Futebol, farra e foguete

Contamos como era a tabelinha bola-bordel no louco futebol brasileiro dos anos 70 e 80

Felipe Pereira e Karla Torralba Do UOL, em São Paulo

“Tudo que era tipo de casa de prostituição eu frequentava. Das mais ricas até as mais povão. Eu gostava, porra! Ia muito para a La Licorne. Outro puteiro que frequentei bastante era o Vagão. Ficavam felizes quando eu chegava. Ia eu e muito nego famoso que não vou dar os nomes. Eles casaram, têm família e não querem falar destas coisas. Eu assumo.”

Serginho Chulapa não faz segredo sobre como usava o tempo livre nos tempos de atacante do São Paulo e Santos. E não faltavam companheiros para a tabelinha bola e bordel, uma coisa comum nas décadas de 70 e 80 no futebol nacional. Mas como é que funcionava tudo isso?

O UOL Esporte resolveu investigar esse universo. Ouviu relatos de baladas que duravam dias, peladas de fim de ano pagas com noitadas e até a história de um jogador comprado por uma cafetina. Naquela época, coisas assim não eram exceção, mas tradições passadas de geração para geração - camisa 9 da seleção em Copa do Mundo, César Maluco aprendeu os caminhos para as casas (jogadores adoram um eufemismo para não usar a palavra puteiro) com Dorval. 

Eram noites de foguetaços regados a bebida vagabunda e mulherada. A festa não parava nem quando os cartolas chegavam para fazer blitz nos bordéis: quem escapava de zagueiro botinudo dava perdido fácil em bacana...

Folhapress Folhapress

Camisa 9 e namorado da rainha da noite

César Maluco era uma das principais estrelas da Academia do Palmeiras. Atacante com faro para o gol e confusões, foi craque também das noitadas. Que o diga a rainha da noite paulistana.

Laura Garcia era fiadora das principais “casas” de São Paulo e dona da mais requintada delas, a La Licorne. Em uma época em que namoro entre jogador e prostituta não era raro, o atacante da seleção e a "dona das casas" tiveram um relacionamento de nove anos.

No Palmeiras, não faltavam candidatos a acompanhar César nas noitadas. Treino acabava e ele enchia o carro. “Eu entrava [nas boates] e diziam: ‘Olha o cara da Laura’. Ela falava ‘pega uma garrafa de uísque e põe na mesa’. Eu tinha um Mustang e os caras me chamavam de chefão”, lembra o ex-jogador.

O tratamento cinco estrelas continuava até em casa. “Não gastava com almoço e jantar. Todo dia ela mandava o garçom no meu apartamento. Só comida de primeira qualidade. Era uma vida gostosa”.

Enquanto eram namorados, houve situações pitorescas. Num tempo em que apenas diplomatas andavam de Mercedes, Laura comprou uma de presente para César. Ele recusou. O bafão ia ser tão grande que fez até um cara apelidado de maluco recuar.

Cesar, Laura e as maluquices na Copa de 1974

Lucas Limas/UOL Lucas Limas/UOL

A empresária mais liberal que um jogador já teve

O amor de Laura por César era enorme. Tão grande que, para deixar sua paixão mais próxima, ela entrou no universo machista do futebol, numa época em que apenas homens ligados ao esporte participavam das negociações.

A história é de 1977, quando César Maluco resolveu deixar o Palmeiras e tentar a sorte no Santos. Aconteceu de o malandro se dar mal. “Na metade do contrato, o presidente falou que o time não tinha dinheiro para me pagar”. O caminho do veterano de 32 anos seria o Rayo Vallecano, da Espanha. Mas os planos mudaram quando Laura mexeu seus pauzinhos.

Ela nunca tinha ido ao estádio, mas conhecia quem mandava nos clubes. Os dirigentes de times de fora de São Paulo batiam ponto na La Licorne cada vez que jogavam contra os grandes da capital paulista. Laura apenas avisou César que estava armando um negócio. Não demorou 24 horas para desenrolar a situação.

