Robô consultor

Você deixaria um robô cuidar do seu dinheiro e escolher seus investimentos?

Danylo Martins Colaboração para o UOL, em São Paulo
Getty Images/iStockphoto/BahadirTanriover
Divulgação Divulgação

Já pensou em deixar um robô definir quais os investimentos mais adequados para o seu dinheiro? Esse serviço é muito comum nos EUA (com os chamados "robo advisors") e tem se tornado cada vez mais acessível no Brasil.

Não se trata de um robô propriamente dito --não como R2-D2 (na foto), de Guerra nas Estrelas, ou os personagens de Transformers, por exemplo. São programas de computador. 

Esses robôs fazem algumas perguntas para saber quais os objetivos da pessoa e quanto de risco ela aceita correr em troca de rentabilidade. Com base nessas informações, em poucos minutos ajudam a montar uma cesta de aplicações.

Conheça melhor os robôs de investimento, que tipos de aplicações oferecem e quanto cobram para cuidar do seu dinheiro.

Getty Images/iStockphoto/neyro2008 Getty Images/iStockphoto/neyro2008

Quem faz isso?

No mercado, há opções para todos os gostos e bolsos. Entre elas, Magnetis, Vérios, Warren e Alkanza.

Vérios e Warren administram e fazem gestão da carteira porque são gestoras de recursos credenciadas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

Magnetis é uma consultoria de investimentos. Ela monta a sugestão de carteira e tem como parceira a corretora Easynvest, que faz a compra das aplicações financeiras, conforme o plano estabelecido. 

Alkanza é um robô que só faz recomendação de carteira. Quem gerencia os investimentos é a corretora Rico.

Getty Images/kimberrywood Getty Images/kimberrywood

Como funciona?

Primeiro, o usuário responde uma série de perguntas, como nome, idade, objetivos, quanto consegue poupar por mês e o risco que está disposto a correr. Com isso, os robôs montam um plano de investimentos.

A etapa seguinte é abrir conta na corretora parceira dessas empresas --Easynvest, no caso da Magnetis, e Rico, no caso da Vérios-- e transferir o dinheiro para a conta na corretora.

"A execução do portfólio de investimentos é automatizada, incluindo ordens de compra de venda dos produtos, renovação automática de títulos e rebalanceamento periódico [mudança na composição da carteira]", diz Luciano Tavares, CEO da Magnetis.

Na Warren, fundada pelo ex-sócio da XP Investimentos Tito Gusmão, o investidor recebe uma sugestão de carteira conforme seu perfil de risco. Basta transferir os recursos para a conta da empresa ou emitir um boleto e pagá-lo. Com o dinheiro no sistema, a aplicação é feita de maneira automática. Mas atenção: como a procura é grande, a empresa criou uma lista de espera.

No caso da Alkanza, para ter acesso ao serviço de "robo advisor", o principal requisito é ser cliente da corretora Rico. "Se a pessoa estiver de acordo com o plano de investimentos proposto, o robô compra os ativos e, a cada três meses, faz um rebalanceamento da carteira", diz Monica Saccarelli, sócia da Rico.

Qual o cardápio?

É possível investir em aplicações conservadoras e mais seguras, como títulos públicos, fundos DI (investem em papéis de renda fixa conservadores, de baixo risco, que acompanham o CDI) e CDB (Certificado de Depósito Bancário). Porém, quem está disposto a correr mais risco pode investir em ações e fundos multimercado, por exemplo. O "cardápio" varia de uma empresa para outra.

Reprodução Reprodução

Magnetis

Aplica em fundos DI, CDB, Letra de Câmbio, LCI, LCA, fundos multimercados e ETFs (fundos de índice negociados na Bovespa e nos EUA).

Reprodução Reprodução

Alkanza

Investe em títulos públicos do Tesouro Direto e ETFs. Até o fim do primeiro semestre, a ideia é oferecer também fundos de investimentos.

Reprodução Reprodução

Vérios

Tem aplicações em títulos do Tesouro Direto e ETFs.

Reprodução Reprodução

Warren

Sua carteira inclui opções como fundos de investimento de renda fixa e multimercados.

Com quanto começar?

  • Magnetis

    Aplicações a partir de R$ 10 mil. Para aportes adicionais, o mínimo é de R$ 100.

  • Alkanza

    Aplicações a partir de R$ 3.000.

  • Vérios

    Aplicações a partir de R$ 12 mil --é possível começar com R$ 5.000, mas você deve receber indicação de um cliente da Vérios. Para aportes adicionais, o mínimo é de R$ 100.

  • Warren

    Aplicações a partir de R$ 100.

Quanto custa?

  • Magnetis

    Custo total entre 0,49% ao ano e 1,18% ao ano, incluindo a taxa de cada aplicação, como taxa de administração e corretagem, entre outras.

  • Alkanza

    Taxa de 0,50% ao ano, percentual que não inclui o custo de cada produto, como taxa de custódia (cobrada pela BM&FBovespa para investimento em títulos públicos do Tesouro Direto) e corretagem.

  • Vérios

    Taxa de 0,95% ao ano, percentual que já inclui as despesas dos produtos, como taxa de custódia, de corretagem e outras.

  • Warren

    Taxa de 0,80% ao ano, incluindo taxas de administração de cada fundo de investimento.

Getty Images/iStockphoto/BrianAJackson Getty Images/iStockphoto/BrianAJackson

É seguro?

Corretoras (Rico), gestoras e administradoras de recursos (Vérios e Warren, respectivamente) e consultorias de investimento (Magnetis) são supervisionadas e fiscalizadas pelo Banco Central, assim como pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários, autarquia fiscalizadora e reguladora do mercado de capitais) e pela BM&FBovespa.

E se essas empresas quebrarem? A segurança é que as aplicações financeiras estão registradas e guardadas, com nome e CPF de cada investidor, na Cetip e na Câmara de Ações, empresas responsáveis pela custódia de títulos públicos, privados e ações.

Além disso, investimentos como poupança, CDB, LC, LCI e LCA têm proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), cujo limite é de R$ 250 mil por CPF e por instituição. No caso de títulos públicos do Tesouro Direto, o risco é ainda menor, porque o investimento é garantido pelo Tesouro Nacional.

Já os fundos de investimento possuem CNPJ próprios. Em caso de falência das empresas que fazem gestão, administração e custódia do fundo, os recursos aplicados podem ser transferidos para outra instituição financeira, o que é decidido em assembleia.

Getty Images/iStockphoto/Palto Getty Images/iStockphoto/Palto

Vantagens e cuidados

Segundo a planejadora financeira Viviane Ferreira, os robôs de investimento costumam ter custo menor comparado à aplicação por meio de bancos ou corretoras. Por exemplo, os robôs cobram até 1% ao ano para administrar uma carteira diversificada. Em bancos ou corretoras, a pessoa pagaria isso (ou até mais) num só fundo de investimento.

"O investidor ainda tem a facilidade de contar com a gestão da carteira, sem precisar escolher os títulos nos quais vai aplicar", aponta. Mas Viviane recomenda: é importante entender bem o perfil de investidor antes de usar esse tipo de plataforma.

Curtiu? Compartilhe.

Topo