Hora de balanço

Times de posse de bola dominam zona de Libertadores do Brasileirão, mas líder São Paulo contra-ataca

Alexandre Schneider/Getty Images

(Não) Seguem o líder

Mesmo na vitória por 2 a 0 sobre a Chapecoense neste domingo, no Morumbi, o São Paulo ficou menos com a bola do que seu adversário. Os catarinenses tiveram 54% de posse. No total, em 19 partidas, a média tricolor é de 47,6%. Ocupa a 14ª posição nesse quesito. Então esta é a confirmação de que, no Brasileirão, o que vale é jogar pelo contra-ataque? 

Ao final do primeiro turno, alguns de seus concorrentes mais próximos ousam pensar o contrário. Sete dos oito primeiros lugares no ranking de posse de bola se replicam entre as oito melhores campanhas. Essa lista vai dos 55,6% do Grêmio aos 51,4% de Cruzeiro e Internacional (empatados em oitavo), passando por Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras e Corinthians. 

O São Paulo é o terceiro time que mais comete faltas, o sexto que menos finaliza a gol, o terceiro que mais investe em bolas longas e o sétimo, em chuveirinhos. Por outro lado, é o quarto que mais acerta o alvo percentualmente e o segundo em desarmes. Para quem gosta de bola no chão, o líder não é o time ideal. 

Mas podem ter certeza de que o técnico Diego Aguirre, seus jogadores e grande parte de sua torcida não se importam com isso. O São Paulo não só fecha o turno à frente, como ainda consegue aumentar sua vantagem para três pontos sobre o (novo) segundo colocado, o Internacional. Também supera até mesmo seu próprio rendimento durante o tricampeonato com Muricy Ramalho entre 2006 e 2008.

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Veja os gols da rodada

Foram bem

  • Everton (São Paulo)

    Se não bastasse sua aplicação pela ponta, ainda desequilibra com habilidade, como na jogada espetacular do 1º gol contra a Chape

    Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images)
  • Raphael Veiga (Atlético-PR)

    O meia marcou um gol e deu passe para outro durante a blitz atleticana para cima do Flamengo em grande vitória

    Imagem: Jason Silva/AGIF
  • Luan (Grêmio)

    Jogando próximo à área, o meia-atacante relevado por Tite representou perigo ao Corinthians no triunfo por 1 a 0

    Imagem: Lucas Uebel/Grêmio
  • Deyverson (Palmeiras)

    O atacante anotou dois gols contra o Vitória no Barradão e faz da disputa com Borja um grande debate para Felipão

    Imagem: TIAGO CALDAS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Foram mal

  • Hernán Barcos (Cruzeiro)

    Contratado para a vaga de Fred, o veterano perdeu gol incrível e agora soma seis partidas seguidas em jejum

    Imagem: Pedro Vilela/Getty Images
  • Bou (Vitória)

    O argentino perdeu os duelos que tentou com Gustavo Gómez e falhou quando teve chance para finalizar

    Imagem: Divulgação
  • Diego Torres (Chapecoense)

    Lento, ganhou mais uma chance como titular, mas não conseguiu organizar o time em jogo com mais posse de bola

    Imagem: Liamara Polli/AGIF
  • Pedro Henrique (Corinthians)

    O jovem zagueiro sofreu para marcar Everton, chegando atrasado em algumas jogadas, como na do gol gremista

    Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Alexandre Schneider/Getty Images Alexandre Schneider/Getty Images

Frases da rodada

Está dando certo [dar a bola para o adversário]. Temos 41 pontos. Estamos numa posição que muitos não acreditavam há três meses. Estamos com postura de vencedores

Diego Aguirre

Diego Aguirre, aos poucos, se soltando no São Paulo

Foi importante essa vitória após a Copa do Brasil. Voltamos com tudo. Meu time joga o melhor futebol do Brasil, seja onde e contra quem for. Foi mais uma atuação de gala
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Renato Gaúcho

Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, sempre ele

Faltava um gol para tirar o peso e valorizar o trabalho. Venho trabalhando isso todos os dias, batendo faltas todo dia após as atividades

