Arnaldo Cezar Coelho não foi o primeiro comentarista de arbitragem na TV, mas seguramente acabou se tornando o mais famoso deles. E isso se deve não apenas à grande capacidade de comunicação que sempre demonstrou, mas também, e em especial, à dupla que fez com Galvão Bueno.
No humor, Arnaldo seria chamado de “escada”, aquele ator não muito engraçado que ajuda o comediante a brilhar. Galvão, estrela maior, entendeu que precisava de alguém assim e o comentarista aceitou, com gosto, o papel. Em dupla, brilharam muito.
Foram oito Copas do Mundo juntos, fora jogos em Eliminatórias e amistosos da seleção. “Pode isso, Arnaldo?” se tornou um bordão clássico, tão repetido quanto “haja coração!” e outras criações de Galvão. E o comentarista de arbitragem sempre correspondeu, com análises frias e didáticas sobre os lances mais polêmicos.
Mesmo que não tenha acertado sempre, o que seria impossível, Arnaldo contribuiu com comentários pouco apaixonados sobre um tema que mobiliza paixões – exceção feita aos momentos que a seleção brasileira perdeu ou foi prejudicada. Nesta última Copa, por exemplo, insistiu até o fim que o primeiro gol sofrido pelo Brasil, na partida contra a Suíça, foi irregular.
Vale observar que Arnaldo anuncia a sua aposentadoria justamente no momento em que o VAR diminui, e muito, a importância do comentarista de arbitragem. Com o árbitro de vídeo, há menos lances duvidosos e, com isso, cai muito a oportunidade de especular a respeito nas transmissões.
por Mauricio Stycer, do UOL