“A Laura me ligou de manhã e falou que estava tudo acertado com o Fluminense. Até o ordenado. Me deu a passagem e falou para encontrar o doutor Horta, presidente do Fluminense, às 5 horas da tarde, no fórum”, lembra César.

Com seus contatos, a cafetina já havia ajudado o atacante a comprar seu passe. Ela bancou metade do valor e comprou o apartamento em que o jogador morava para que César inteirasse a grana. No Rio, ele continuou Maluco, aprontando das suas no campo e na noite.

Primeiro jogo e eu fiz dois gols. O doutor Horta vibrava. Faltando cinco minutos, fui expulso. "Puta que o pariu", ouvi o presidente gritar

Cesar Maluco

Cesar Maluco, lembrando de sua estreia no Flu, cortesia da rainha da noite paulistana

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

Como acabou o romance entre César e Laura

César Maluco decidiu se casar no final dos anos 70, mas não com Laura. O relacionamento dos dois ainda sobrevivia, mas a escolhida para subir ao altar tinha sido outra. A rainha da noite, porém, representava um perigo para o casamento e um amigo do ex-jogador, coronel do Exército, chegou a montar escolta ao redor da igreja para evitar um barraco antes (ou durante a cerimônia). Laura não deu vexame: entrou na igreja acompanhada de perto. O pai de César até mesmo sentou ao lado dela, nos bancos dos fundos.

Com um relacionamento tão complexo assim, era claro que o namoro não iria durar. Os encontros seguiram após o casamento, mas logo acabaram. “Depois que me casei, ela deu um tempo de um ano, um ano e pouco. Me afastei porque tive 3 filhos”, diz o ex-jogador.

César não teve mais notícias da rainha da noite. Soube, tempos depois, que a amiga tinha morrido aos 49 anos. Quem conta mais sobre o fim de Laura Garcia é a amiga Lilian Gonçalves. As duas se conheceram durante uma incursão da dona da La Licorne ao bar de Lilian, episódio que ainda hoje rende risadas.

“Ela entrou em uma depressão profunda por causa do César. E também pelo problema que teve com o filho", conta Lilian. Segundo ela, o filho de Laura parou de falar com a mãe depois que se apaixonou por uma garota que trabalhava na La Licorne - os dois se casaram e a rainha da noite não foi convidada. "Ela foi largando. Os cabelos caíram, os dentes caíram, ficou na cama. Naquele tempo, ninguém sabia o que era depressão. Um mês antes de morrer, ela pediu que eu fosse à casa dela. Em respeito à doença, eu fui. Ela disse que estava morrendo e que queria que a La Licorne ficasse nas minhas mãos. Eu disse que não mexia com isso e não aceitei".

Folhapress Folhapress

"Devo ter gasto uns dois apartamentos"

Cesar Maluco não era o único que unia farra e grama. Durante suas aventuras, trombou muito com outro grande camisa 9, Serginho Chulapa. Os encontros costumavam ser na La Licorne, mas Serginho preferia outra "casa".

“Tinha uma que eu ia muito, se chamava Vagão. Às vezes, saía do treino direto para lá. Pegava uma menininha e ficava dormindo num quarto que tinham para mim. Eu era muito amigo do dono. Ficavam felizes quando eu chegava”, lembra Chulapa.

Em final de ano, o esquema era mais sofisticado. O local preferido era a Casa da Eny, um dos bordéis mais conceituados do Brasil. Localizada em Bauru (SP), a casa tinha entre seus clientes Vinicius de Moraes e até um presidente da República.

Serginho conta que o local era enorme, com um terreno com a metade do atual CT do Santos. Chegava dezembro, os jogadores alugavam um ônibus e fechavam o local. “As melhores mulheres do Brasil estavam ali. Era folia boa. Devo ter gasto uns dois apartamentos. Mas um dinheiro bem gasto. Uma casa enorme”.

Nós em 20 e ela deixava umas 30 mulheres. Todo mundo entrava na dança. Todo mundo pelado. Puta merda...”

