"Eu preciso de carinho"

Das ausências na infância aos exageros da vida adulta, Walter fala de futebol, brigas e o duelo com a balança

Luiza Oliveira Do UOL, em Goiânia (GO)
UOL

Walter sofreu com as privações. De carinho, de abraços, de apoio. Sente falta do pai que não conheceu, do irmão mais velho assassinado na porta de casa, do outro irmão que entrou e saiu da cadeia ao longo de 12 anos. Relembra a comida que demorava a chegar quando a mãe saía para trabalhar e voltava sabe-se lá que horas.

Era tanta coisa que precisou dar um drible na vida para compensar. E transformou as ausências em excessos. Superlativo mesmo. É muita gula, muito peso, muita sinceridade, muito coração. Fala o que pensa, doa a quem doer. Não leva desaforo para casa, nem foge da briga. Muito talento com a bola nos pés, também.

Walter é a soma desses dois extremos. É o cara que se atrasa por 1h para a entrevista. Mas mantém o bom humor por horas debaixo do sol escaldante de Goiânia. É o garoto humilde que chegou ao sucesso mas nunca se esqueceu das raízes. Se você quiser entender um pouco mais quem é ele, leia a entrevista feita um pouco antes de ele sair do Atlético-GO.

O super sincero

Walter é sincerão, transparente mesmo. A vida o ensinou a encarar tudo e todos de frente. “Eu acho que sou sincero demais, né? Sou um jogador que fala o que pensa. Tem jogador que aqui é uma coisa, fora é outra, entendeu? E eu não sou assim".

"A maioria dos assessores de imprensa chega para você e diz: 'Ó, tem que falar isso, tem que falar aquilo'. Todo lugar tem isso. 'Se perguntar isso, faz isso'. Mas eu falo o que eu penso, falo o que eu quero. Eles nem chegam perto de mim”.

“Eu sou muito esquentado. Se eu perceber uma coisa com que não me sinta bem, estouro rápido. Se me falar uma coisa e eu não gostar, também me estouro rápido. Eu sou uma pessoa sossegada, mas se mexer comigo eu estouro”.  

E isso já trouxe bastante dor de cabeça. "Tem vez que eu me atrapalho muito porque no meio do futebol você não tem que ser muito sincero. De vez em quando, você tem que mentir um pouco, porque parece que a imprensa gosta assim. Ser muito sincero dá rolo”.

"Olho pro espelho e... Puta merda, é brabo..."

Arte UOL/R. Gazzanel/Futura Press/ Estadão

O Walter é melhor gordo ou magro?

A luta contra a balança vem desde a infância. Mas a pergunta que não quer calar é se Walter joga melhor magro ou acima do peso. Ele tem convicção que não pode emagrecer demais. “Muito magro, o Walter não rende. Porque, querendo ou não, o meu jogo é segurar a bola. Se eu emagrecer muito, eu fico sem força. Aí não dá. Perco a bola. Por isso é que tem que ter uma carninha a mais”.

“No Fluminense eu me senti muito fraco. No Atlético-PR também. No Atlético-GO também teve um jogo em que fui me pesar e vi que emagreci muito e, no jogo, não rendi. Estava me sentindo fraco, entendeu?”.

Mas isso não quer dizer que prefira estar gordo. “Eu, com o peso mais alto, também me sinto um pouco mais preso. Não consigo correr muito. Mais magro, eu me mexo mais, corro mais, me sinto melhor”.

Eu não sou um jogador igual aos outros. Onde eu passar, tem que ser diferente”.

“Jogador com meu peso não joga. Tem jogador que, quando está com mais dois ou três quilos, fica travado. E eu às vezes jogo com dez quilos acima e dou conta. Corro. Porque estou acostumado com este corpo. Meu percentual de gordura é maior. Só que a minha massa magra é muito boa. São 85 kg de massa magra. Tipo, é muito grande”.

André Costa/Estadão Conteúdo André Costa/Estadão Conteúdo

Eu gosto de comer massa. Só coisa leve, light. Massa, churrasco, doce. Pergunta se eu como salada. Nunca. Eu gosto de comer cachorro-quente, hambúrguer. Um pastel com caldo de cana é bom demais. Eu gosto muito.

