Carros na Copa do Mundo

Fabricantes automotivas pegam carona num dos maiores eventos do planeta

Eugênio Augusto Brito, Andre Deliberato, Leonardo Felix, Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP)
Reprodução/TVUOL
Gero Breloer/Divulgação Gero Breloer/Divulgação

Vitrine mundial? Hora de aparecer!

Fabricantes de automóveis nunca jogam para escanteio a oportunidade de ver seus nomes estampados em lugares com visibilidade gigante. Considerada o maior evento esportivo mundial -- superando até mesmo os Jogos Olímpicos --, a Copa do Mundo começa em exatos sete dias e se traduz em excelente vitrine.

Marcas como Hyundai, Volkswagen, Mercedes-Benz, Volvo, BMW e até empresas que não são fabricantes, mas estão diretamente ligadas ao mundo dos carros -- como as petrolíferas Shell e YPF, ou a locadora de veículos Hertz -- são patrocinadoras de seleções nacionais ou de eventos ligados à Copa.

O grupo sul-coreano Kia-Hyundai, aliás, é parceiro oficial da Fifa desde 1999 e cede carros, vans e ônibus para a organização do evento desde a Copa de 2002. Na Rússia, a marca escolhida para "bombar" é a Hyundai, que vai cuidar do deslocamento de comitivas. 

Serão 530 veículos para transportar equipes nacionais, membros da comissão organizadora, árbitros, autoridades e convidados. Os modelos disponibilizados estão à venda na Rússia e incluem SUVs conhecidos pelo consumidor brasileiro: Santa Fe e Tucson estão lá, junto a modelos como i20 (no Brasil, o HB20 faz a função) e i30, além de 32 ônibus personalizados -- um para cada seleção.

Mas não é só na organização: há uma batalha intensa para ganhar a atenção (e as garagens) de jogadores e torcedores.

Neste especial, UOL Carros relaciona as principais investidas das fabricantes no cenário esportivo mundial, mostra carros dos craques da Seleção Brasileira e até os modelos mais vendidos nos países que participarão da disputa pela Copa. Há ainda nosso "Guia de Sobrevivência" para quem vai à Rússia e pensou em circular pelo país de carro. Confira, vibre e compartilhe!

Rafael Ribeiro/ CBF Rafael Ribeiro/ CBF

Vale patrocinar o Brasil? E a Copa do Mundo?

Pesquisa diz como torcedores enxergam as marcas no futebol

Olha a foto acima e responda o que há de errado. Pode pensar...

De fato, não há nada errado com a imagem em si, ela só não corresponde ao momento atual do futebol brasileiro. Até a Copa do Mundo de 2014, disputada aqui no Brasil, a Volkswagen era a marca com contrato vigente com CBF para ser a fornecedora oficial de veículos. Logo após a Copa, a General Motors assumiu -- daí a foto com Gilmar Rinaldi e Dunga (técnico no período) segurando camisas com a gravatinha dourada da Chevrolet estampada.

Tabelinha que durou pouco e não rendeu títulos, só uma série especial de carro (a Onix Seleção, de 2015). Agora, em 2018, a CBF e a Seleção Brasileira não têm qualquer patrocínio automotivo. Fontes afeitas à GM afirmaram a UOL Carros que "a imagem ruim da CBF nos últimos anos" foi motivadora do desinteresse.

Será isso mesmo? Será que outras empresas e outros times sofrem do mesmo problema? E a Copa em si?

"Fora de campo", a Hyundai ganha em convocações na boca do povo. De acordo com pesquisa do instituto de pesquisa pública Hello Research, acessada por UOL Carros em primeira mão, a fabricante sul-coreana é a marca automotiva mais bem posicionada quanto o assunto é Copa do Mundo.

No corpo a corpo, a Hello perguntou a 1.410 pessoas de todo o país (maiores de 16 anos, das classes A a C), na primeira semana de maio, se conheciam marcas patrocinadoras da Copa do Mundo da Rússia.