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

Pagamento de peladas em... 'peladas'

Como hoje, peladas de fim de ano eram comuns nos anos 70 e 80. Todo ano, por exemplo, um empresário convidava jogadores da capital para um amistoso em Chavantes, no interior paulista, para um duelo contra o “time da firma”. O pagamento: uma noite de diversão na Casa da Eny.

O bordel de mulheres mais famoso do interior era uma enorme chácara, com suítes de cama redonda e espelho no teto. Nelas, os jogadores da pelada de fim de ano NÃO iriam dormir antes do grande jogo.

O ônibus parava, 20 jogadores desciam. Quartos abertos, piscina liberada. Quem chegava de fora era proibido de entrar. Um dos maiores jogadores do Palmeiras na década de 70, Leivinha esteve no grupo duas vezes.

"Ele não dava dinheiro. Mandava todo mundo pra Casa da Eny. Chegávamos e tinham as donzelas. Era o empresário que bancava tudo. Normalmente era uma sexta-feira. As meninas eram bem vestidas. Uma das melhores casas que tinha no interior, talvez a melhor. Ficávamos a noite inteira. Dormíamos lá e no outro dia íamos embora. Depois jogava”, recorda o ex-jogador.

Jogava entre aspas, já que a partida não passava de uma brincadeira. Os profissionais nunca deixaram a cidade com uma vitória. Quando se empenhavam, o resultado era empate, como é relatado no livro Crônicas do Grande Bordel, de Lucius de Mello: “Os jogadores saiam da Casa da Eny tão cansados que, quando chegavam à cidade de Chavantes para disputar a partida do time da fábrica, perdiam fácil para os amadores. Quando iam bem, empatavam. Mas nunca venceram”.

Alexandre Tokitaka/Folhapress Alexandre Tokitaka/Folhapress

Prostíbulos dos anos 70 não eram como os de hoje

Hoje, “boates de diversão adulta” são facilmente identificadas pelo neon na entrada. Décadas atrás, esses lugares eram casas de espetáculos de verdade, voltadas para o grande público. A La Licorne, a mais famosa delas, possuía uma fachada distinta, que não gerava vergonha quando carros de políticos, diplomatas e jogadores de futebol paravam em frente.

Lá dentro, a regra era contar com shows de grandes artistas. Ney Matogrosso e Cauby Peixoto, por exemplo. "Não tinha nada na fachada. Mais abertamente, eram casas de espetáculo, mas acabavam mesmo servindo para as garotas terem contato com esses boleiros, com os políticos", conta Douglas Nascimento, jornalista e pesquisador da cidade de São Paulo. "Se perguntasse pra quem frequentava se era uma casa de prostituição, o pessoal falaria que não. Mas era. Era muito comum passar na frente e só ver carro de autoridades. Era a grande sensação", completa.

Esses locais ficavam no centro de São Paulo. O coração financeiro da capital já era a Avenida Paulista e os grandes hotéis ficavam nas vizinhanças, como nas avenidas Ipiranga e 9 de julho e nas proximidades da rua Augusta. O desenvolvimento da região atraiu meninas vindas do Nordeste e assim nasceu a prostituição nas imediações durante a década de 60.

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

A ligação com o mundo da música

Outra atração da noite para os jogadores era o contato com a música. Quem nunca ouviu que “todo músico é um jogador de futebol frustrado. E vice-versa”? Os boleiros daquela época não eram diferentes.

No centro de São Paulo, Leivinha, do Palmeiras, era frequentador do Botekão, bar de seu amigo Osvaldão do Cavaco, ícone do samba paulistano. "Quando o time ganhava, eu ia com a minha mulher. Casei cedo. Mas quando perdia, era melhor nem ir. Ainda bem que ganhávamos mais que perdíamos", conta ex-jogador.

A amizade com Osvaldão fez Leivinha abrir um bar logo que se aposentou. Em parceria com o amigo, inaugurou o Balancê em 1979, que logo virou ponto de encontro de jogadores, ex-boleiros e artistas – principalmente os do Rio de Janeiro, que encontravam ali um jeito de difundir o samba e o pagode para os paulistas. “Fundo de Quintal, Bete Carvalho, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho... Eles vinham pra cá e às vezes tocavam de graça, porque era um lugar que expandia o pagode carioca. Quantas vezes a Alcione não estava lá... a Elza Soares...”, conta Leivinha.

