Cartazes e manifestações políticas à parte, é certo que a passagem do brasileiro "Aquarius" pelo festival francês, neste ano, e a boa acolhida que recebeu da crítica internacional, já conferem ao longa pernambucano uma dianteira folgada na briga pela vaga brasileira por uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro.
Apesar de aparecer na lista de favoritos de alguns críticos, com muitos elogios à atuação de Sonia Braga e à direção de Kléber Mendonça Filho, "Aquarius" deixou a França de mãos abanando, mas já garantiu distribuição em 16 países: Itália, Bélgica, Suíça, Espanha, Portugal, Noruega, Dinamarca, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Grécia, Turquia, Croácia, Bósnia, Eslovênia e Sérvia. No Brasil, a estreia prevista para agosto também deve ser adiantada.
Não são poucos, aliás, os filmes que começam em Cannes e chegam quase um ano depois a uma indicação ao Oscar de língua estrangeira mesmo sem ter ganhado nenhum grande prêmio na França --foi o caso do argentino "Relatos Selvagens" (2014) (grande sucesso de bilheteria por aqui e em seu país), do russo "Leviatã" (2014), do mauritanês "Timbuktu" (2014), do colombiano "O Abraço da Serpente" (2015), do francês "Cinco Graças" (2015), do dinamarquês "A Caça" (2012), do chileno "No" (2012) e do italiano "A Grande Beleza" (2014), este vencedor da estatueta dourada. O húngaro "O Filho de Saul", vencedor do Grande Prêmio do Júri (espécie de segundo lugar em Cannes) em 2015, foi o último a levar o prêmio de filme estrangeiro.
O Festival de Cannes também impulsiona os filmes de língua inglesa na corrida do Oscar. Em 2015, duas produções começaram a carreira na Croisette e fizeram bonito nas indicações da Academia no final do ano: "Divertida Mente", vencedor da estatueta de melhor animação; e o drama "Carol", que deu a Palma de atriz a Rooney Mara e teve seis indicações ao prêmio da Academia.