Mas o vencedor do primeiro combate da noite foi impedido de assistir ao resto do evento ao vivo. Por questões de segurança, os atletas são reunidos após suas lutas em uma sala reservada onde podem assistir ao evento com comes e bebes. Paulo Borrachinha então precisou ver o primeiro UFC de que participou da mesma forma que viu todos os outros: pela TV.
Quando Vitor Belfort foi nocauteado por Kelvin Gastelum também no primeiro round frustrando a torcida cearense no ginásio, os jornalistas se reuniram para ouvi-lo comentar sua terceira derrota consecutiva na carreira. Borrachinha e seus técnicos foram levados de volta ao hotel em um ônibus fretado.
Então, no meio de uma entrevista, eu recebi a notícia que todo lutador do UFC sonha em ouvir depois de uma luta. Puxei o celular e procurei o nome de Borracha no Whatsapp. “Seu irmão ganhou o bônus”, escrevi.
Ele achou que eu tivesse feito uma pergunta. “Ainda não sabemos”, respondeu.
“Ganhou”, insisti. “O quarto bônus por melhor performance.”
Borracha mostrou o celular ao irmão e os dois começaram a celebrar no ônibus. Uma chuva fina caía sobre Fortaleza desde o meio da noite. “Vou descer do ônibus e sair correndo na chuva depois dessa”, me escreveu de volta o lutador. Essa é a típica reação que você espera ter quando descobre que ficou 50 mil dólares mais rico.
Ao todo, Paulo Borrachinha e sua equipe faturaram 72,5 mil dólares (R$ 230 mil) naquele sábado. Antes disso, o maior prêmio que ele havia ganhado na vida tinha sido de R$ 7 mil em um torneio nacional.
Já eram quase 4h da manhã quando ele entrou no hotel para sua primeira noite de pura tranquilidade e alívio, após dois meses de treinos intensos, dieta, socos, chutes e ameaças de morte. Quando ele finalmente conseguiu dormir, o dia já estava claro.