HISTÓRICO PARTIDÁRIO
Conquistou o primeiro mandato na Câmara dos Deputados em 1990, pelo PDC. Nas seis legislaturas seguintes, o parlamentar trocou de partido oito vezes. Em 1993, filiou-se ao PP por um período curto e migrou para o PPR para disputar a reeleição em 1994.
No primeiro ano de mandato deixou o PPR e ingressou no PPB, partido pelo qual se reelegeu em 2002. Novamente trocou de partido no primeiro ano de mandato e filiou-se ao PTB em 2003.
Após uma breve passagem pelo PFL em 2005, retornou ao PP e reelegeu-se pelo partido até 2014. Em 2016, migrou para o PSC, legenda que o abrigou até o começo de 2018, quando ingressou no PSL para disputar a eleição presidencial.
Outros mandatos
Antes de chegar a Brasília, foi vereador no Rio de Janeiro pelo PDC, entre 1989 e 1991.
PRODUTIVIDADE
Frequência
Nos últimos 15 anos, Jair Bolsonaro não teve faltas não justificadas no período de 2003 a 2014. Na atual legislatura, o deputado teve 26 ausências sem justificativa a sessões plenárias da Câmara. Isso equivale a 6,6% do total de sessões legislativas entre 2015 e 2018.
Projetos
O parlamentar apresentou 138 projetos de lei desde 1995 --ao menos dez PLs assinados junto com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. até hoje na mesma legenda. Apenas dois foram aprovados: o PL 2514/1996, que prorrogou benefícios fiscais para o setor de informática, e o PL 4639/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina, a conhecida "pílula do câncer".
Pelo menos 22 projetos apresentados por Bolsonaro fazem alterações no Código Penal. É de autoria do deputado fluminense, por exemplo, o PL 5398/2013, que aumenta a pena para os crimes de estupro, além de exigir que o condenado por esses crimes conclua tratamento químico voluntário para inibição do desejo sexual. O PL aguarda definição de relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Outros 14 projetos tratam do uso de armas, como o PL 3075/1997, que pede autorização para o porte federal de arma de fogo aos congressistas. A justificativa do parlamentar para a proposta são os "constantes deslocamentos" feitos pelos deputados durante o mandato. Há ainda o PL 6163/2005, que autorizava os órgãos de segurança pública a utilizarem armas e munições apreendidas ou encontradas. Ambos os projetos foram arquivados.
Em sete mandatos legislativos em Brasília, Bolsonaro apresentou nove propostas de emenda constitucional --nenhuma aprovada. Entre as PECs de autoria do parlamentar, está a 191/2016, que determina que o ministro de Estado da Defesa seja escolhido entre os oficiais generais das Forças Armadas.
A exigência do voto impresso, aprovada em plenário na Câmara em 2015 (433 votos favoráveis, sete contra) foi apresentada pelo parlamentar como emenda na comissão à PEC 182/2007, da reforma política. O STF, entretanto, julgou a proposta inconstitucional.
Doadores
Nas eleições de 2006, o parlamentar recebeu somente R$ 20 mil em doações --metade financiada pelo próprio candidato. Os outros 50% foram de Jorge Francisco, ex-chefe de gabinete do deputado, que morreu neste ano.
No pleito seguinte, em 2010, recebeu R$ 196 mil. O Diretório Nacional do PP, partido pelo qual o deputado concorreu, doou R$ 90 mil.
Na disputa de 2014, Bolsonaro recebeu R$ 405 mil em doações de campanha. A maior contribuição veio da JBS, que doou R$ 200 mil via Diretório Nacional do PP. O parlamentar afirmou, em entrevista em maio de 2017, que devolveu o valor, mas reconheceu que seu partido recebeu propina. Na prestação de contas do candidato ao TSE, consta que o PP fez uma nova doação à campanha de Bolsonaro no mesmo dia da devolução e no mesmo valor, com recursos oriundos do Fundo Partidário e sem especificar o doador original.
Emendas
De 2003 a 2017*, o deputado apresentou um total de 262 emendas parlamentares ao Orçamento da União. Mais da metade (56%) pediam recursos para a área de defesa nacional. Ao todo foram 144 propostas que buscavam verbas orçamentárias para as mais diversas áreas da defesa, desde melhorias na infraestrutura até questões administrativas, educação e saúde.
Os pedidos de verba para assistência médica e odontológica aos militares e seus dependentes, por exemplo, respondem por 55 emendas assinadas por Bolsonaro. As unidades de saúde do Exército incluem serviços profissionais médicos, odontológicos e farmacêuticos com acesso restrito aos militares e seus dependentes.
Para ter uma ideia, no universo de 20 emendas classificadas como atípica, todas beneficiaram a área militar, principalmente unidades localizadas no estado do Rio de Janeiro.
De 2015 a 2017, foram 73 emendas apresentadas e a quarta menor taxa de execução dos valores aprovados, apenas 57,5% dos R$ 46,9 milhões aprovados foram gastos.
IMPACTO
Votou a favor
Jair Bolsonaro contribuiu para a aprovação de diversos projetos de grande impacto para o país nos últimos anos. Entre eles, o impeachment de Dilma Rousseff (2016). No ano seguinte, o deputado votou a favor dos dois pedidos de investigação do presidente Michel Temer --que não foram aprovados no plenário da Câmara.
