Inhotim, 10

A primeira década e o futuro do parque sonhado das artes

Marina Maria Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

As definições de museu foram atualizadas

Museu ao ar livre? Conjunto de galerias? Jardim botânico? Impossível de caber em uma dessas definições, o Instituto Inhotim mistura obras de arte contemporânea - em galerias e ao ar livre - com jardins apinhados de espécies botânicas do mundo todo. Localizado em Brumadinho, cidade de 35 mil habitantes a 70 km de Belo Horizonte, se converteu, ao longo de dez anos, em um lugar para ver arte, sim, mas também para andar no meio da mata, observar espécies raras de pássaros, nadar numa piscina ao ar livre e até usar como cenário de fotos para o álbum de casamento.

A história deste éden artístico começa com Bernardo Paz, empresário mineiro que se tornou milionário exportando ferro e aço. Nos anos 90, quando já possuía uma boa coleção de arte contemporânea, um acidente vascular cerebral o distanciou dos negócios. Decidiu, então, investir em um projeto pessoal: a transformação de sua fazenda, localizada na região conhecida como Inhotim, em um grande jardim. Por incentivo da artista plástica Adriana Varejão, sua ex-mulher, e dos amigos também artistas Tunga e Cildo Meireles, foi povoando o terreno com suas obras e comprando as terras em volta da fazenda para expandir o espaço.

Em 2002, Bernardo decidiu abrir para o resto do mundo aquilo que, até então, era privilégio só de seus pares. Fundou o Centro de Arte Contemporânea Inhotim (Caci), que funcionava apenas para visitas agendadas. Quatro anos depois, o nome perdeu a sigla e o Inhotim abriu as portas para o público geral.

Nome da região onde o Instituto foi criado, a palavra Inhotim, aliás, tem origem controversa, já que há mais de uma teoria sobre seu significado. A mais popular é a de que um minerador inglês, o "Sir Timothy", teria morado na área. O pronome "sir", em português "senhor", era muitas vezes falado como "nhô". Daí para "nhô Tim" foi um pulo.

Em dez anos, a área de visitação aumentou de 13 para 140 hectares. É preciso ânimo, sapatos confortáveis e muito protetor solar para percorrer o espaço, impossível de ser conhecido totalmente em apenas um dia. Há carrinhos que transportam os visitantes para alguns trechos, mas não dá para escapar de longas caminhadas. Ainda bem, pois no caminho entre uma galeria e outra, é possível admirar o paisagismo, com projeto inicial de Burle Marx, e elaborar o que os olhos viram.

Além disso, só a pé é possível esbarrar com uma obra de arte que poderia passar despercebida, como o iglu do artista Olafur Eliasson, ou com uma das maiores e mais belas árvores do parque, o Tamboril. E se o cansaço bater, lugares para descansar não faltam - para isso, os quase cem bancos de madeira do designer Hugo França espalhados pelos jardins são perfeitos.

É nesse intervalo entre a exuberância da natureza e a beleza produzida pela humanidade que o Inhotim ganha sentido. Dos estudiosos de arte àqueles que preferem pular a visita aos museus, é difícil sair do Inhotim sendo a mesma pessoa que entrou.

Um patrimônio em números

  • 140 hectares

    de área, sendo quase 97 de área de visitação

  • 23 galerias

    além de obras ao ar livre, jardins e dois lagos

  • 265

    artistas (75 brasileiros e 190 estrangeiros)

  • 1300

    obras, das quais 700 estão expostas

  • 42 milhões

    de reais é o orçamento anual (25% de empresas de mineração, 56% da Lei Rouanet e o restante da bilheteria)

  • 14

    meses foi o maior tempo de montagem de uma obra: a Sonic Pavilion, de julho de 2008 a setembro de 2009

  • 11.229

    foi o recorde de público diário, atingido no dia 27 de julho de 2016

  • 1.400

    palmeiras, constituindo uma das mais relevantes coleções do mundo

  • 700

    funcionários -80% do quadro é formado por moradores de Brumadinho

  • 5.000

    espécies botânicas, que representam mais de 28% das famílias conhecidas

Tour virtual

Um passeio pela paisagem e obras do parque das artes

5 pérolas "escondidas", por Marta Mestre, curadora

  • "Vegetation Room", de Cristina Inglesias

    Artista cuja obra tem referências da literatura fantástica do século 19 e ficção científica, Iglesias concebeu um jardim fechado especificamente para um clareira na mata de Inhotim. A obra consiste em uma estrutura espelhada, imersa na natureza, promovendo encontros sensoriais.