Walter, sobre as suas preferências

Bullying

Tem tanto torcedor que pega no meu pé no estádio. "Ô gordinho, tá gordo, baleia". Eu só fico pensando: "Vou fazer o gol e vou calar a boca". Tem coisa que a imprensa diz que pega muito pesado também

Sobre o bullying que sofre pelo peso

Quando fui para o Fluminense, falaram que eu não tinha futebol, que eu era uma vergonha e não tinha condição de vestir a camisa do clube. Fiquei machucado porque ninguém sabe da minha vida, da minha história

Sobre as críticas em sua chegada ao Flu

Cristiano Andujar/Getty Images Cristiano Andujar/Getty Images

Melhor fase tinha aposta para emagrecer

Walter precisa de apoio. Não funciona na base da pressão. Enderson Moreira percebeu isso quando comandava o Goiás, em 2013, e teve a ideia criativa de fazer apostas com o atacante. Quem perdesse mais peso, ganhava dinheiro. Deu certo: Walter teve o melhor ano da carreira e se tornou um filho do treinador.

“Para você ver, o momento em que eu fiquei mais gordo foi em 2013, que foi o meu melhor ano. Por isso que eu agradeço ao Enderson Moreira. Ele entendia. Às vezes, a gente apostava e quem perdia mais peso pagava. Mas ele é malandro demais. Na cabeça dele, com a aposta, eu ia dar a vida para não perder dinheiro. Se eu perdesse 2 ou 3 kg, já ajudava. E era isso mesmo. Eu perdia peso e ele não perdia nada. Aí me pagava R$ 50. Por isso que eu tenho um carinho muito grande por ele. Chamo ele de pai, porque foi um pai para mim. E me deixou jogar, me deu confiança e foi aí que eu estourei para o Brasil”.

Walter teve muitos outros técnicos na carreira. Para ele, nem todos tiveram a mesma sensibilidade. “No Cruzeiro, o Celso Roth chegou e falou: ‘O Walter não tem perfil, não está magro e não vai jogar comigo’. E eu estava mais magro que no Goiás. Acho que foi o único técnico que falou isso, que eu não ia jogar por causa do peso. No Atlético-GO, quando o Doriva assumiu, falou que se eu não emagrecesse eu não ia jogar”.

Gaspar Nóbrega/VIPCOMM Gaspar Nóbrega/VIPCOMM

Walter na seleção de Felipão? Teve gente pedindo

Walter chegou ao ápice em 2013, pelo Goiás. Naquele Brasileirão, marcou 13 gols e ganhou a Bola de Prata - teve gente até sonhando com uma convocação para a seleção, então comandada por Felipão: "Se no Brasileiro você faz gols em jogos seguidos, você é muito visto. E aí teve um jogo contra o Grêmio em que eu fiz dois gols. Ganhamos por 2 a 0. Foi aí que o torcedor pediu Walter na seleção", lembra. "Mas o peso me atrapalhou, né? Porque eu acho que se eu fosse um jogador que estivesse bem com o peso naquele momento poderia virar uma dúvida para o Felipão. Seleção, querendo ou não, é momento, né? E eu estava muito bem. Mas só o gostinho de o torcedor gritando já valeu a pena".

Celso Pupo/Fotoarena/Estadão Conteúdo Celso Pupo/Fotoarena/Estadão Conteúdo

"Vale a pena investir no Walter por causa do peso?"

O pecado capital da gula se tornou um problema real na carreira de Walter: "Até hoje muita gente não me contrata por isso. É um risco muito grande. O investimento, graças a Deus, é alto porque eu não sou um jogador livre. Sou do Porto, da Europa. Tem que pagar uma multa. Será que vale a pena investir no Walter, por causa do peso? Por isso que, de vez em quando, os times ficam meio com medo de me contratar, entendeu? Mas eu estou dando a volta por cima", diz. "Com todo o respeito ao Atlético-GO, se eu tivesse com o peso sempre bem, poderia estar num time bem maior. Se tivesse bem poderia até estar na Europa. Podia estar na seleção brasileira. Porque muita gente fala isso, né?"

Conselho de Tite para fechar a boca

Quando Tite me vê, sempre fala: "Você tem uma qualidade muito grande. Só cuida do seu peso para ganhar dinheiro, para continuar muito tempo no futebol". Eu falo: "Pode deixar, professor. Pode deixar que eu vou fazer de tudo". É uma pessoa que tem um carinho muito grande por mim. E eu tenho um carinho muito grande por ele

Sobre o relacionamento com técnico da seleção

O Tite é uma pessoa que merece muito estar na seleção. Não é à toa que eu fechei a boca e estou aí trabalhando cada vez mais forte. É difícil, é complicado. Quem sofre com peso, sabe que é muito difícil. Mas sempre penso em dar o meu melhor para, quem sabe, chegar à seleção, que é um dos meus sonhos também

Sobre o conselho de Tite

Cleber Yamaguchi/AGIF Cleber Yamaguchi/AGIF

Walter surpreende rivais jogando com camisa tamanho M

Walter sabe o que é o temido efeito sanfona. Hoje, ele jura que está mais magro. Tanto que surpreende os adversários com o tamanho de seu uniforme. “Hoje eu estou jogando com a M, shorts G. Pra você ver que as coisas mudaram. Vou trocar camisa com os caras e eles olham: ‘M, Walter?’. As coisas mudaram. É bom demais. É bom, é bom”.