As respostas citaram quatro fabricantes automotivas: Hyundai teve 35% de palpites, levando de carona a Kia (20%), Toyota (20%) e Honda (16%), todas asiáticas. Nem Chevrolet, nem VW foram citadas pelas pessoas ouvidas.

Nenhuma das marcas citadas, obviamente, é patrocinadora da equipe de Tite, mas olha o potencial jogado dentro desse campo.

No resto do mundo -- ou do mundo que vai à Copa -- Volkswagen, Mercedes-Benz e Hyundai apostam na visibilidade das seleções nacionais. Veja o álbum a seguir. 

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"Seleção" da Audi

Pode olhar em nosso álbum especial com os carros dos jogadors da Seleção Brasileira. Superesportivos e SUVs dominam a lista de carrões dos jogadores de futebol convocados para a Copa do Mundo de 2018. Mas quem dá as cartas nessa convocação não é Tite, mas a Audi.

Considerando os bólidos pilotados pelos jogadores, a marca premium da Volkswagen coloca modelos importantes (como Q7 e R8) nas garagens de 11 atletas e desbanca Ferrari (três), Mercedes-Benz (dois), Land Rover (dois), Volkswagen e tá Bentley. 

Cabe ao SUVão tecnológico Q7 ser o mais popular, o craque sobre quatro rodas: Cássio, Filipe Luís, Paulinho, Casemiro e Philippe Coutinho usam o modelo, inclusive na configuração híbrida existente na Europa.

Se não existe, à venda no Brasil, uma carro oficial da seleção, é do Audi Q7 este "título moral" de carro preferido do selecionado.

Quando "Copa" vira nome

Marcas usam o mundial para vender carros no Brasil desde 1982

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2002: VW Gol Sport

No ano do pentacampeonato, a Volkswagen perdeu a chance de atrelar seu nome ao título. Naquele ano teve série especial, sim, era na cor amarela, sim, mas o carro era o Gol Sport, não Gol Copa. Bola fora...

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1994: GM Monza Club

Patrocinadora da Copa do Mundo, a Chevrolet lançou séries em três oportunidades. Os nomes, porém, eram esquisitos e não aludiam ao torneio. Em 1990 (Itália), foi o Kadett Turim; em 1994 (EUA), ano do tetra, o Monza Club; em 1998 (França), a série Champ.

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1982: VW Gol Copa

O pioneiro: em sua primeira geração, o Gol estreou a dinastia de carros convocados para uma Copa do Mundo. Além da cor metálica azulada, os detalhes faziam bonito: emblemas e manopla alusivos à bola. Voltaria aos gramados em 1994 e em 2006.

HB20 Copa do Mundo Fifa

Série da Hyundai brilha sozinha em 2018

Satbir Singh/Wikimedia Commons/Wikipedia Satbir Singh/Wikimedia Commons/Wikipedia

Guia de Sobrevivência de Carro na Rússia

Vai à Copa? Veja como dirigir por lá e voltar

Se você garantiu sua ida à Rússia, está contando os dias para a Copa do Mundo de 2018 e é motorista, deve estar tentando resolver uma última dúvida: vale alugar um carro para conhecer melhor algumas cidades durante o Mundial? Para ajudá-lo, UOL Carros percorreu 300 quilômetros nas estradas russas e também visitou todas as cidades em que o Brasil jogará: Rostov-no-Don, São Petersburgo e Moscou -- mais Samara e Kazan, que poderão fazer parte do itinerário da seleção nas fases finais.

Principal vantagem de estar de carro na Rússia: ganhar mais flexibilidade para organizar a viagem. Também se vê muito melhor o país do que pela janela de um trem, ônibus ou avião. Mas, é bom estar disposto para a grande desvantagem: guiar bastante entre uma cidade e outra -- afinal, o país é praticamente um continente. É verdade que a seleção brasileira escapou de sedes mais distantes, como Iekaterinburgo (1.784 km de Moscou) ou Kaliningrado (1.258 km, da capital russa, e duas travessias de fronteira burocráticas e demoradas). Mas ainda assim a quilometragem será considerável.

