O poder das picapes

Em 2016, modelos "subiram na vida": têm muito luxo e quase andam sozinhas

Eugênio Augusto Brito, André Deliberato e Leonardo Felix Do UOL, em São Paulo (SP)
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Ontem: utilitária

 

Picape é veículo comercial, modelo utilitário, carro de empreiteira ou fazenda e mais nada? De fato, o termo "pick-up" se confunde com a origem da indústria automotiva, mas seu uso se popularizou nos EUA, Ásia e Austrália, no começo dos anos 1960. Na imagem, a primeira geração da Toyota Hilux, um ícone de 1969.

Desde 1982, o veículo mais vendido nos EUA é a Ford F-150, praticamente imbatível por conta da diversidade de versões e do porte.

Esqueça apenas esse viés, porém: desde a década de 1990, representantes do segmento tornaram-se preferência no mercado norte-americano. Jovens que poderiam usar apenas carro de passeio gostam do espaço e da possibilidade de carregar toda a tralha em viagens. De lá para cá, esse tipo de veículo evoluiu e, apesar da construção sobre chassis, já entrega tanto ou mais conforto e versatilidade que sedãs de luxo, por exemplo. 

É o começo da mudança...

 

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Hoje e amanhã: urbana e versátil

A aposta das montadoras vista ao longo de 2016 é aproveitar o tamanho maior e o preço mais alto (afinal, falamos de algo com mais de 5 metros de comprimento, motores enormes e alta capacidade de carga) como laboratório: consumidores podem avaliar novas funcionalidades e tecnologias dentro do pacote geral das novas picapes.

Além disso, elas podem satisfazer a demanda crescente por modelos múltiplos, que permitem facilitar os encargos do trabalho de segunda a sexta e, no fim de semana e nas férias, dar conta da família.

Você já viu uma picape no shopping, claro, mas isso ainda provoca cara feia.

Ou provocava: a ideia da indústria é tornar esse segmento cada vez mais urbano. Ford, Chrysler, GM, Mitsubishi, Nissan e Toyota ainda determinam o rumo por sua tradição. Mas acostume-se com Fiat, Hyundai (na foto, o conceito Creta STC, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo), Renault e até Mercedes.

Todas ousadas, confortáveis, eficientes e... com caçamba.

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Guia de compras

  • Chevrolet S10

    Preço: R$ 99.300 a R$ 172.690; Motor: 2.5 flex (206 cv e 27,3 kgfm) e 2.8 turbodiesel (200 cv e 51 kgfm); Destaque: variada gama de versões e design.

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  • Ford Ranger

    Preço: R$ 102.200 a R$ 184.490; Motor: 2.5 flex (173 cv e 25 kgfm), 2.2 turbodiesel (160 cv e 39,3 kgfm) e 3.2 turbodiesel (200 cv e 47,2 kgfm); Destaque: tecnologia semi-autônoma.

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  • Volkswagen Amarok

    Preço: R$ 113.990 a R$ 177.990; Motor: 2.0 biturbodiesel (140 cv e 34,7 kgfm ou 180 cv e 42,8 kgfm); Destaque: câmbio automático e posição de dirigir de sedã.

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  • Toyota Hilux

    Preço: R$ 112.150 a R$ 189.970; Motor: 2.7 flex (163 cv e 25 kgfm) e 2.8 turbodiesel (177 cv e 42,8 kgfm); Destaques: tradição e versatilidade.

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  • Mitsubishi L200 Triton

    Preço: R$ 131.990 a R$ 174.990; Motor: 2.4 turbodiesel (190 cv e 43,9 kgfm); Destaques: chassis e suspensão mais acertados do segmento.

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  • Nissan Frontier/Renault Alaskan/Mercedes X

    Preço: ainda não foram lançadas; Motor: 2.3 turbodiesel (190 cv e 45,9 kgfm); Destaques: plataforma global e compartilhada.