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

As noites começam e terminam no bar

Como você já percebeu, muitas noites futebolísticas começavam e terminavam no bar. Com tratamento especial para jogador de futebol. Depois das partidas, o Biroska, que ainda sobrevive em uma rua no centro de São Paulo, era o local de reunião da boleirada.

A anfitriã da casa, Lilian Gonçalves, recebia jogadores de Corinthians, Palmeiras e São Paulo (para ficar só com os clubes da capital...) com o sorrisão no rosto. As atendentes mais bonitas eram enviadas para o atendimento vip aos atletas, tudo para manter os clientes fiéis. Os frequentadores protagonizaram grandes momentos, alguns deles ainda narrados com empolgação pela dona, quase 40 anos depois.

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL
  • O padrinho Pelé

    Pelé virou sócio extraoficial de Lilian Gonçalves. "Vem aqui, Lilian, me dá sua mão. Vamos tirar a foto assim", disse o Rei, quando ela inaugurava um novo bar. "Ele falou para falarmos que éramos sócios, pra lotar. Fizemos, a imprensa divulgou e ele virou meu sócio que não era meu sócio", relembra a dona do Biroska.

  • Grã-finas

    As marias-chuteiras da época eram da alta sociedade. Bem arrumadas, chegavam em carros bonitos antes mesmo do jogo acabar, para esperar os ídolos. "Vários jogadores casaram com filhas de papai que conheceram aqui. Tinha mulheres de outros lugares do Brasil também. Loucas e apaixonadas".

  • Cartolas à caça

    Certa noite, carrões pararam em frente ao Biroska. Deles, saltaram homens engravatados. "Os atletas do Palmeiras estavam aqui. Os diretores cruzaram os braços pra eles. Eu tentando esconder copos, garrafas... Falei que era apenas um jantar, mas não adiantou. Todo mundo já estava chapado".

  • Briga

    O Biroska viu uma briga após um São Paulo x Santos. Os times foram para o bar e um torcedor santista provocou Serginho Chulapa. Deu ruim. "Uma briga generalizada. Os jogadores do São Paulo defendendo Serginho e os do Santos defendendo o torcedor. Não sobrou uma mesa ou cadeira inteira".

Folhapress Folhapress

O Doutor fiel

Um dos orgulhos de Lilian era a amizade com Sócrates. A mesa redonda no canto da porta tinha uma plaquinha com o nome do Doutor. Sócrates era o dono do cantinho. Todos passavam por ali ao entrar no bar. Pediam fotos e autógrafos. Quando estava lá, ele não buscava sossego: queria contato com sua gente. A festa demandava "combustível" e os baldes com cerveja estavam sempre cheios. A mulherada até tentava chamar a atenção, sem sucesso.

Sócrates passava mais de 12 horas no lugar. “Ele falava pouco, ouvia as pessoas e bebia. Um dia a conta dele veio marcando 110 cervejas. Mostrei a fila de garrafas e briguei com ele. Não queria o dinheiro, queria a felicidade dele da porta pra dentro, mas não aquilo. Ele viu as garrafas e disse: ‘pera que vou fazer um gol aqui’. E chutou. Foi a maior loucura. Isso já era 6h da manhã”.

O barraco da rainha da noite

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

O código do vestiário

Como controlar jogadores nas loucas noites daquela época, com boleiros aproveitando mulheres, bebida e música? A resposta vinha do vestiário e de suas regras. As diretrizes podem não estar escritas, mas todo mundo conhece: no dia da folga, todo mundo sabe que bar, festa, farra e zona estavam liberados. A condição era jogar bem e treinar direitinho. A vida particular de quem fizesse isso não importava.

Valdir Espinosa foi técnico do Grêmio campeão da Libertadores de 83 e adepto da liberdade para os jogadores - até o ponto em que ela não atrapalhasse seu time. “Tinham uns que iam pras boates. Sempre tem o cara que vai dormir no vestiário, mas ele vai e treina. Cada um tinha a sua liberdade, a sua direção. O que se cobrava era que a noite anterior não podia dar prejuízo”, explica.

