Que atire a primeira pedra quem nunca entoou o refrão de "Ai Se Eu Te Pego". A música-chiclete cantada por Michel Teló deu cara e voz a uma então nova forma de fazer sertanejo, levando o gênero de volta ao topo das paradas. Seis anos depois, o cantor segue como referência no meio, mas as canções deixaram de ser 100% baladeiras para ganhar uma pitada de romance e conversar com as raízes do ritmo que estão em seu novo projeto.
Na vida pessoal, a família cresceu rápido e ganhou o carinho do público na mesma velocidade. Do sertanejo de balada, Teló virou paizão de família. Ou melhor, o pai da Melinda e do Teodoro. Os bebês, frutos do casamento com a atriz Thais Fersoza, de 33 anos, nasceram com menos de um ano de diferença e conquistaram corações com a superexposição nas redes sociais.
Com o fim da licença paternidade, o cantor de 36 anos começa agora uma maratona. Gravações do "The Voice", série no "Fantástico" e um show novo com repertório clássico e também inédito do projeto "Bem Sertanejo". Entre um compromisso e outro, Michel Teló recebeu o UOL para uma prosa sobre música e a fase paizão.
Minhas novas canções já não falam mais tanto de balada. Tem ainda [o tema] porque gosto. Eu e a Thais, quando a gente viaja ou está de férias, fazemos nossas festas...
Oh, vida amargurada / Quanta dor que sinto / Nesse momento em meu coração / Oh, que saudade dela / Não aguento mais / Vou lá na vendinha / Vou tomá um pingão
E quando vejo / Já tô ouvindo uns modão duído, sofrido / Tô enchendo a comanda da mesa / Ô, saudade que gera despesa e prejuízo
Divulgação Há três anos, Teló assumiu o desafio de revisitar a história da música sertaneja com o projeto "Bem Sertanejo". De lá para cá, rodou o país com duas temporadas de uma série exibida no "Fantástico", lançou um livro de mesmo nome sobre a experiência, gravou um disco de parcerias, estrelou um musical e acaba de lançar um DVD com o show ao vivo gravado em Curitiba. Os representantes do novo sertanejo cantam as 11 canções inéditas. Mas o objetivo segue sendo a celebração dos clássicos do gênero, o tal sertanejo raiz. "É um desafio escolher um repertório para contar a história da música sertaneja. Você não consegue resumir em 30 canções uma história de cem anos."
Paranaense de Medianeira, mas criado no Mato Grosso do Sul, Michel Teló circula fácil entre os artistas da velha e da nova geração. Seu novo trabalho revisita clássicos como Tonico & Tinoco, passando pela fase romântica consagrada por duplas como Zezé Di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo, e chega até aos amigos Jorge & Matheus e às duplas femininas que explodiram nos últimos anos. O cantor tem orgulho do papel de "professor" dessa nova geração. "As possibilidades são infinitas. [O 'Bem Sertanejo'] É um projeto que eu posso levar para minha vida. Posso fazer vários porque a música sertaneja é tão rica. São tantas canções, tantas histórias, tanto conteúdo para se falar e se contar que dá para ter muitos ainda."
Raphael Castello/AgNews Além de testar suas habilidades como entrevistador no "Fantástico", Teló se arriscou nos tablados dos teatros ao lançar, em abril deste ano, o musical do projeto "Bem Sertanejo". A ideia é repetir em breve o espetáculo que marcou sua estreia como ator e lotou sessões nas sete cidades por onde passou. "A minha vida sempre foi a música. O musical é uma coisa de ator, mas eu estava muito dentro da minha área, eu estava muito em casa", diz Teló. Outro desafio recente e executado com precisão por ele foi a função de técnico no "The Voice Brasil", no qual se sagrou campeão nas duas temporadas das quais disputou. "Eu me divirto no 'The Voice', no 'Bem Sertanejo', nos shows, no musical. É um mundo dentro da música".
Divulgação/Globo Michel Teló chegou ao "The Voice" na quarta temporada ocupando o lugar de outro cantor sertanejo, Daniel. A intuição de novato funcionou e o calouro Renato Vianna levou o troféu. "Foi trabalho e feeling. Quando ele me escolheu, eu já tinha quase certeza que a gente ia ganhar o programa"
Caiua Franco/Globo Um ano depois de estrear ao programa, Teló apostou na experiência, usou as estratégias da competição e, mais uma vez, levou o troféu para uma de suas pupilas, a cantora Mylena Jardim. "Assim que eu roubei a candidata da Claudia Leitte, já falei: 'Agora vou ganhar'."
