Xingar alguém por estar gordinho parece uma brincadeira despretensiosa. Mas pode, sim, ser considerado bullying. O atacante Walter convive há anos com esse discurso de ódio.
"Eu sofri muito com meu peso. Foi um bullying muito grande", lembra.
Seu gordo, seu isso, seu aquilo".
"Se eu fosse ligar, seria muito mais grave. Mas, sim, isso me deixa mal. 'Gordo não consegue jogar'. 'Já viu gordo jogar?' O modo como falaram, que eu sou uma vergonha no país... Hoje, sou muito conhecido no Brasil e me sinto muito bem sucedido. Mas se eu disser que não fico chateado, é mentira. Fico sim. Às vezes fico mais abalado”.
A carreira de Walter foi prejudicada. Os primeiros comentários surgiram quando ele estava no Fluminense, em 2014 e 2015. Seguiram no Atlético-PR e no Goiás. Hoje, Walter defende o Atlético-GO.
“Com a internet, pode ter certeza, é pior. Um manda para outro e, quando vai ver, vira uma bola de neve. Fiquei conhecido como 'o gordinho do Goiás'. Querendo ou não, pega um rótulo. Você pode emagrecer o quanto for, a fama fica. Eu vi cada desenho, cada piada. E foram muitas, não poucas”.
Não foi o único momento de tensão que Walter enfrentou com torcedores. Em abril do ano passado, o atacante vinha sendo criticado por uma má fase no Atlético-PR. Mas a gota d’água foi um episódio em que o atacante, insatisfeito com a reserva, abandonou o banco antes do apito final no duelo contra o Londrina, pelas quartas de final do Campeonato Paranaense. A torcida organizada “Os Fanáticos” se revoltou a gravou um vídeo em tom de ameaça: ‘vai jogar por amor ou terror’.