Situação diferente de quando chegou ao Fluminense, em 2015, e precisava de um uniforme tamanho extra.  “Quando eu cheguei, tive que pegar outra camisa porque eu estava desse tamanho [faz gesto com as mãos]. Porque eu saí do Goiás e, até resolver as coisas, fiquei quase 45 dias sem fazer nada. Estava entre Sport, Fluminense ou ficar no Goiás. Tinha aquela dúvida. Demorou muito e eu engordei bastante”.

“Até teve uma brincadeira do Renato Gaúcho, que é um cara muito gente boa. O Diego Cavalieri estava fazendo a barreira, aí ele falou assim: "Ô Diego, pode colocar dois na barreira, não precisa quatro não. O Walter vale por dois. Eu falei para ele: ‘Sacanagem, hein, professor’. Aí no meu primeiro treino com bola lá, eu estava pegando o colete e ele falou: ‘Vai dar esse colete aí? Vai entrar?’ Eu falei: ‘Entrou’. Brincando, sabe?”

Arte UOL

Não era para Walter vir ao mundo. Mas ele foi guerreiro

A história de Walter não era nem para ter começado. Sua mãe teve nove filhos e decidiu fazer uma laqueadura. Walter nasceu depois. Pena que o caçula não pode conviver com todos os irmãos. Quatro morreram na infância e o mais velho foi assassinado aos 18 anos na porta de casa em Recife.

“Minha mãe teve dez filhos. Quatro morreram novos, né? Ficaram seis. E eu não estava no mundo ainda. E ela não podia ter filho mais. E mesmo assim eu vim pro mundo. E ela não entendeu, né? Porque tinha feito a ligação para mulher não ter filho. E mesmo assim, eu, guerreiro, fui lá e vim. E já começou aí o meu momento”.

A infância foi dura. Walter viveu de perto a pobreza e a violência na favela do Coque, no Recife. Sobreviveu graças ao pulso firme da mãe, que nunca deixou faltar comida na mesa (ainda que a espera pudesse ser, às vezes, longa).

“Todo mundo costuma almoçar meio-dia, 13h, né? A gente não tinha esse costume. Tinha dia em que almoçava três da tarde porque minha mãe saía para trazer comida. E até ela voltar... Ela vendia aquela marca de perfume, Avon. Com aquelas caixas grandonas na cabeça. Era perigoso porque tinha muito tiroteio, né? Lá, onde ela passava, era um lugar muito perigoso. Mesmo assim ela ia, porque tinha que trazer comida. E acho que era isso".

Nunca faltou comida. Faltou horário de comer. Por isso minha mãe é uma guerreira, entendeu?”

Sobre as dificuldades da infância

Walter viu o corpo do irmão assassinado na porta de casa

O irmão que fez Walter parar no presídio

“Um dos meus irmãos sempre teve um problema: morar na rua. Com 11, 12 anos, minha mãe não deixava ele sair, trancava dentro de casa. Mas quando dava um vacilo, ele sumia do mundo. Ficava três, quatro meses sem aparecer. Tinha vez em que voltava. Tinha vez em que ia pra prisão, entendeu?

Vivia sumido, roubava, aprontava. Ninguém vai preso por não fazer nada. Aí minha mãe tinha de assinar, porque ele era de menor. Umas cinco ou seis vezes, eu estava dormindo e a polícia batia em casa. Querendo ou não, dava um medo muito grande. Era alguém invadindo a casa. Minha vó sempre falava: ’Meu filho, vem morar comigo porque aí é perigoso. O seu irmão faz isso e a polícia a qualquer momento pode invadir aí, pode pegar você’. Eu falava: ‘Vó, pode pegar ele. Eu, graças a Deus, não fiz nada, ninguém vai fazer nada comigo, não’.

Ele tirou uns 12 anos de prisão. E nesses anos eu fui lá uma vez ou duas. Porque é uma humilhação muito grande. A minha mãe sofreu mais. Não tem o respeito de ninguém. De ninguém. Eu via aquela imagem e avisei pra ele: ‘Olha, se tu continuar aí, pode ficar mais dez anos que eu não venho mais. Porque para mim é uma humilhação. Para a nossa mãe é uma humilhação’. O povo xinga mesmo. ‘Ah, quer ver esses vagabundo, esses ladrão’. Só que mãe é mãe. Família é família. Você pode tá na pior, entendeu? Você tem que estar junto. Eu tenho que estar junto do meu irmão, mas falei umas verdades pra ele.