    Imagem: Divulgação
  • Galeria Lygia Pape

    A carioca Pape participou ativamente de movimentos de renovação da arte brasileira, como integrante de grupos como Frente e Neoconcreto, tem um pavilhão com suas obras no instituto. A mais famosa, "Ttéia", impressiona pelas colunas de fios que simulam feixes de luz.

    Imagem: Divulgação
  • Galeria Carroll Dunham

    Desde a década de 1970 o americano vem produzindo uma obra que se destaca por explorar a relação entre abstração e figuração. Estas pinturas de árvores estão instaladas numa casa que foi um dia o centro de uma fazenda, com vista para o campo ao redor - um espaço tanto de descanso quanto para contemplá-las.

    Imagem: Divulgação
  • "Beehive Bunker", de Chris Burden

    Localizada na parte mais alta do Inhotim, a escultura simula uma estrutura bélica de defesa, construída sem o auxílio de máquinas. Foram utilizados 322 sacos de concreto instantâneo, dispostos em camadas estruturadas, mediante um sistema de irrigação que as torna compactas.

    Imagem: Divulgação
  • Galeria Valeska Soares

    Na instalação, situada ao fim do lago e cercada por um jardim, o espectador se percebe como parte de uma dança que é projetada nas paredes espelhadas do interior. As múltiplas imagens fazem com que os dançarinos se aproximem e se afastem, envolvendo o visitante ao som de ?The Look of Love?, de Burt Bacharach.

    Imagem: Divulgação

Como isso veio parar aqui?

Carnaval, tragédia e performance por trás das obras

Inhotim, modos de usar

  • Adriano Santana (S.J. do Rio Preto, SP) e Fábio Vargas (Medelim, Colômbia)

    Hospedados no mesmo hostel em BH, o colombiano Fábio e o paulista Adriano resolveram dividir o trajeto e aproveitar a companhia na primeira visita. Fábio se encantou com as obras de Adriana Varejão. "A beleza desse lugar é difícil de achar no mundo, não existe algo assim na Colômbia" Já Adriano elegeu como favorita "Desvio para o vermelho", de Cildo Meireles. "Foi incrível entrar naquela sala onde tudo é vermelho."

    Imagem: Nidin Sanches / UOL
  • Priscila, Adriana e Josué Freire (BH) e Isabel Chagas (Lagoa da Prata, MG)

    A família já esteve algumas vezes no Inhotim e volta sempre com a mesma missão: levar um amigo ou parente para conhecer o instituto. A cada vez, passam nas obras favoritas, como as bolas espelhadas de "Narcissus garden", de Yayoi Kusama. Eles ressaltam, no entanto, que a parte que mais gostam é do paisagismo. "Aqui temos sempre a sensação de ter viajado para muito longe", diz a mãe, Priscila.

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  • Aira Durette e Taís Ribeiro (Belo Horizonte, MG)

    Nada de jantar à luz de velas ou cinema: Aira e Taís escolheram comemorar o primeiro ano de namoro no Inhotim. Aira, que visitava o espaço pela quarta vez, diz que o que mais atrai são as caminhadas no meio das plantas e flores. Taís, estreante, queria mesmo ver as obras de arte. E por que escolher o Inhotim como o lugar dessa celebração? "Desde que começamos a namorar falamos em vir aqui, então fez sentido vir juntas numa data especial", disse Aíra.

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  • Ivanoé e Marília Tonussi (Barbacena, MG)

    Não falta pique para Ivanoé e Marília. O casal está acostumado a viajar pelo Brasil e pelo mundo e se dizem bons de caminhada. Em um intervalo entre uma galeria e outra, os dois decidiram sentar e admirar a beleza de um dos bancos de Hugo França espalhados pelo parque: "Até com isso estou impressionada", conta Marília, depois de explicar que os dois gostam muito de visitar museus, mas nunca encontraram um com tanta beleza natural.

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  • Dan Napoleone (Belo Horizonte, MG)

    Fotógrafo e apaixonado por história da arte, Dan acabou adiando sua ida ao Inhotim por ter morado fora, em Londres e Nova York. Em sua primeira visita, destacou a Galeria Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D?Almeida e a obra "True Rouge", de Tunga, além da ausência de paredes em algumas galerias. "Essa possibilidade de distanciar [as obras] do concreto dos museus tradicionais e aproximar da natureza tem tudo a ver com arte contemporânea".

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  • Heitor, Ana Beatriz e Vitor (Belo Horizonte, MG)

    Com mapa em mãos e muito decidido de que caminho tomar, Heitor avisa o resto do grupo de crianças: "Vamos agora no G10, ouvir o barulho da terra, pela rota rosa". O líder da turma se referia a "Sonic Pavilion", de Doug Aitken, onde um furo de 200 metros de profundidade no solo tem microfones instalados e capta o som da Terra. "Veterano" de visitas, ele conta que já sabe decifrar os caminhos desenhados no mapa.