Reprodução/Instagram/@ivetesangalo Na nova edição, Ivete Sangalo reforça o time de jurados no lugar de Claudia Leitte. E a estratégia de Teló? "Vou roubar da Ivete agora", brinca. O cantor é só elogios às colegas: "Ivete é extremamente carismática; a Claudia, também. A briga vai continuar difícil."
Reprodução/Instagram/@micheltelo "Meus dois avôs cantavam muito bem. O nono Primo, por parte de mãe, cantava na igreja. Era um Pavarotti, tomava conta. Cantava muito alto e forte. Por parte de pai, o meu vô Luis tocava sanfona e também cantava na igreja. Minha avó também sempre cantou. Eu tenho 11 tios por parte de mãe, 12 tios por parte de pai. É uma família muito grande e todo mundo canta. Naquelas reuniões de família vira um arregaço. Nas nossas festas toca música sertaneja, toca música italiana. Amanhece o dia cantando. É uma coisa de família."
Reprodução/Instagram/@micheltelo Teófilo, Michel e Teotônio. O irmão estrela se diferencia pelo nome. "Era para eu ser o Teodoro. Meu pai acabou colocando Michel por causa do Michel Platini", explica ele, nascido em 1981, sobre o nome que ganhou em homenagem à estrela do futebol europeu na época.
Filho do meio, ele hoje trabalha com os dois irmãos. Teófilo, o mais velho, é o seu empresário. Teotônio, o caçula, atua na área administrativa. "Trabalhar em família é muito bom. Eu confio plenamente nos meus irmãos."
É essa confiança que faz ele minimizar uma recente polêmica de que não estaria mais falando com o irmão mais novo por causa de uma relação estremecida com a cunhada, a cantora Gabi Luthai. "É um desafio muito grande você trabalhar com um irmão. Separar o lance de trabalho e família. Isso é normal. Irmão é irmão. Não é a primeira nem a última vez que a gente se desentendeu. O amor sempre vence, principalmente amor de irmão".
Reprodução/Instagram/@micheltelo Desde que nasceu, em agosto de 2016, a primogênita de Thais Fersoza e Michel Teló ganhou o público com sorriso fácil e muito carisma. Mas, segundo o pai, Melinda não é assim o tempo todo. "Ela chora pra caramba, tem seus momentos de bebê. Quando ouve um 'não', fica brava. É um bebê igual a qualquer outro". A exposição da menina e agora de Teodoro, de um mês, foi uma decisão conjunta do casal. "Eles vieram de uma família de pais que são conhecidos e vamos ensiná-los a lidar com isso numa boa. Com humildade, respeito e amor às pessoas. É isso que importa. Tratar as pessoas com carinho. É isso que eu quero que eles façam."
"Foi uma canção que eu não imaginava que fosse acontecer isso tudo. Não imaginava que iria ganhar o mundo. Estamos falando de seis anos atrás e até hoje ela é a música mais vista na história do nosso país no YouTube. É surreal o que aconteceu com a canção, fiquei em primeiro lugar em muitos países. Chegava na França, era a música mais tocada na rádio, era a música mais baixada nos streamings. Também na Alemanha, na Croácia. É uma música que me levou para o mundo e sou muito grato a tudo o que eu vivi por causa dela. Fui muito abençoado."
Imagem: Paduardo/AgNews
"São os amores da minha vida, é a minha família com o formato que sempre sonhei: uma esposa, uma menina e depois um menino. Foi exatamente isso que Deus mandou. É uma bênção. Mas também é uma família normal como qualquer outra. Que se ama, que se desentende e depois se entende. E que quer estar junto e luta todo dia para isso. Eu sempre falo para a Thais o que está na Bíblia: o filho deixa os seus pais e a gente é uma só carne. E agora tem os frutos que são o amor infinito, o amor mais lindo que eu pude conhecer. É uma bênção de Deus."
Imagem: Reprodução/Instagram/tatafersoza
"A música sertaneja tem um futuro maravilhoso, pois sabe se reinventar. É uma música que começou no interior, que é a cultura do nosso país. Começou com uma viola, um violão, e foi se reinventando. Aí o Brasil saiu do campo, veio para a cidade e a música sertaneja veio junto. E começou a falar o papo que a galera queria ouvir. Acho que é isso que faz com que a música sertaneja sempre cresça. Tem sempre muita gente boa e muita novidade. É isso que a gente quer para a música sertaneja."
Imagem: Rafael Cusato/Photo Rio News