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Quem quer aparecer

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O novo jeito da Triton

Apesar de não ser a mais forte da nova leva de picapes, a "All New" L200 Triton é bem equilibrada em termos de torque e potência. O conjunto chassis/suspensão é mais acertado que o da Hilux, tanto no asfalto, quanto no off-road.

Não espere velocidade: a promessa do motor 2.4 turbodiesel é entregar força na medida para um uso que vai do urbano ao ataque no campo. Além dos controles de tração e bloqueio do diferencial obrigatórios, a frente curta e o bom angulo de saída da traseira, que não é tao chapada, favorecem.

Há trunfos como a partida por botão à esquerda do volante, sistema multimídia totalmente feito no Brasil, nove airbags, ar-condicionado de duas zonas e até mesmo as enormes aletas para troca de marcha (sim, são desnecessárias nessa proposta). Mas também deslizes: de novo, do câmbio de cinco marchas (funciona bem, mas deve a sexta marcha para dar mais elasticidade e menor consumo -- fizemos média de 8,5 km/l em 300 km) e a frente esquisita (deveria ser menos conservadora).

Sem a ousadia de antigamente, mas com um ótimo pacote que nunca foi tão destacado, L200 é boa alternativa.

L200 Triton aposta no equilíbrio

Trinca de peso

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Ford inspira Alaskan

UOL Carros conversou, com exclusividade, com o holandês Laurens van den Acker durante a apresentação global da Alaskan, em Medellín (Colômbia). Acker e sua equipe criaram o atual estilo de Renault em todo o mundo: frente ousada em peça única para carros mais "carudos" e vistosos; lateral encorpada, traseira com lanternas amplas. E muito LED.

Ele também é responsável pelo estilo da Alaskan, ao lado do canadense Louis Morasse (ex-Bombardier). A dupla revelou que o estilo da picape -- inédita na linha da Renault -- equilibra o tradicional e o contemporâneo a partir de uma inspiração curiosa: a rival Ford.

Precisa ser um brinquedo de homem grande. Rodonas e muito metal aparente, como no conjunto frontal, que também usa LED e aparece totalmente integrado à grade, tudo favorece essa ideia. O sucesso do Escape, da Ranger e de qualquer picape no segmento vem de unir força ao visual atualizado.

Há explicação: antes de trabalhar na Renault e prestar serviços à Nissan, Acker trabalhou na Ford e colaborou nos projetos da atual Ranger (no surgimento da atual geração) e do Explorer (utilitário grande que marcou época no Brasil nos anos 1990 e ainda hoje é sucesso nos EUA).

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Na cabeça do criador

Respeitamos a tradição do segmento, com grandes proporções, rodas grandes e, com isso. Ela é robusta e chamativa, mas também confortável e tecnológica na cabine. Assim, temos um produto que é não só funcional, mas também aspiracional"

Laurens van den Acker, chefe de design da Renault

Da Ford 'importamos' robustez e conforto aparentes. Da Nissan, trouxemos credibilidade e confiabilidade de mecânica"

Laurens van den Acker, que já trabalhou na Ford e Nissan

Alaskan vem de grandes terras, terras extensas"

Laurens van den Acker, sobre inspiração para o nome

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A cara da Classe X

Não é mais segredo que a Mercedes-Benz também vai entrar no segmento de picapes médias em 2018. Em outubro, a marca revelou, ainda sob formato conceitual, como serão as linhas da futura Classe X, que será feita sobre a mesma base da Nissan Frontier/Renault Alaskan, na Argentina.

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Veteranas se renovam

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Ranger do Século 21

Ford quer alcançar clientes endinheirados e ligados em novidade dentro da chamada "agrossociedade" (ligados ao agronegócio, mas que não vivem isolados no campo: moram e trabalham nas grandes metrópoles do Centro-Oeste e Nordeste, por exemplo).

Como fazer isso? "Oferecendo padrão tecnológico de um Passat, mas com toda capacidade que o sedã deles [Volkswagen] não tem". A comparação foi feita pelo próprio executivo de produto da marca à época do lançamento, Oswaldo de Oliveira.