Lucas Lima/UOL Lucas Lima/UOL

Como se fala "gandaia" em espanhol?

O gosto pela farra não era só coisa de brasileiro. Pepe, ponta esquerda do Santos de Pelé, treinou o clube da baixada, o São Paulo e times nos Emirados Árabes, no Japão e até a seleção peruana. “Tem festeiro pra todo lado, não só no Brasil. Peruano, por exemplo, adora bailar”.

O treinador tinha sua tática para controlar os saidinhos. “Quando o cara de liderança é da gandaia, você tem que trazer pro teu lado. Conversa com ele: ‘Você vai fazer, mas sem exageros’. É o tal negócio: se é jogador imprescindível, tem que trazer pro teu lado”, revela.

Os cartolas também ficavam de olho em seus jogadores com agentes infiltrados. “Algumas vezes, ia diretor. Eles convidavam pra dar uma volta, ir a uma boate, a um show. Às vezes, o dirigente ia para não deixar ninguém exagerar”, conta Pepe.

As histórias da balada

  • Dadá e a farra dos outros

    Em 1971, já era comum ter jogo quarta e domingo. Quando a semana tinha duas partidas fora de casa, os mais festeiros sofriam. Ou melhor: todos sofriam. Dadá Maravilha conta que dormia e comia nos horários determinados, mas precisava compensar quem não fazia o mesmo. "Eu tinha certeza da minha pouca técnica. Então, não dava chance ao azar. Quando acabava o jogo de quarta, os caras me chamavam para a zona e eu não ia. No domingo, estavam mortos. A solução era lançar pro Dadá, cruzar no Dadá".

    Imagem: Reprodução
  • Cuidado com o garoto

    Formado na base do São Paulo, Sidney era uma das estrelas dos "Menudos do Morumbi", time jovem que conquistou o Paulista de 85. Mas o jogador não decolou como o esperado. Segundo Pepe, que treinou o time em 1986, a vida noturna cobrou seu preço. "O pessoal comentava: 'precisa segurar o Sidney'", lembra. O segurar não era uma preocupação dos zagueiros rivais, mas do próprio técnico: "Falavam que o Careca (foto) saia, mas chegava e jogava. O Sidney, quando saia, dava diferença".

    Imagem: Reprodução
  • Os perdidos de Ruy Ramos

    Ruy Ramos era um jogador brasileiro cabeludo que fez sucesso no Verdy Kawasaki do Japão. O meia ficou de 1977 a 1996 no clube, virou ídolo e até se naturalizou. Mas fora de campo... "Ele sumia e os próprios dirigente falavam: 'Seu Pepe, o Ruy Ramos é o melhor jogador do time, se ele chega no dia do jogo, pode por pra jogar que não tem problema nenhum'. Às vezes ele ficava três, quatro dias sem treinar. Ele foi para o Japão novinho. Era danado e jogava bem mesmo sem dormir".

    Imagem: Marcelo Soubhia/Folha Imagem

Como é hoje

A tabelinha boleiro-bordel está em desuso. O vilão é outra dupla: celular e redes sociais. Boleiro fotografado em uma casa fica marcado e eles evitam frequentar lugares assim. Além disso, nos anos 70 e 80, jornalistas eram muito mais próximos dos atletas. Todos iam no mesmo bonde para a festa e ninguém entregava o que o parceiro fazia. César Maluco lembra de ter visto nomes de peso, como Faustão, Silvio Luiz, Reginaldo Leme e Osmar Santos, na noite.

Isso não significa que jogador de futebol deixou de farrear. Com a internet, é possível contatar mulheres e ser atendido em casa (ou em um hotel). É desta maneira que organizam churrascos nas folgas: jogadores alugam uma casa grande e providenciam bebida, funk, pagode e sertanejo para as convidadas. A farra acontece longe dos olhos de torcedores e imprensa. Só os "parças" são chamados.

Curtiu? Compartilhe.

Topo