Síndrome de super-herói

Expectativa de vida aumenta, mas isso não nos torna infalíveis: saúde requer atenção

oferecido por Selo Publieditorial

Enquanto as telas do cinema e da TV são dominadas pela presença de super-heróis, humanos reais têm experimentado o efeito dos avanços da medicina e vivido mais. No Brasil, a expectativa de vida sobe ano após ano. Em 2018, chegou aos 76,3 anos, o que representa um aumento de 30,8 anos, entre 1940 e 2018, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mas isso não quer dizer que somos infalíveis. Os novos hábitos da vida contemporânea, o estresse, as pressões cotidianas já exigem por si só cada vez mais do corpo e da mente. E mesmo quem segue a receita de uma vida saudável não está livre de ser acometido por doenças inesperadas. Um dia, algo falha. "Se lembre que todo super-homem tem seu dia de Clark Kent", diz a canção de Zeca Baleiro.

Pensei que estava saudável

A designer de interiores Annelise Davée Llerena, 58, acreditou por muito tempo que seu corpo estava plenamente saudável. Aos 44, havia passado quatro anos sem fazer exames preventivos. Quando voltou ao médico, descobriu um câncer de mama. "Nunca pensei que isso poderia acontecer. Achava que a minha vida saudável me protegia. Fumei por 12 anos, mas parei quando fiquei grávida e nunca mais tive vícios."

Ela diz que, antes, tinha o costume de fazer exames regularmente. "Mas depois que percebi um pequeno cisto no qual não foi detectado nada, eu relaxei. Até que apareceu esse outro nódulo e a mastologista achou melhor aprofundar os exames e a pesquisa." A decisão foi fazer uma cirurgia de exploração. Foi quando a cirurgiã descobriu dois nódulos sobrepostos — um benigno e outro maligno —, o que levou a retirada da mama, em um procedimento chamado de esvaziamento parcial.

Como complemento, Annelise fez oito sessões de quimioterapia, que duraram cerca de seis meses e contou com um acompanhamento psicológico. "Não sabia como digerir isto, inicialmente me senti como em um labirinto sem saída. O lado espiritual não me mobiliza, mas comecei a fazer yoga, aprendi a respirar e consegui controlar a mente e esvaziar os pensamentos ruins. Consigo hoje aceitar melhor as coisas e as diferenças", aponta.

Hoje, curada, ela passou a fazer exames preventivos anualmente, e diz que sua vida ficou mais leve depois de vencer a doença. "A percepção das coisas e das prioridades mudou. Tenho mais paciência e encaro a vida de forma mais positiva e otimista", diz.

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Mas eu nunca tive nada

A ginecologista e obstetra Patricia Gomes Rodrigues de Andrade diz que é comum pessoas não acreditarem que podem ficar doentes. E isso as coloca mais em risco. " Quando preciso fazer um diagnóstico mais grave, a primeira reação, logo depois do susto da paciente, é a frase: 'mas eu nunca tive nada!'. Como se fosse impossível adoecermos sem aviso prévio ou como se a doença fosse uma injustiça pessoal", afirma.

Para Liediani Souza, psicóloga com formação e atualização em Análise do Comportamento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a ideia de que o pior acontece com os outros e nunca conosco é algo comum: "Somos todos, em algum aspecto, superpoderosos. Ou achamos que somos. É a síndrome do super-homem", declara.

Segundo ela, frases como "Eu dou conta", "Sou forte", "Se eu disse que posso, é porque posso" são ditas o tempo todo para reforçar a autoestima, mas, ao mesmo tempo, mascaram as nossas vulnerabilidades e limitações. "Limites existem, e quando criados da maneira correta, para proteção, são necessários", afirma a psicóloga.

Homens se expõem ao risco

Para Maria Aparecida Murr, médica especializada na saúde masculina, entre os homens, a ideia de ser imbatível e não precisar de cuidados é muito presente. "Eles carregam esse estigma do super-homem: estar doente significa ser frágil", afirma. E isso acaba os expondo a riscos por falta de atenção à saúde.

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com 800 homens mostrou que 50% dos entrevistados nunca tinham passado por uma consulta com um urologista, 58% nunca realizaram exames para detectar o câncer de próstata e 38% nunca fizeram exames para aferir os níveis de testosterona (hormônio masculino) no sangue.

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