do bem, por isso esse sucesso todo.

    Imagem: Divulgação
  • Temer

    Isso é uma brincadeira, né? Mas não é o Temer. É a política. Uma coisa que me desagrada profundamente é passar por tudo por isso. Às vezes você fala: 'Nossa, que coisa descomunal'. No outro dia tem o dobro. É uma coisa que não tem fim. Eu teria vergonha.

    Imagem: Marcos Correa/PR
  • Lula

    Igual. Idêntico. Sendo honesto, votei no Lula três vezes: nas eleições de 1989 e nas outras duas vezes em que ele foi eleito depois. Acreditava que ele e o PT queriam realmente mudar o Brasil, transformar o Brasil. Mas vi que aquilo era só fachada .

    Imagem: Nelson Almeida/AFP
  • Bolsonaro

    Tenho medo de tudo que é novo. Mas acho que é hora de reabrir. Vou ser bem honesto contigo: ainda não tenho um candidato, mas entre eles todos, sou Bolsonaro hoje.

    Imagem: Ricardo Borges/Folhapress

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