Como se preparar? Siga nossas dicas! (Aliás, tem indicação até para quem não quer dirigir, nosso item 10.)

1. Longa quilometragem ou longa espera no saguão?

Já para o primeiro jogo da seleção, contra a Suíça, dia 17 de junho, em Rostov-na-Donu, a viagem exigirá fôlego: são 1.095 km na estrada e quase 16 horas, nas contas do site francês "Via Michelin". É o equivalente a ir de carro de São Paulo às dunas de Itaúnas, no norte do Espírito Santo, percorrendo trechos de estradas ruins como as nossas.

Entre Rostov e São Petersburgo, onde o Brasil jogará sua segunda partida contra a Costa Rica, seis dias mais tarde, o percurso é maior ainda: 1.810 km, cerca de 26 horas e meia ao volante.

De São Petersburgo a Moscou, onde acontece o terceiro jogo da primeira fase, a rota é menor: 722 km, 12 horas e meia de viagem. Se ficar em primeiro no seu grupo, o Brasil jogará as oitavas de final em Samara, 1.065 km. Se seguir adiante as quartas de final serão em Kazan, igualmente distante.

Como as cidades da Rússia têm uma boa rede de transportes públicos, claro que dá para programar os deslocamentos por aviões, ônibus ou trens. Mas, fique de olho em algumas particularidades. Se você estiver viajando entre duas cidades russas que não sejam Moscou, o tráfego aéreo local vai te obrigar a fazer escala na capital quase sempre. E isso pode gerar longas esperas. Em 2017, torcedores chilenos que saíram de Kazan rumo a São Petersburgo, fizeram uma escala de 11 horas em um aeroporto moscovita. Ou seja, quase quatro vezes o tempo de um voo direto.

Se for alugar um carro, saiba que há locadoras de automóveis em Sheremetyevo e Domodedovo, os dois aeroportos internacionais. Para referência, a locação de um Volkswagen Polo Sedan (o modelo da geração anterior), durante 30 dias, para todo o período da Copa, custa cerca de US$ 2.400 (quase R$ 9 mil), com quilometragem de 9.000 km, sem taxa adicional. Uma minivan Hyundai H1, na faixa dos US$ 2.800 (R$ 10.300) pelo mesmo período.

2. Documentos e equipamentos obrigatórios

A carteira de habilitação brasileira vale na Rússia durante 60 dias. Se você não tiver carteira internacional, para mostrar junto com o documento, peça para a locadora providenciar a tradução da sua CNH para o russo. 

Quando for dirigir, nunca deixe de levar com você, seu passaporte, a folha de migração, que lhe foi entregue no aeroporto, documentos do carro e a papelada do seguro dele. Apesar de idade mínima para conduzir na Rússia ser 18 anos, como no Brasil, só quem tem 25 anos ou mais pode alugar um veículo por lá.

Ter o telefone com chip de uma empresa de telefonia russa (como a MTS, MegaFon ou Beeline) é fundamental, principalmente para resolver situações de emergência. Mesmo em locais com wi-fi gratuito (como shopping-centers ou lanchonetes, como o McDonald’s, por exemplo) o código de acesso é obtido com o envio de uma senha para o número russo. Conselho: desembolso o equivalente a R$ 17 e obtenha um chip local.

Seja alugado ou emprestado, seu carro deve rodar com triângulo de emergência, kit de primeiros socorros, extintor de incêndio e lâmpadas sobressalentes. Uso do cinto de segurança por todos os ocupantes do carro também é obrigatório por lá. Como aqui, motociclistas e acompanhantes devem usar capacetes se estiverem rodando sobre duas rodas. Pelas leis de trânsito russas, crianças com 12 anos e menos não podem viajar sentadas no banco dianteiro.