É o estilo alinhado às novas tendências, mas sem frescura.

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Ranger pode andar sozinha

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S10 da virada?

Baseada no conceito tailandês Colorado Extreme, a atual geração da S10 foi lançada um dos modelos mais belos e avançados da GM no Brasil.

Tudo se renovou com a atualização de meio ciclo: direção elétrica, projeção de celular (AndroidAuto e CarPlay), OnStar e LEDs são auxiliares que ampliam conforto e segurança de condutor e passageiros a ponto de fazer qualquer um esquecer que não está andando de Cruze, por exemplo, mas de picape média. 

Isso ajuda a bater a arqui-rival Hilux? De fato, não: até agora, em 2016, a Toyota tem quase 22% do mercado (mais de 30 mil vendas) contra 17% da GM (quase 24 mil emplacamentos). Quem lidera? Saiba mais abaixo

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Brasileira ao estilo gringo

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Tradição é Hilux

Para ter novidade o ano inteiro, a Toyota usou a estratégia de fatiar a oferta. Começou mostrando detalhes nova geração no final de 2015, lançando o modelo a diesel no começo do ano.   

Depois da semente plantada, esperou nove meses para mostrar a variante flex da nova Hilux.

Depois de tanto tempo você qual resultado? O 2.7 flex de 163 cv/25 kgfm (etanol) segue... gastão: 4,8 km/l (cidade) e 5,6 km/l (estrada). É o bastante, porém, para seguir como a média mais vendida do mercado.

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Hilux mudou antes e trouxe luxo

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A resposta da Volks

Antes de 2016 acabar, a Volkswagen deu sua resposta ao segmento de picapes e apresentou mudanças na Amarok, que entra em 2017 com novos faróis e para-choques redesenhados, novas rodas, central multimídia com possibilidade de interação com smartphones e uma inédita versão de topo, chamada Extreme.

Preços variam entre R$ 113.990 (versão S com câmbio manual e cabine simples) e R$ 177.990 (Extreme com câmbio automático e Cabine dupla).

Amarok: mais carro que picape

E o dieselgate?

"O protocolo de emissões dos Estados Unidos é diferente do nosso. O Proconve, que regulamenta estes índices no Brasil, ainda está fazendo testes com nossas picapes para verificar a necessidade de alterações"

Ricardo Casagrande, Chefe para comerciais leves da Volkswagen do Brasil

"Modelo 2018 da Amarok, a ser apresentado no ano que vem, ganhará nova opção de motor V6"

Ricardo Casagrande, sobre planos de modificações de motor

Um degrau abaixo?

  • Toro: a picape que quer ser SUV

    Base de Renegade (não comente com vendedores da Fiat), visual instigante (muitos enxergam o Evoque) e bastante tecnologia a bordo (tem até câmbio automático de nove marchas). Isso fez da Toro uma das sensações da temporada a maior novidade da história da marca italiana no Brasil. Houve ainda tempo para a estreia do motor da família Tigershark, com moderno gerenciamento do fluxo de admissão, mas que ainda precisa mostrar seu valor em termos de consumo... De uma forma ou de outra -- e mesmo sendo esnobada pela turma das tradicionais picapes médias -- a Toro vende tanto quanto SUVs e, portanto, mais até que a Hilux: com quase 36 mil unidades até novembro, é líder do bem-bolado todo.

    Imagem: Murilo Góes/UOL
  • Duster Oroch no impasse

    Inegável: foi a Renault Oroch quem inaugurou o segmento de picapes "médio-compactas" no Brasil, em 2015. O problema é dar o passo seguinte. Se sobrou robustez e versatilidade, faltou conteúdo para convencer o público urbano a adotá-la. Câmbio automático só chegou em agosto e ainda assim na forma do antiquado 4-marchas. Opção 4x4 é sonho distante. Ainda assim, 10% do mercado já opta por este modelo, que bate L200, Amarok e até a Frontier atual.

    Imagem: Divulgação

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