O parlamentar também foi favorável à emenda constitucional que estabeleceu um teto para os gastos públicos por 20 anos (2016) e à reforma trabalhista (2017) do governo Temer, à cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (2016), à retirada do aviso de produto transgênico das embalagens (2015) e à abertura da exploração do pré-sal às empresas privadas (2016).
Votou contra
Bolsonaro votou contra a reforma do ensino médio (2016), a cota de 50% das vagas no Legislativo para mulheres (2015), o Código Florestal (2012), a prorrogação da CPMF (2007), as propostas de reforma da Previdência dos governos FHC (1995) e Lula (2003) e a emenda constitucional da reeleição para presidente no governo FHC (1997).
CUSTOS
Salário**
No período entre 1995 e agosto de 2018, o salário de deputado federal somou R$ 4,9 milhões em valores brutos, sem os descontos que incidem sobre a folha de pagamentos.
Gastos da Cota Parlamentar
No mandato 2011-2014, o parlamentar gastou R$ 1,2 milhão da cota parlamentar. Desse montante, mais de R$ 800 mil foram canalizados para despesas com serviços postais (R$ 481 mil) e divulgação parlamentar (R$ 325 mil).
No atual legislatura (2015-jun./2018), o deputado já usou R$ 1 milhão da cota. Quase R$ 400 mil foram gastos com emissão de passagens aéreas --60% mais do que no mandato anterior. As despesas de Bolsonaro com viagens pelo país se intensificaram desde que o parlamentar deu início à pré-campanha à Presidência da República.
No mandato atual, ele também usou R$ 143 mil com divulgação parlamentar. Em panfletos para prestação de contas do mandato, o deputado diz: "Minhas viagens, em consonância com a abrangência nacional de meu mandato, visam a obter e transmitir conhecimentos e experiências". Questionado pela reportagem sobre o uso da cota parlamentar para viagens de sua pré-campanha à Presidência da República, a assessoria de Bolsonaro não se posicionou.
Auxílio-Moradia***
Reportagem da "Folha de São Paulo", publicada em janeiro deste ano, revelou que Bolsonaro recebia auxílio-moradia, apesar de ter um imóvel em Brasília. À Folha, chegou a dizer, ironicamente: "Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava para comer gente". O jornal "O Globo" publicou que, após a polêmica, o deputado parou de receber os recursos e, a partir de abril de 2018, passou a ocupar um imóvel funcional da Câmara dos Deputados em Brasília.
CONDUTA
Patrimônio
Nas eleições de 2006, o parlamentar declarou bens no valor de R$ 433 mil. Entre eles, um automóvel modelo Pajero no valor de R$ 110 mil, além de um micro-ônibus, ano 2004, de R$ 89 mil.
No pleito seguinte, em 2010, o patrimônio declarado por Jair Bolsonaro aumentou para R$ 826 mil, quase o dobro da campanha anterior. No TSE, ele declarou ter um apartamento de R$ 240 mil em Brasília e uma casa em Angra dos Reis (RJ), de R$ 98 mil.
Na campanha de 2014, a declaração de bens do parlamentar deu outro salto e passou para R$ 2 milhões. Foram incluídas duas casas na Barra da Tijuca, declaradas com valor de R$ 900 mil. Localizados em um condomínio à beira-mar, os dois imóveis foram avaliados em cerca de R$ 5 milhões em levantamento feito pela "Folha de S.Paulo" em janeiro deste ano.
Em 2018, Bolsonaro declarou patrimônio de R$ 2,28 milhões à Justiça Eleitoral, valor bem semelhante ao informado quatro anos atrás. No registro da atual candidatura, o deputado informou ter cinco imóveis no Rio de Janeiro e em Brasília, além de veículos e aplicações financeiras.
Participação em empresas
É sócio na Bolsonaro Digital, empresa criada para monetizar vídeos no YouTube.
Dívidas com a União
Não consta nenhuma dívida com órgãos federais.
Processos por corrupção
O parlamentar não responde a processos por corrupção.
* 2003-2017 é o período com emendas parlamentares ao Orçamento da União disponibilizado pela Câmara dos Deputados para consulta pública. Não há dados disponíveis para consulta em anos anteriores.
O número de emendas pode ser maior, tendo em vista que para o ano de 2015 não foi possível saber em qual área da ação governamental a despesa seria realizada. O SIGA Brasil, sistema de informações sobre orçamento público federal, só permite o acesso às emendas executadas de 2015 a 2018, para anos anteriores o dado não está disponível.
** O cálculo não inclui os valores pagos aos deputados empossados antes da 50ª legislatura da Câmara dos Deputados (anteriores às eleições de 1994), quando o país registrava inflação elevada e mudanças monetárias.
A reportagem solicitou à Câmara dos Deputados --via assessoria de imprensa e Lei de Acesso à Informação-- os valores líquidos recebidos como salário pelos 28 deputados com mandato há mais de 20 anos, mas a informação não foi disponibilizada.
*** Os dados são de agosto de 2018. Existe a possibilidade de que, em alguns casos, o deputado tenha feito uso dos imóveis em datas anteriores às registradas. Quando o período é interrompido, isso não é indicado no último relatório da Câmara dos Deputados.