Nesta segunda (26), enquanto Manuela concedia entrevista ao UOL, o governo do presidente Michel Temer (MDB) anunciava a criação do Ministério Extraordinário da Segurança, dez dias após o anúncio de uma intervenção federal no Rio de Janeiro. A segurança pública tem sido considerada um tema-chave para a disputa presidencial deste ano.
Apesar de defender a criação de um ministério capaz de coordenar uma melhor integração entre as forças de segurança dentro dos Estados, a pré-candidata, cujo Estado - Rio Grande do Sul - também enfrenta grave crise na segurança pública, disse acreditar que a ação de Temer não deve ter impacto fora do Rio.
"Eu ainda não ouvi desse governo medidas que enfrentem o tema a não ser a intervenção militar no Rio e a criação do ministério, que o Temer diz ser transitório. Eu não vejo como isso vai gerar impacto em outro Estado, porque qual seria o impacto? Nós teríamos outras intervenções?", questionou. E acrescentou: "eu criaria um ministério da Segurança Pública, não transitório, mas de verdade".
Manuela disse ainda que as "saídas de Temer são falhas", mas afirmou torcer para que a intervenção de caráter militar no Rio tenha um resultado positivo. "A gente está falando da única coisa que o capitalismo não consegue vender, que é a vida".
Ela defendeu também que a sociedade debata a necessidade de tributar as drogas, apesar de esse ser apenas um ponto dentro do conjunto de ações que, segundo ela, precisam ser feitas para melhorar a segurança pública no país, como a criação de um fundo nacional de segurança pública, o estabelecimento de um piso nacional para policiais civis e militares e a integração das polícias em um ciclo que agregue policiamento nas ruas e investigação.
"As nossas polícias não fazem um ciclo completo, uma fica na rua e a outra investiga --o que não existe em nenhum outro país do mundo. Só a Polícia Federal tem ciclo completo no Brasil", afirmou a deputada. "Como elas não têm o ciclo completo, as polícias pegam o chamado tráfico de varejo, o que resulta nessa mega população carcerária no Brasil. 70% dos 760 mil presos são oriundos do enfrentamento ao tráfico de varejo, porque é o que o policial pode fazer", complementou.
"Não quero vender a ilusão que só tributar as drogas resolveria o problema da segurança, porque eu não acredito nisso. Temos muitos problemas para resolver. E eu acho que o próximo presidente tem a obrigação de trazer essa responsabilidade para si. Ele não vai ser dono da pauta, mas a missão seria fazer um pacto com os governadores e com os prefeitos dos principais centros para a política ser a política de segurança pública", afirmou.