Acho que ele se tocou. Hoje, graças a Deus, tá solto, de boa, em Recife, com a minha mãe. Agora, tá melhor, tá sossegado.

Sempre tem um na família que é um louco, né? Que dá problema para a mãe. É esse.”

Arte UOL
Bruno Pires/EuroFootball/Getty Images Bruno Pires/EuroFootball/Getty Images

Filha no hospital fez Walter treinar virado e voltar ao Brasil

Walter realizou o sonho de jogar na Europa em 2010 quando foi vendido ao Porto por 3 milhões de euros. Teve bons momentos e jogou com Falcao García, Hulk e James Rodriguez. Mas foi lá que ele viveu um dos maiores dramas de sua vida adulta. Sua filha Catarina Vitória nasceu prematura, com apenas seis meses, e lutou muito para sobreviver.

“O médico falou que foi uma coisa de Deus. Entre dez, acho que morrem oito. Foi um milagre. A minha cabeça não ficou focada no Porto. Imagina eu ver a filha por três meses internada? O pulmão estava com os tubos ainda. Eu ia para o treino de manhã e passava a noite toda no hospital. A mesma coisa no outro dia, a noite toda no hospital. Não tinha cabeça. Eu tinha medo que, a qualquer momento, a minha filha pudesse morrer. Por isso que o nome dela é Catarina Vitória”.

Catarina venceu a batalha e teve a ajuda de uma pessoa especial: o atacante Hulk. “No momento em que ela passou mal, ele foi lá e trocou para um hospital melhor. Ele levou ela e pagou uma entrada, junto com o meu empresário. Porque eu não estava no momento, estava com o time reserva que tinha ido jogar. Ele sempre me tratou muito bem. É um irmão, irmão, irmão. Tenho um carinho muito grande”.

Mesmo com a situação controlada, Walter decidiu voltar para o Brasil. “Comecei a ficar chateado com o que estava acontecendo com a minha filha e pedi para ir embora. Disse que queria cuidar da minha filha no Brasil. É o lugar que eu conheço, é o lugar que eu tenho confiança. Foi aí que voltei. Hoje, Vitória está ótima. Uma sapequinha com sete anos”.

Neco Varella/Freelancer Neco Varella/Freelancer

"Esse menino é jogador ou lutador de sumô?"

Walter dormia e acordava com a bola como qualquer garoto da sua idade. Entre idas e vindas, passou pela base do Sport e do Santa Cruz até que um empresário gostou do seu futebol e o levou para o Vitória. O agente não aceitou o valor oferecido pelo time baiano de R$ 800, que estava caindo para a terceira divisão, e o levou para o São José. Mas a realidade era muito pior do que ele imaginava ele acabou ganhando apenas R$ 250.

Walter não se abalou. Chegou quietinho, mas logo arrebentou. Principalmente nos jogos que fez contra Grêmio e Inter. Logo recebeu uma proposta dos dois grandes. O presidente do São José, colorado, preferiu o Inter. Mas o início também foi difícil.

“Eu estava desse tamanho”, diz, fazendo o gesto de bola. “Gordo, gordo, gordo. Aí o presidente chegou e falou: ‘Quem contratou esse menino aqui? Esse menino é um jogador ou um lutador de sumô?’. Gordão, sabe? Aí eu já fiquei bravo. Como um presidente fala isso?”

O atacante, porém, estava valorizado: o contrato era curto, de quatro meses, apenas para o Campeonato Brasileiro Sub-20 e a Copa São Paulo, mas o aumento salarial era grande, saindo dos R$ 250 do São José para os R$1500 que sonhava na época do Vitória. “No Brasileiro fui mais ou menos, não fui tão bem. Mas na Copa São Paulo eu estourei. Aí o presidente falou: ‘Agora é meu jogador. Agora sim’. Aí renovei por mais cinco anos pelo Inter e comprei o apartamento pra minha mãe. Meu sonho realizado”.

Rebelde em Porto Alegre

Agência Photocamera Agência Photocamera

Voadora em treino do Fluminense

Walter é do tipo esquentado e não esconde isso. Não à toa, coleciona confusões por onde passou. Uma delas foi no Fluminense em 2015. Durante um treino, ele e o goleiro Kléver discutiram. Foram contidos pelos companheiros, mas o atacante se desvencilhou e tentou dar uma voadora no goleiro reserva. Por pouco não acertou.