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Tunga: universo em expansão

Inhotim e Tunga são mundos em simbiose. De um lado, o artista foi um dos grandes responsáveis por incentivar Bernardo Paz, o fundador do Instituto, a levar o projeto para frente e torná-lo público. Do outro, o projeto permitiu a exposição de suas obras de forma ampla e mais acessível ao público brasileiro. Nada mais simbólico, então, do que unir as comemorações de 10 anos do espaço a uma homenagem a Tunga, que faleceu em junho deste ano, aos 64 anos, vítima de câncer.

Tunga já nasceu Tunga. O registro na certidão de nascimento é Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão, mas quem o apelidou - ou nomeou, no final das contas -  foi o irmão, antes mesmo de do artista vir ao mundo. O documento também declara que Tunga é natural de Palmares, em Pernambuco, do dia 8 de fevereiro de 1952. No entanto, alguns familiares contestam essa informação, dizendo que ele nasceu no Rio de Janeiro, onde morou durante grande parte da sua vida.

O artista  sempre usou esse entremeado de narrativas para fabular sobre a própria vida, encontrando na arte uma forma de se encontrar. Construiu sua linguagem com um alfabeto de materiais como madeira, vidro, cobre e ferro e símbolos como tranças, correntes, ímãs e ossos. Vários destes elementos estão em "True Rouge", uma das primeiras obras montadas no centro de arte de Brumadinho. Paz comprou a instalação de Tunga em 1994, dois anos depois de sua criação, e em 97 o trabalho já estava instalado em Inhotim, onde ocupa 150 metros quadrados.

Pelo Facebook, Bernardo Paz lamentou a morte do artista reforçando seu papel no início do Instituto.

“Foi um grande amigo meu, talvez o melhor. Foi quem mais me ajudou a fazer o Inhotim. Ele queria muito que desse certo. Veio para o Inhotim e ficamos muitos meses montando suas obras”, lembrou.

Ele também falou de como Tunga foi fundamental para despertar seu interesse pela arte contemporânea: “O trabalho dele é uma coisa estonteante, me pegou no primeiro dia que eu vi. Quis saber de onde vinha aquela loucura toda, aquele espetáculo”, escreveu.

Em 2012, foi construído um novo pavilhão para receber trabalhos de diferentes momentos do artista, com obras dos anos 70 até 2010. A Galeria Psicoativa Tunga, a maior do Inhotim, foi construída com a lógica de três anéis: o primeiro, no centro, tem a exibição do filme “Ão”, de 1980, que mostra uma mesma cena em looping, filmada em um túnel no Rio de Janeiro, ao som da música “Night and Day”, de Frank Sinatra. O filme gira na sala, criando um círculo em torno do qual todos os outros trabalhos do espaço orbitam.

O segundo anel contém as obras, dispostas com um espaçamento que permite ver cada uma sob vários ângulos. O terceiro é a própria floresta, já que a galeria não possui paredes, apenas vidros, dando ao visitante uma visão de 360 graus da mata do entorno. Tunga descreveu a galeria como uma metáfora de um acelerador de partículas: cada pessoa que entra no local é a representação de uma partícula, e a interação entre elas, ou seja, o somatório dessas experiências, seria o que definiria o espaço.

À primeira vista, o local pode parecer embaralhado, sem indicação de onde começa e termina. Intuitivamente, o visitante vai aprendendo a navegar, alcançando alguns detalhes e perdendo outros, num movimento contínuo. Nesta confusão, está o coração do trabalho de Tunga. Em seu livro “Barroco de Lírios”, ele assim se define:

“Sempre gostei de bagunça. Não de ordem nem de desordem. De bagunça. O que tenho na mão vou mexendo até perder, pra depois achar de novo.” 

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Os próximos 10

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Em busca da sustentabilidade prometida

Um hotel, um anfiteatro, uma vila e novas galerias são os projetos no horizonte do Inhotim para os próximos dez anos. O objetivo, de acordo com o diretor executivo Antônio Grassi, é atingir a sustentabilidade econômica por meio de iniciativas que façam sentido para o conceito do espaço, firmando o Instituto como um “estado de espírito” muito mais do que um museu ou jardim botânico.
 
O projeto mais próximo de ser concretizado, com previsão de inauguração para o ano que vem, é o hotel de luxo, projetado pela arquiteta mineira Freusa Zechmeister. “A ideia é que este empreendimento desperte o interesse de investidores para construção de outras hospedagens, inclusive com quartos criados por artistas”, conta Grassi. O hotel está sendo construído próximo à Galeria Lygia Pape e será operado pelos proprietários do resort Txai. 
 