Camilo

Camilo, autor do gol salvador do Inter

Felipão veio com outra característica. Isso me deu mais oportunidade para poder jogar, mostrando meu futebol e minha vontade de vencer

Deyverson

Deyverson, após mais dois gols pelo Palmeiras

Acho que foi meu primeiro toque na bola. Sempre procurei ajudar, por mais que as pessoas não me reconheçam tanto em alguns momentos

Luan, em busca de reafirmação no Atlético-MG

O início foi desastroso. Cometemos erros em excesso

Maurício Barbieri

Maurício Barbieri, técnico do Flamengo, tentando processar os 3 gols em 21 minutos em Curitiba

Destaques do primeiro turno

Muitos treinadores já perderam ou mudaram de emprego. Mas há boas novidades

Ricardo Duarte/SC Inter Ricardo Duarte/SC Inter

Novos caminhos

Marcel Rizzo, blogueiro do UOL Esporte, já informou que as 19 trocas de treinador neste primeiro turno representam um recorde do Brasileirão em seu atual formato. Não é fácil tocar a profissão por aqui, sabemos. Então se torna ainda mais relevante o fato de que, em sua metade, o campeonato registre o sucesso de muitos técnicos estreantes, à esteira do sucesso obtido por Fábio Carille e Corinthians no ano passado. 

Em tempo: bom dizer que, entre tantas mudanças, nem sempre a decisão partiu do clube. Como a saída do próprio Carille rumo à Arábia Saudita nos diz. 

De qualquer forma, envolvidos em um cenário tão instável, nomes como Odair Hellmann (Inter, segundo colocado), Mauricio Barbieri (Flamengo, terceiro), Thiago Larghi (Atlético-MG, quinto) vão se segurando. Seus times estão na zona de classificação para Libertadores e têm chance de título. 

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Decepções

  • Fernando Diniz

    O técnico sempre disse que não precisaria de muito tempo para por seu sistema em prática. Acabou demitido com aproveitamento de apenas 25% e de 34,9% em 21 jogos no total pelo Atlético-PR

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
  • Roger Machado

    Muito elogiado pelo trabalho que entregou pelo Grêmio, fazia boa campanha pela Libertadores, mas viu o Palmeiras sofrer com irregularidade no Brasileiro. Mais uma vez demitido à frente de elenco caríssimo

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Jair Ventura

    Badalado por tirar muito de pouco em seus tempos de Botafogo, empacou no Santos. Faltava um meia, mas não encontrou soluções, ao mesmo tempo em que a postura cautelosa do time irritou a torcida

    Imagem: REINALDO REGINATO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Eles chegaram

  • Paquetá (Flamengo)

    Sensação, o meio-campista de 20 anos tem jogo vigoroso e mais maduro taticamente do que a idade sugeriria

    Imagem: Buda Mendes/Getty Images
  • Pedro (Fluminense)

    Após investir em muitos veteranos, o clube se voltou ao artilheiro da base, em seu 3º ano como profissional, aos 21

    Imagem: REUTERS/Javier Calvelo
  • Rodrygo (Santos)

    Aos 17, o caçula é muito jovem para levar um time em crise nas costas. Mas certamente alivia a angústia

    Imagem: Marco Galvão/FotoArena/Estadão Conteúdo
  • Iago (Internacional)

    O lateral esquerdo de 21 anos ganhou massa muscular para ajudar em suas subidas providenciais com a bola

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Eles reagiram

  • Dedé (Cruzeiro)

    Nos últimos três anos, combalido fisicamente, o zagueiro havia feito 13 jogos. Hoje está na seleção

    Imagem: Vinnicius Silva/Cruzeiro
  • Róger Guedes (Atlético-MG)

    Foi tão bem em BH que ainda é o vice-artilheiro com 12 jogos. Aí recebeu oferta da China

    Imagem: Pedro Vale/AGIF
  • Romero (Corinthians)

    Muitas piadas já foram feitas sobre o jogador, mas agora só corintianos sorriem

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Diego Souza (São Paulo)

    De candidato a jogar a Copa a quase emprestado ao Vasco, o veterano se tornou referência

    Imagem: Paulo Paiva/AGIF
Ricardo Duarte/Internacional Ricardo Duarte/Internacional

Ofensiva gaúcha

A segunda-feira sempre vai ter provocações boleiras em Porto Alegre. Mas dessa vez nenhum dos lados, Grêmio ou Internacional, devem se importar tanto assim com o que o outro diz. Pelo menos quando o assunto é o Brasileirão, a fase é boa para ambos.