“Foi no rachão. Ele estava puto porque estava tomando gol. Mas goleiro, quando está no ‘dois toques’ (tipo de treino), não tem como não levar gol. E começou a chutar a bola para cima. Eu falei: "Kléver, se você não quer treinar, faz que nem o Diego Cavalieri e fica dando volta no campo’. Porque o Diego Cavalieri não joga o rachão. ‘Faz igualzinho a ele, pô. Aí você não leva gol’. Foi no campo, para pegar no pé dele. Só que o negão veio puto. Quando acabou o treino, ele falou: ‘O que foi, Walter?’. E eu também não tenho cabeça, sou esquentado. Respondi: ‘O que é que foi o quê?’. Aí fui correndo e dei uma pezada nele. Ele pegou e me puxou”.

Logo os ânimos se acalmaram e, ainda no final da atividade, se abraçaram e fizeram as pazes. Para Walter, tudo não passou de uma situação de jogo. Curiosamente, neste ano eles atuaram juntos pelo Atlético-GO e são bons amigos.

“Foi uma vergonha porque foi para o Brasil todo. Lá no Fluminense qualquer coisinha vai para o Brasil todo. Nas Laranjeiras, a imprensa pode entrar a qualquer momento. Não tem treino fechado. E pegaram aquela imagem. Mas é um amigo meu. Foi um acidente lá do treino mesmo. Ele é meio esquentado e eu também sou. A gente brigou, mas cheguei aqui e é um amigo meu”.

A briga que tirou Walter do Goiás

Quem vai contratar um jogador com fama de brigão?

Brigão, esquentado, encrenqueiro. Walter tem medo de ficar marcado por esses rótulos e ver portas se fecharem. “Hoje, para você contratar no futebol, liga para o treinador, liga para o diretor. ‘Como é o Walter fora do campo?’. Muito time contrata assim. Não quer saber só como você é dentro do campo. Imagina a imagem do Walter: ‘Gosta de brigar, gosta de sair muito. Nossa, baladeiro pra caramba’. Time não contrata”, conta.

“Querendo ou não, teve essa coisa do Kléver, né? Que foi para o Brasil todo. E o acidente que aconteceu no Goiás. Se eu fizer qualquer coisa é ‘de novo o Walter’. Não é o meu perfil, mas se eu fizer de novo, vai começar”.

Ele jura que está tentando se segurar. Mesmo que ainda seja bem difícil. “Imagine você estar com a cabeça quente e aquele cara xinga você. Você fica calado? É complicado, né? Só que se eu for lá [brigar], vai ser pior para mim. Eu que tô errado, não ele. Ninguém vai ver o que ele falou pra mim. Vai ver eu batendo nele ou fazendo alguma coisa com ele”, conta.

Walter garante. Já foi bem pior. “Eu já bati a porta do presidente lá do Inter. Falei: ‘você não vai me liberar, não? Se você não me liberar, eu quebro esse seu carro que tá aqui fora’. Bati a porta e saí embora. Eu era louco. Mas hoje eu penso três vezes”.

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Walter quer dar o pulo do gato em 2018. Quem sabe na China?

O que falta para Walter ser, finalmente, feliz no futebol? Ele ainda quer dar o “pulo do gato”: uma grande guinada antes de pendurar as chuteiras. Para isso, promete chegar em 2018 com a faca nos dentes. “Eu estou num momento, com 28 anos, em que tem que acontecer agora. Com 29, 30 anos. Tem que acontecer algo igual ao que aconteceu em 2013. Pronto. Esse é o momento do Walter, com 29 anos.  É um pulo. Quem sabe um contrato bom aí pra China”.

Walter deixou o Atlético-GO na semana passada e ainda faz mistério sobre o próximo destino. Para aumentar as chances de sucesso no novo clube, está disposto até a abrir mão das guloseimas nas férias. “Eu fico quase um mês, 40 dias, só aqui”, diz, apontando para a barriga e rindo. “Mas esse ano de 2018 vai ser diferente. Onde eu tiver, vão falar: ‘Nossa, Walter, é você mesmo?’. Eu não quero passar sofrimento mais não. Já combinei com a minha noiva que por 15 dias a gente dá uma largadinha, mas os outros 15 dias vão ser só trabalho. Quero chegar bem em 2018.”

O sonho de vestir a camisa da seleção brasileira se mantém vivo. “Eu tenho uma história bonita na Sub-20. Tenho uma história bonita na seleção, posso falar isso. Quem sabe uma convocação para a principal? Eu te falei que meu sonho era jogar no Sport e falo para todo mundo que um dos meus sonhos também é vestir a camisa da seleção. Quem sabe um dia?”

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