O diretor explica que as novas galerias, que vão abrigar obras adquiridas ou recebidas como doação nos últimos anos de artistas como Anish Kapoor, Gerhard Richter e Yayoi Kusama, aguardam investimentos para sair do papel. 

A ampliação de Inhotim é complexa, por isso trabalhamos com o modelo em que as galerias podem ser patrocinadas por empresas. No futuro, queremos ainda montar um círculo de patronos que possam adotar os espaços e serem seus mantenedores."

Outra maneira de atrair capital para o Inhotim será a construção de uma ecovila, ainda sem prazo de implantação, que será uma espécie de condomínio próprio, onde os moradores poderão usufruir da estrutura do instituto. A ideia é formar uma comunidade com uso de fontes de energia alternativa, construções de baixo impacto ambiental e produção própria de alimento orgânico. 

 

Divulgação Divulgação

Tão perto, tão longe

Inhotim tornou-se um catalisador econômico em uma região cuja atividade principal sempre foi a mineração. O instituto impulsionou o turismo no município de 35 mil habitantes: em dez anos, a estrutura hoteleira da cidade e região pulou de 300 para 1.300 leitos disponíveis. Os hotéis e pousadas têm média de ocupação de 90% o ano inteiro.

Diretora executiva adjunta do Inhotim, Raquel Novais conta que além dos empregos indiretos, o instituto é hoje o segundo maior empregador privado da região, atrás apenas da Vale. Cerca de 80% dos 700 funcionários do museu são locais e, a maioria deles, entre monitores, recepcionistas, vigilantes, motoristas, jardineiros, empregados de manutenção, garçons e guias, são jovens de 18 a 25 anos que estão no seu primeiro emprego.

Todos são incentivados a entrar na universidade, recebendo ajuda de custo de até 50% da mensalidade do curso escolhido, dependendo da faixa salarial. “Nosso objetivo não é só gerar emprego, é criar possibilidades de mobilidade social e cultural, de mudança de vida”, diz. O Instituto mantém ainda projetos educativos com 400 professores e 8 mil alunos das escolas da região, incluindo também municípios como Contagem, Betim, Sarzedo e Mário Campos. Também oferece meia-entrada aos moradores de Brumadinho.

Ainda que tenha colocado Brumadinho no mapa do turismo nacional e internacional, a presença do Inhotim não alterou totalmente a rotina da cidade. Em um feriado, dia cheio no instituto, poucas lojas do centro abrem pela manhã. Ao meio-dia, é difícil achar um restaurante funcionando. Na quarta-feira, dia de visitação gratuita, o trânsito congestiona as vias centrais, mas os estabelecimentos - como em qualquer cidade do interior - não estão cheios de compradores.

Altair Gonçalves, morador da cidade há 20 anos, sente que a cidade ficou mais movimentada após a abertura do vizinho famoso, mas não percebe tanta diferença no desenvolvimento local. Dono de um restaurante há cinco anos em um dos principais acessos ao Inhotim, ele diz que em janeiro, por conta da época de férias, recebe alguns turistas. No resto do ano, no entanto, sua clientela é predominantemente local.

“O que impacta mesmo no meu negócio é a mineração. Por conta da crise no setor, meu movimento caiu mais de 50% no último ano”, explica.

A cidade tem a oitava maior arrecadação do estado com exploração do minério. Em 2015, foram R$ 25,6 milhões recebidos por meio de royalties de exploração mineral, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Mesmo que ainda respire mais minério do que arte e cultura, Brumadinho está buscando novos ventos para impulsionar o desenvolvimento local. O secretário municipal de Turismo e Cultura, Rodolfo Oliveira Lacerda, explica que há uma tentativa de reposicionar a cidade nesse sentido. 

“O turismo, a arte e a cultura já estão dando uma cara nova para o município e o Inhotim tem papel fundamental nessa mudança.”

Nos últimos anos, ele destaca principalmente a participação do instituto no desenvolvimento do artesanato local, promovendo capacitações e fomentando a produção em grupos como o Descoberta, que faz artesanato com cobertores, e as cerâmicas Oti, produzidas pela comunidade quilombola do Sapé.

Para além do turismo, o secretário acredita que é preciso uma mudança de identidade da cidade, onde boa parte dos donos de novos negócios são de fora. “Há o desafio de se estruturar a cidade para o crescimento, para o desenvolvimento do comércio local, mas precisamos também trabalhar essa sensação de pertencimento nos moradores, para que possam aproveitar as oportunidades que estão surgindo no município”, defende.

Edição: Amauri Arrais  Reportagem: Marina Maria, colaboração para o UOL, em Belo Horizonte  Imagens: Nidin Sanches/UOL e Divulgação/Instituto Inhotim

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