Números como esses fazem a gente se perguntar: será que o samba perdeu importância dentro da cultura brasileira? Ou vive um momento cíclico, em que outros gêneros musicais estão na vitrine?
"Nos anos 50, tivemos o samba-canção. Nos 70, a popularização de grandes sambistas como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Beth Carvalho e Clara Nunes. Nos 80, a geração do Cacique de Ramos e, na década seguinte, o pagode romântico, que impulsionou a venda de medalhões como Martinho e Zeca. Vivemos outra entressafra", acredita Leonardo Lichote, crítico musical do jornal "O Globo".
Lichote destaca que o atual domínio da música sertaneja se deve, além de um grande investimento financeiro, a uma particularidade que o samba perdeu com o passar dos anos: a condição de dialogar com as diversas formas de música do país.
Eu acho que o sertanejo conseguiu chegar ao Brasil como ele é. Ele segue a tradição brasileira da música romântica, mas incorporou a sacanagem e a ostentação do funk. Atualmente, é um certo esperanto de ritmos nacionais populares. Ele dialoga com o forró, com o arrocha, com a música gauchesca, com a sanfona que corta todas as músicas. As fronteiras se misturam. Enquanto isso, o samba se aferra demais às suas tradições”