Pelé virou sócio extraoficial de Lilian Gonçalves. "Vem aqui, Lilian, me dá sua mão. Vamos tirar a foto assim", disse o Rei, quando ela inaugurava um novo bar. "Ele falou para falarmos que éramos sócios, pra lotar. Fizemos, a imprensa divulgou e ele virou meu sócio que não era meu sócio", relembra a dona do Biroska.
As marias-chuteiras da época eram da alta sociedade. Bem arrumadas, chegavam em carros bonitos antes mesmo do jogo acabar, para esperar os ídolos. "Vários jogadores casaram com filhas de papai que conheceram aqui. Tinha mulheres de outros lugares do Brasil também. Loucas e apaixonadas".
Certa noite, carrões pararam em frente ao Biroska. Deles, saltaram homens engravatados. "Os atletas do Palmeiras estavam aqui. Os diretores cruzaram os braços pra eles. Eu tentando esconder copos, garrafas... Falei que era apenas um jantar, mas não adiantou. Todo mundo já estava chapado".
O Biroska viu uma briga após um São Paulo x Santos. Os times foram para o bar e um torcedor santista provocou Serginho Chulapa. Deu ruim. "Uma briga generalizada. Os jogadores do São Paulo defendendo Serginho e os do Santos defendendo o torcedor. Não sobrou uma mesa ou cadeira inteira".
Em 1971, já era comum ter jogo quarta e domingo. Quando a semana tinha duas partidas fora de casa, os mais festeiros sofriam. Ou melhor: todos sofriam. Dadá Maravilha conta que dormia e comia nos horários determinados, mas precisava compensar quem não fazia o mesmo. "Eu tinha certeza da minha pouca técnica. Então, não dava chance ao azar. Quando acabava o jogo de quarta, os caras me chamavam para a zona e eu não ia. No domingo, estavam mortos. A solução era lançar pro Dadá, cruzar no Dadá".
Imagem: ReproduçãoFormado na base do São Paulo, Sidney era uma das estrelas dos "Menudos do Morumbi", time jovem que conquistou o Paulista de 85. Mas o jogador não decolou como o esperado. Segundo Pepe, que treinou o time em 1986, a vida noturna cobrou seu preço. "O pessoal comentava: 'precisa segurar o Sidney'", lembra. O segurar não era uma preocupação dos zagueiros rivais, mas do próprio técnico: "Falavam que o Careca (foto) saia, mas chegava e jogava. O Sidney, quando saia, dava diferença".
Imagem: ReproduçãoRuy Ramos era um jogador brasileiro cabeludo que fez sucesso no Verdy Kawasaki do Japão. O meia ficou de 1977 a 1996 no clube, virou ídolo e até se naturalizou. Mas fora de campo... "Ele sumia e os próprios dirigente falavam: 'Seu Pepe, o Ruy Ramos é o melhor jogador do time, se ele chega no dia do jogo, pode por pra jogar que não tem problema nenhum'. Às vezes ele ficava três, quatro dias sem treinar. Ele foi para o Japão novinho. Era danado e jogava bem mesmo sem dormir".
Imagem: Marcelo Soubhia/Folha Imagem