E se antes muitas mulheres e minorias eram excluídas dos espaços onde ideias eram discutidas, hoje, diz Grindle (na foto, à esq., com o diretor Brad Bird e o produtor John Walker), elas recebem orientações de mentores e são convidadas a se expressar em grupos com pessoas parecidas com elas, de origens diversas.
“Muito do trabalho é apenas dar apoio uns aos outros e dar voz a essas ansiedades e preocupações, e então eles se sentem corajosos o suficiente para dar um passo à frente. E como eu disse, acho que o fato de o estúdio agora estar atento está abrindo essas portas”.
Parece um momento bastante conveniente para divulgar as mudanças, mas, ao que tudo indica, as iniciativas não são recentes e datam de antes do escândalo com Lasseter. “Bao”, por exemplo, começou a ser desenvolvido em 2015, e mesmo Grindle conta que teve seu “clique” há quatro anos, quando teve algum tempo ocioso para refletir e decidiu que queria fazer algo para levar mais mulheres à direção e às equipes de roteiro das animações da Pixar.
Temos algumas mulheres incrivelmente talentosas que, por uma razão ou outra, não progrediram. Era aquela discriminação inconsciente, eram elas mesmas se sabotando por não verem pessoas como elas nessas posições.
"Na verdade, em quatro anos, estou impressionada com quantas mudanças aconteceram. Parte disso vem do mundo lá fora, e parte foi interno. Apenas foi preciso sentar, ter essa conversa e abrir essas portas, e talvez essas pessoas tenham se sentido mais corajosas, empoderadas e apoiadas”, acredita.
E continua: “E uma vez que você vê alguém que parece com você e soa como você dirigindo um filme, é mais fácil dar um passo e conseguir se ver nesse papel”.
O brasileiro Cláudio concorda: “Mesmo que você tenha vontade, acredite em você mesmo, se não vê ninguém fazendo, é difícil. Quando você vê as pessoas chegando aqui, expondo as ideias que têm, ou tendo as chances que estavam tentando, fica mais fácil”, diz o animador, ao lembrar como foi inspirador ver o também brasileiro Leo Matsuda dirigir na Disney o curta “Trabalho Interno”, exibido nos cinemas com “Moana”.
“Nós todos chegamos à mesma conclusão”, pondera o também produtor de “Os Incríveis 2” John Walker. “Precisamos de mais mulheres e pessoas de outras etnias dirigindo e escrevendo estes filmes. Porque serão filmes melhores”.
“Você faz parecer que estamos falando de brócolis”, brinca o diretor Brad Bird. “Deveríamos dizer: 'Porque vai ser delicioso!'. Como 'Viva', como 'Bao'! Vai ser maravilhoso, vamos comer! Vai ser uma sobremesa deliciosa!”, conclui, arrancando gargalhadas dos colegas.