É fundamental o carro ter navegação por GPS no carro, para encontrar os caminhos sem embaralhar-se com as placas em cirílico. Se não tiver o equipamento calibrado com mapas de ruas e estradas da Rússia, as locadoras do país alugam o equipamento. Cobram cerca 200 rublos por dia (equivalentes a R$ 11 diários), um investimento que vale cada centavo.

3. Caos no trânsito

Se vai e acelerar pela Rússia, saiba que dirigir por lá é desafiador. Primeiro obstáculo: as placas de trânsito estão escritas em outro alfabeto, o cirílico.

Nas grandes cidades, como Moscou, o trânsito é confuso e engarrafado. A situação fica ainda pior entre 7h e 9h da manhã e 16h e 19h, no horário de pico. Vale para Moscou e São Petersburgo, mas também para cidades menores, como Kazan, Samara e Rostov. Nelas, muita atenção às ruas com trilhos de bondes. Cuidado redobrado também para não circular pela faixa exclusiva dos ônibus em Moscou e outras cidades. Nem sempre a sinalização é clara -- faixas de ônibus são apenas pintadas no chão, sem tachões ou vias segregadas. Mas se você for flagrado, a multa é certeira.

São permitidas também conversões com mais liberdade do que no Brasil, o que pode confundir quem estiver ao volante. 

Seja no trânsito urbano ou nas estradas, fique sempre ligado aos limites de velocidade: 20 km/h a 60 km/h nas cidades; entre 90 km/h e 110 km/h nas rodovias. Nos últimos anos, os radares e controles de velocidade feitos por policiais tornaram-se muito frequentes na Rússia.

Ao sair da capital, prepare-se para ter paciência de monge, já que a cidade é uma das mais congestionadas do planeta. Isso apesar de ser bem planejada, com anéis viários cruzando o seu território. Há ainda o pavimento: nas imediações da capital russa, as rodovias são boas. Mas, à medida que Moscou fica mais distante, multiplicam-se os trechos de asfalto irregular, os buracos aparecem e as estradas ficam cada vez mais estreitas. Além disso, existem muitas obras pelo caminho. 

Pedágios são raros no país da Copa 2018. Mas, é recomendável ter rublos com você para pagá-los.

Como a Copa do Mundo acontecerá durante o verão do hemisfério norte, um dos pesadelos de brasileiros ao volante por lá --  a neve -- não dará o ar de sua graça. O mesmo não vale para a chuva, que poderá cair, principalmente entre São Petersburgo e Moscou.

4. Ansiosos e violentos

Como no Brasil, não faltam condutores imprudentes pelo caminho. Se ainda duvidar, basta conferir qualquer vídeo de trânsito russo no YouTube: sandices variadas são cometidas pelos russos ao volante, que muitas vezes estão sob efeito de bebidas alcoólicas. O temperamento deles já foi definido por Dimitri Medvedev, atual primeiro-ministro russo, como "indisciplinado e criminoso".

Neste ambiente imprevisível, tudo pode acontecer: fechadas, freadas bruscas, acelerações repentinas, colisões propositais... Não por acaso, uma das modas entre quem dirige um carro na Rússia é ter uma câmera no carro, filmando tudo ao redor. (Isso também explica a quantidade de cenas exibidas no YouTube).

De fato, as estradas do país da Copa de 2018 estão entre as mais mortais do planeta, com, aproximadamente, 200 mil acidentes de trânsito. Segundo os dados mais recentes da OMS (Organização Mundial de Saúde), de 2015, 27.025 pessoas morreram nestas colisões ou atropelamentos. Dá uma média de 19,1 mortos por 100 mil habitantes. 

OK, é uma taxa menor do que a do Brasil, onde o trânsito é ainda mais violento (23,4 vítimas por 100 mil habitantes). Mas, representa quase o dobro da mortalidade do trânsito nos Estados Unidos e cerca de quatro vezes mais do que a de países europeus, como a Alemanha e a França. 

