Denise Santos conta que muita gente estranha uma engenheira como CEO de um hospital, explica por que a Beneficência mudou de nome e dá dicas para executivos que vão trabalhar fora de suas áreas de formação.
Hospital não tem só médico
As pessoas perguntam: Engenheiro no hospital?!? Sabe que tem um monte de engenheiro no hospital? Eu brinco com os médicos: o que seria de vocês sem os engenheiros? Tem a ressonância magnética, tomógrafo, os prédios que a gente constrói, a obra, a interligação elétrica. Sem os engenheiros, o hospital não rodava.
Hospital tem muitos profissionais diferentes. Advogados, economistas, físicos, marqueteiros, área comercial. É um negócio complexo. Hotelaria, restaurantes, lavanderia. Lavamos 14 toneladas de roupa por dia.
No meu caso, trago a experiência de uma visão um pouco mais estruturada de processos, com bastante foco em liderança, de olhar para as pessoas como parte importante do processo de desenvolvimento.
Encontre profissionais que complementem você
Se você é convidado para ir para uma área que não é a sua, significa que desenvolveu algumas coisas boas na área em que estava.
Primeira coisa é privilegiar, de forma bastante genuína, as relações. Um profissional traz background de conhecimento que traz da universidade, da sua vivência. Mas é impossível completar seu desafio, sua tarefa de forma individual.
No momento em que você reconhece que existem dos lados, para cima e para baixo pessoas que vão te complementar, isso ajuda demais.
Beneficência esteve no negativo por 10 anos
Vínhamos há mais de 10 anos numa onda de resultados ruins. Fizemos um planejamento estratégico de curto prazo, implementamos vários projetos para ganho de eficiência. Em dois anos, equilibramos as contas.
A Beneficência já tinha um conteúdo técnico muito relevante. Quando cheguei, me surpreendi positivamente com o grau de conhecimento e qualidade assistencial. Já existia um recheio importante. Faltava que as pessoas do lado de fora enxergassem isso -o que não é tarefa fácil. Durante muito tempo, passamos fechadinhos ali nos nossos 220 mil metros quadrados.
Buscando reconhecimento externo
Não adianta ficarmos muito bom internamente e não sermos reconhecidos dessa forma. Precisamos começar a pensar no nosso reposicionamento de marca.
Temos 157 anos. Como perenizar isso? Desenhamos projeto que olha desde governança, eficiência e experiência de paciente. Aí veio o projeto de marca, entendendo que tínhamos de nos modernizar, de ser vistos de forma mais alegre e colorida para fora.
Mas não é só mudar a marca, é mudar a cultura também. A gente está num movimento muito bom, de engajamento. Estamos agora contando tudo isso para fora.