Os times de Luiz Felipe Scolari sempre tiveram uma marca: o centroavante alto na área. Era Jardel no Grêmio, Oséas no Palmeiras. Quando ele chegou para sua terceira passagem no Palestra Itália, muita gente disse que ele não teria um desses para trabalhar.
O time vinha se dando bem com Borja, um atacante muito mais de enfiadas na diagonal, e Willian, improvisado lá na frente. Deyverson? Esse não contava. O centroavante da “casquinha”, que tinha chegado a pedido de Cuca em 2017, era carta fora do baralho. Só que não foi.
Felipão fez o futebol do centroavante aparecer pela primeira vez com a camisa do Palmeiras. A vitória sobre o Grêmio neste domingo, que manteve o Palmeiras com três pontos de vantagem na liderança no Brasileirão, é o exemplo perfeito de como o jogador tem sido usado - e de sua importância nesta excelente fase alviverde.
Deyverson marcou duas vezes, ambos gols típicos de centroavante que Felipão adora. O primeiro, com um toque sutil de bico, chegando na frente do zagueiro. O segundo, após brigar pela bola com o (mesmo) defensor. Já são sete gols com a camisa verde no torneio, todos após a chegada do novo treinador. Não à toa, ele é o artilheiro da nova Era Scolari: atrás dele, Dudu e Lucas Lima têm quatro gols cada.
E olhe o índice de aproveitamento: Deyverson marca a cada quatro finalizações. Número altíssimo para jogadores de ataque que estão sempre chutando para ao gol. Contra o Grêmio, ele não foi só quem mais finalizou no jogo, três vezes. Foi também um dos que mais faltas recebeu, derrubado quatro vezes – e ainda cometeu, ele mesmo, mais duas (uma delas em ação defensiva). E ainda interceptou uma bola, trombou com zagueiros e atrapalhou o adversário.
É verdade que traços do centroavante polêmico que conseguiu o feito de estar suspenso simultaneamente nas três competições que o Palmeiras disputava apareceram. No segundo tempo, ele reclamou de marcações e deu chutões na bola depois do apito do juiz que poderiam render um cartão amarelo – já são quatro no Brasileirão. Mas ele saiu do Pacaembu sem ser advertido, mais um ponto positivo para o Palmeiras que, quando percebeu que o jogador tinha questões comportamentais que afetavam seu rendimento, acionou seu departamento de psicologia esportiva.
O Deyverson, se ele tomar uma maracugina antes do jogo, vai muito bem".
Felipão, sobre o temperamento de seu centroavante.
"Duvido que tenha um zagueiro que goste de jogar contra ele. É muito chato, incomoda toda hora, não perde bola por cima. É um jogador que ainda tem de aprender uma ou outra coisa de parte técnica, mas, do restante, dá ao grupo o que ele precisa em momentos decisivos", completa o técnico.
Somando o efeito Deyverson à série invicta do time com Felipão (já são 14 jogos sem derrotas, com 11 triunfos, incluindo a vitória sobre o Paraná Clube, sob o comando de Wesley Carvalho), o Palmeiras parece cada vez mais forte no torneio. Será que Internacional e Flamengo, agora os times mais próximos, vão conseguir segurar o Palmeiras e o “anjo loiro”?