Cautela e bom senso serão, sempre, seus itens obrigatórios no trânsito russo, certo?

5. Tolerância "quase zero" para as bebidas

A vodka russa é considerada uma das melhores do mundo e a cerveja russa é boa e barata. Mas, se for dirigir por lá, fique longe do álcool. Desde agosto de 2010, a tolerância ao álcool ao volante é quase zero. Para ser mais exato admite-se 0,16 miligrama dele em um litro de ar exalado ou 0,35 grama no sangue do condutor.

Se não quiser ter problemas, fique longe da birita se for conduzir. Estrangeiros não estão livres de punições e elas podem incluir até algumas horas atrás das grades, proibição do direito de dirigir no território russo, multas e ter o carro guinchado.

6. Radares (não tente burlar as autoridades)

Muitos russos rodam pelas estradas com detectores de radares. No ano passado, sentado no banco do motorista, em uma viagem de 815 quilômetros, entre Moscou e Kazan, entrei em um carro com este dispositivo. Me senti dentro de um fliperama, tal era a quantidade de ruídos esquisitos que ele emitia a cada radar encontrado.

Pode ser uma boa para muitos russos, mas não aconselho que você caia nessa. Obviamente, estes equipamentos são ilegais no país e, além de multa pesada, ter um deles no carro pode render a você uma acusação de espionagem. Algo gravíssimo para um turista, claro.

Estas engenhocas eletrônicas não são o único exotismo no trânsito local. Não estranhe se pelo seu caminho cruzar com veículos com o volante à direita. A extremidade oriental do território da Rússia fica relativamente próxima do Japão.

Assim, em vez de comprar automóveis russos, muitos preferem importar carros usados -- e mais equipados -- do país vizinho. Ainda que mais raros na parte europeia da Rússia, estes automóveis de vez em quando aparecem pelo caminho -- e rodando pela faixa da direita, o que não é regra em países com esta mão de direção. Claro que a visibilidade deles fica prejudicada. 

Na Rússia, tal como no Brasil, usar as mãos para falar ao telefone pode render multa. Sistema viva-voz é permitido. Como acontece por aqui, desde o ano passado, mesmo durante o dia, é obrigatório circular com os faróis acesos. Procure rodar com seu carro sempre limpo. Veículos com placas de trânsito sujas podem pagar multas entre 800 e 2.000 rublos (algo entre R$ 50 e R$ 120), dependendo do seu estado. 

Se for abordado por um guarda de trânsito, mantenha a calma. A menos que o policial lhe peça para descer do veículo, fique no seu interior e obedeça às suas ordens. Tenha os documentos ao seu alcance e sob nenhuma hipótese, ofereça propina. Na Rússia, o pagamento das multas, ainda que exigido no ato, deve ser feito pelo sistema bancário, com cartão. Pagar em dinheiro, portanto, é considerado ilegal.

Só que na realidade, as coisas podem ser diferentes. Segundo a organização não-governamental "Transparência Internacional", assim como no Brasil, a corrupção é endêmica na Rússia. Não ser extorquido é outra justificativa para a câmera onipresente nos carros.

Aliás, um terço dos russos considera a polícia de trânsito como a instituição  mais corrupta daquele país. De acordo, com correspondentes estrangeiros a propina é tabelada: custa a partir de 5 mil rublos (aproximadamente R$ 300), independente da causa da infração.

7. "Indústria da multa" à moda da casa

Falando em autoridades, vamos a outro assunto polêmico. Na Rússia, parar o carro em local proibido (locais demarcado com placas, perto de paradas de ônibus ou nas faixas pintadas de amarelo) é pedir para ele levar multa. Em Moscou, cometer este tipo de penalidade pode custar 3 mil rublos (cerca de R$ 176). 