Após jogar em duas segundas-feiras, fora, o Inter voltou ao final de semana e ao Beira-Rio e bateu o Paraná por 1 a 0 com gol de falta do meia Camilo no sexto minuto de acréscimo do segundo tempo. Dramático assim, para valer a vice-liderança. Foi a quarta vitória seguida da equipe que se concentra neste campeonato desde abril, quando foi eliminado da Copa do Brasil.

O Grêmio, que venceu o Corinthians no Itaquerão, vem em arrancada semelhante. Mesmo poupando muitos de seus principais jogadores, o time de Renato Gaúcho está invicto nas últimas cinco rodadas. Foram quatro triunfos e um empate. O mais impressionante é que, em meio a essa sequência, bateram São Paulo e Flamengo.

REUTERS/Paulo Whitaker REUTERS/Paulo Whitaker
Lucas Uebel/Grêmio Lucas Uebel/Grêmio

Sonhar é possível?

O Grêmio é um dos clubes incomodados com a coincidência entre jogos do calendário brasileiro e as primeiras datas Fifa após a Copa do Mundo. O time, em tese, deve ceder o atacante Everton à seleção brasileira e o zagueiro Kannemann à Argentina. O presidente do clube, Romildo Bolzan Jr., porém, ainda espera contornar essa situação. 

Bolzan gostaria de ver adiadas todas as partidas do Brasileirão envolvendo convocados. Não que os gremistas tenham voz de comando na CBF. A ideia seria reunir os demais desfalcados e fazer um pedido formal e coletivo à entidade. Falar é fácil, claro. O problema é reunir um punhado de clubes brasileiros para pleitear qualquer coisa. 

Outra dificuldade: por que os clubes que não vão mandar atletas para seleção concordariam com a mudança de datas? Por exemplo, o Internacional, que tem Gre-Nal marcado para 9 de setembro. Este seria um dos jogos afetados pelos planos gremistas. Você já pode supor os arquirrivais pensam dessa sugestão...

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Vamos encontrar outros clubes. Não vamos reclamar isoladamente, mas de maneira organizada, sem favorecer ninguém. Que pelo menos se trabalhe a ideia de suspender a rodada para esses

Romildo Bolzan Jr.

Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, otimista

Não tem o menor fundamento. Talvez possam sugerir que a Fifa mude a data de seus jogos. Isso sempre aconteceu no Brasileiro. As equipes que trabalhem e esperneiem da maneira que quiserem

 Roberto Melo

Roberto Melo, vice de futebol do Inter, irredutível

Arte UOL

Palmeiras bombardeia fora de casa e Inter sofre contra retranca

Arte UOL

Excelentíssimo embaixador Bruno

O lateral Bruno, do Bahia, fez embaixadinhas no Mineirão. Abusado? Nada disso. Acionado pela direita, o veterano ex-São Paulo matou a bola no peito e a tocou mais cinco vezes com o pé, sem deixá-la cair. Detalhe: enquanto avançava rumo à linha de fundo. Foi uma grande jogada, na qual o veloz meia-atacante Rafinha ficou para trás. Mais objetivo, impossível: esta foi para não abrir margem nenhuma para polêmica.

Sem empolgar

Deyverson marcou dois gols no Barradão, mas não ouviu só aplausos por parte dos palmeirenses. Ao tentar fazer firula na ponta esquerda, com uma pretensa pedalada, e perder a bola, o atacante permitiu ao Vitória o contra-ataque.

Como o placar ainda era de 1 a 0 para  os visitantes, o volante Bruno Henrique não quis saber de brincadeira. Parou o lance com falta e depois jogou a bola para longe, para retardar a cobrança. Irado com a atitude displicente, esbravejou contra o companheiro. Isso antes mesmo de tomar um cartão amarelo!

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