Pior ainda, veículos em infração podem ser guinchados, sem piedade. Adicione-se uma quantia adicional entre R$ 176 e R$ 411, dependendo da potência do veículo. Se isso acontecer com você, telefone para o número +7 495 539 5454 -- o número do Departamento Público de Transportes. 

Andar com o carro sujo também dá multa. De fato, a infração diz respeito às placas, que precisam estar visíveis. Mas denúncias apontam que policiais se aproveitam do desconhecimento geral das leias para multar qualquer carro mais sujo -- algo fácil de ocorrer no inverno ou mesmo no período mais quente, quando chove. 

Acontece que os policiais de trânsito moscovitas e os motoristas em geral andam cada vez mais intolerantes uns com os outros. Segundo o jornal "Moscow Times", no ano passado, apenas nos limites de Moscou, foi arrecadado o equivalente a US$ 385,6 milhões em multas de trânsito. Mas eles se entendem -- você, que é turista, precisa ficar esperto e evitar confusão.

8. A gincana do estacionamento

Certo, agora você está confuso sobre onde e como parar seu carro. De fato, estacionar um automóvel no centro de Moscou ou São Petersburgo é complicado. Vagas nas ruas são poucas, quase não há estacionamentos públicos e, quando existem, os parquímetros têm instruções em russo – e escritas em cirílico. Nem pense em deixar o carro em qualquer lugar. Guardas não pensam duas vezes em multar -- ou guinchar -- veículos em situação irregular, como apontado.

Além disso, se encontrar uma vaga, ainda assim é preciso ter cuidado para estacionar seu carro sempre do lado direito da via, se ela tiver duas mãos, com a frente virada para o sentido do trânsito. Parar do lado esquerdo é tolerado apenas em ruas com sentido único e se não houver placas indicando a proibição ou linhas de bonde. Colocar o carro em cima das calçadas raramente é permitido na Rússia. Estacionar a menos de 5 metros de cruzamento não é tolerado.

Assim, é bom estar com o espírito zen, na hora de estacionar em Moscou, São Petersburgo e qualquer uma das cidades que receberão as partidas da Copa 2018. Há poucos estacionamentos pagos (como os que existem na região da Praça da Revolução -- a Ploshad Revolutsii --  ou na rua Tverskaya). Dependendo da região da cidade, o preço pode variar de 40 a 200 rublos (entre R$ 2,30 e R$ 12), por hora. Alguns terminais aceitam cartões de crédito.

A outra opção é estacionar o seu carro nas imediações das estações de metrô. Seu veículo pode ficar de graça, o dia todo, das 6h às 21h, desde que você possa mostrar dois trajetos de metrô efetuados (ou seja, mantenha seus bilhetes de metrô usados). Se você não tiver as passagens, o preço do estacionamento é de 50 rublos (R$ 3) por hora. Paga-se 100 rublos (R$ 6) por toda a noite, independentemente das horas.

9. Não rode na reserva. Se der, use  carro a diesel

A Rússia é uma grande produtora de petróleo. Boa notícia na hora de abastecer, portanto. O litro da gasolina custa cerca de 40 rublos (equivalente a R$ 2,30). No Brasil, além de ter 27% de etanol -- e render menos -- o litro dela custa R$ 4,20. O preço do diesel russo sai ainda mais em conta: 39,50 rublos (algo como R$ 2,27, ou seja, quase 50% mais barato do que o brasileiro).

Outra vantagem da gasolina russa é que ela é vendida com maior octanagem do que a nossa. Se puder, prefira a com 95 octanas. Melhor ainda se você puder alugar um veículo movido a diesel, que, além do mais, tem autonomia bem maior.

Seja qual for o combustível com o qual você rode pela Rússia, uma dica: nunca ande com o tanque quase vazio. Certamente, na época da Copa do Mundo, a procura para reabastecer será maior do que a de costume. Filas longas e mesmo falta de gasolina e diesel estarão no radar, principalmente nas estradas fora da rota Moscou-São Petersburgo. Além de cartões de crédito, procure também carregar rublos na sua carteira. Apesar do pagamento eletrônico ser comum na Rússia, há postos que ainda teimam em não aceitar cartões.

Entre Moscou e São Petersburgo, os postos de gasolina têm boa estrutura, com restaurantes ou lanchonetes para comer. Para Rostov-on-Don, Samara e Kazan, este serviço é mais escasso e pior quando o assunto é qualidade.

10. Não quer, não dirija (e aproveite o metrô mais bonito do mundo)

Ficou com medo de guiar ou não quer se estressar ao volante na Rússia? Não dirija, sem problema.

Em Moscou e nas outras cidades da Rússia é cerca de 40% mais barato usar aplicativos do que táxis. O Uber está bem implantado naquele país, onde se uniu ao Yandex, a empresa de tecnologia local que nasceu como rival do Google e diversificou os seus negócios. Como os russos ficaram com 59% da operação e têm cerca de 200 mil motoristas parceiros, melhor baixar no seu smartphone o aplicativo da companhia. 

Ela opera com cinco categorias de veículos: "econômico" (bandeirada a partir de 99 rublos), "confortável" e "confortável plus" (a partir de 199 rublos), "business" (a partir de 299 rublos), e "minivan" (a partir de 399 rublos). 

Também é bom ter instalado no seu celular o aplicativo da Gett (também conhecida como GetTaxi), que também é eficiente e aceita pagamentos com cartões de crédito Visa e MasterCard, assim como a Yandex e o Uber.

Mas o melhor, neste caso, é usar a rede de transportes públicos. Inaugurada por Josef Stalin, em maio de 1935, a rede do metrô moscovita tem 314 quilômetros de extensão, catorze linhas, 214 estações, por exemplo. Algumas delas, estão entre as mais opulentas do mundo, com mármore, candelabros e estátuas que exaltam os heróis e as glórias dos tempos da União Soviética. Apesar de uma ou outra placa de sinalização escrita em alfabeto latino, é bom ter noções de cirílico e conhecer alguns macetes da rede do metrô para não se perder.

Em Moscou, cada linha tem uma cor definida. Na hora de fazer uma conexão, siga as placas com essa cor. Outra dica: algumas estações têm mais de um acesso, estude antes qual é o mais adequado para você. Pode fazer uma boa diferença na hora de andar pelo emaranhado de túneis e encontrar o seu endereço.

Circular pelo metrô de Moscou é seguro. Mas fique de olho em São Petersburgo, onde gangues podem atacar turistas nas plataformas, no momento em que as portas dos vagões se abrem. Isso já aconteceu comigo, há seis anos. Em segundos, fui cercado e meus bolsos vasculhados por seis bandidos. Por sorte, perdi apenas um dicionário português-russo.

Em Moscou, o bilhete unitário custa 55 rublos (cerca de R$ 3,20) por trajeto e quase sempre permite conexões no metrô. Uma boa maneira de economizar é comprar um "Troika Card", cartão recarregável, que serve para o metrô e ônibus. Comprá-lo custa 50 rublos (R$ 2,94), mas, em compensação, uma vez abastecido com créditos, cada viagem feita com ele custa apenas R$ 2,05.

Para viagens pelos trilhos, é bom sempre verificar a duração do trajeto, que também pode ser demorada. O mesmo vale para ônibus interurbanos, com o agravante que os terminais rodoviários muitas vezes são distantes. Chegar até eles, nem sempre é fácil.

Outra alternativa pode ser compartilhar trajetos pelo aplicativo BlaBlaCar, que tem uma versão russa. Funciona. Mas, é imprescindível ter um telefone com chip local e saber combinar direito o local do ponto de encontro e desembarque, para não ficar na mão ou em apuros. Neste caso, ter um carro parece opção imbatível em termos de flexibilidade e organização dos horários.

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